Moça com brinco de
pérola é baseado no livro lançado em 1999, da escritora Tracy Chevalier.
(que vendeu mais de dois
milhões de exemplares logo quando foi lançado), no qual tenta desvendar a jovem
moça retratada na tela do pintor holandês Johannes Wermeer.
Como disse Bachelard, “ o que
se vê não pode se comparar ao que se imagina”. Vale numa tela a imaginação que
ela provoca. Por isso, muitas pessoas de vista perfeita nunca viram um quadro,
embora o tenham visto. Falta-lhes imaginação.
Em pleno séc XVII, vive Griet
(Scarlett Johansson), uma jovem camponesa-holandesa que, devido as dificuldades
financeiras é obrigada a trabalhar como criada na casa do artista plástico (
famoso pintor Johannes Weermer (Colin Firth).
Aos poucos Weermer começa
notar o interesse daquela garota analisando suas obras, entrando numa
intimidade que só a ele pertencia. Há neles
um encontro de almas que são tocados pela beleza da luz e sombra, do falar
baixo e olhar profundo sem necessidade de muitas palavras, apenas da
contemplação com o belo e com o que está
implícito. No meio do envolvimento puro dos dois estavam os sentimentos mesquinhos
da esposa, filha, amigos e colegas de trabalho. Por isto que esta relação
incomoda a todos, pois há entre ambos a apreciação ao belo.
Aos poucos Wermeer começa a prestar a atenção
na jovem de apenas 17 anos, e passa a treiná-la no preparo das tintas. Ela tem
um natural olhar crítico, parecido com o dele, e o pintor a deixa opinar em seu
trabalho, nascendo entre eles uma cumplicidade que vai gerar intrigas e
rumores.
Griet antes de estar na casa de um pintor, o
próprio pai já a havia motivado esta plasticidade. Primeiro, a esposa pede para Griet ao chegar ao
atelier:
“Deixe tudo como está. Não tire nada do lugar.
“ porém há um momento muito peculiar no qual ela pergunta se pode limpar as
janelas, e a esposa responde com toda ignorância : “Não precisa me perguntar
este tipo de coisa” , logo Griet responde: “É que pode mudar a luz”.
Esta resposta faz
transparecer a sensibilidade de uma criada protestante e analfabeta que se
destaca por sua inteligência e perspicácia.
O
ator Tom Wilkinson interpreta o mecenas Van Ruijven que compra diversos quadros
de Wermeer e que, encantado pela beleza de Griet, pede ao pintor que a use como
modelo para o próximo quadro. A única que realmente auxilia na concretização
dessa obra é a sogra de Wermeer, pois ela é a pessoa que administra as finanças
da casa e percebe que o trabalho do pintor evoluiu após Griet residir com a
família.
O clímax do filme
acontece quando ele fura sua orelha para colocar os brincos da esposa. Pura
sensualidade...
A partir deste
momento desperta nela o desejo sexual, que busca ser acolhida pelo namorado, já
que percebia ser impossível, talvez, aquela relação.
A
história é ficção mas merece análise profunda pois retrata, por exemplo, os
costumes de uma época. "O retrato desta família do século XVII europeia. Mostra
claramente a diferença das classes sociais na Europa e a mente fechada e
mesquinha da elite. O quadro "Vista de Delft", de Wermeer, foi
chamado “o primeiro quadro impressionista da pintura europeia”, pela sua
atmosfera. Quando pediram a Marcel Proust sua opinião sobre este quadro, ele
respondeu: “É o quadro mais belo do mundo” e chorou, tamanha a sensação que
teve ao ver reproduzido numa tela a realidade sem o uso de máquinas. Vale a
pena assistir mais de uma vez para se ter uma observação mais detalhada da
riqueza desse trabalho.
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