Com a alma sensível, muito à frente de seu tempo, Drummond já antecipava
os fatos. O rio que até o nome leva DOCE, torna-se amargo e difícil de degustar
os horrores de uma tragédia. Em 1984, Carlos Drummond de Andrade
publicou no jornal Cometa Itabirano o poema “Lira Itabira”. Mais uma barragem é rompida, quantas mais veremos romper em cima de uma população inocente e desprotegida? O poema é uma
denúncia e ainda permanece tão atual. Tanta falta de sensibilidade!!! Em Brumadinho, um pouco de nós se foi também. Muita dor...
“O Rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
A dívida interna
A dívida externa
A dívida eterna
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
A Vale? Amarga.
Ai, antes fosse
Mais leve a carga.
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
A dívida interna
A dívida externa
A dívida eterna
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
"O desastre provocado pela omissão do poder público e pela
Samarco, controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, é tão
grave que ainda não dimensionamos os danos, mas sabemos que amargaremos suas
consequências por décadas. Além da catástrofe humana, a lama destruiu biomas e
pode provocar a extinção de espécies animais e vegetais. Sem falar que, em
tempos de crise hídrica, o crime ameaça a existência do rio Doce. Inicialmente,
o abastecimento de 11 cidades está comprometido."
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