Como poderia deixar de lembrar de Dona Ivone!!! Figura que nos enriqueceu culturalmente e militou bastante por várias causas!!! Siga em pazzz!!!!
"No dia 13 de abril de 2018, data em que completou 96 anos de idade, foi internada com um quadro de anemia, precisando receber doações de sangue. Três dias depois faleceu por insuficiência cardiorrespiratória. Seu corpo foi velado na quadra do Império Serrano.
Cantora. Compositora. O pai, João da
Silva Lara, era mecânico de bicicletas, além de violonista e componente do
Bloco dos Africanos. D. Emerentina, a mãe, era pastora do Rancho Flor do
Abacate. Aos seis anos de idade, ficou órfã de pai e mãe, sendo internada
por parentes no Colégio Orsina da Fonseca, no bairro da Tijuca, Zona Norte do
Rio de Janeiro, onde permaneceu até os 17 anos.
Aos 12 anos, foi presenteada
pelos primos e futuros parceiros, Hélio e Fuleiro, com um pássaro
"Tiê-sangue". O nome do pássaro e a expressão "Oialá-oxa",
herdada da avó moçambicana, serviram de inspiração para o primeiro samba
composto: "Tiê, Tiê". Admirada por suas professoras de música no
colégio, Lucília Villa-Lobos, esposa do maestro Villa-Lobos e Zaíra Oliveira,
primeira esposa de Donga, foi indicada para o Orfeão dos Apinacás, da Rádio
Tupi, cujo regente era Heitor Villa-Lobos.
Saindo da escola, foi morar na casa
de seu tio Dionísio Bento da Silva, que tocava violão de sete cordas e fazia
parte de grupo de chorões que reunia Pixinguinha e Donga, entre outros. Com o
tio, aprendeu a tocar cavaquinho. Seu primo, Mestre Fuleiro, também foi um dos
fundadores da Império Serrano em 1947, ano em que Dona Ivone Lara mudou-se para
Madureira e começou a freqüentar a Escola de Samba Prazer da Serrinha, mesma
época em que começou a compor sambas para esta escola.
Casou-se, aos 25 anos,
com Oscar Costa, filho de Alfredo Costa, presidente da Escola de Samba Prazer
da Serrinha. Nesta época, passou a freqüentar a Escola, onde aprimorou seus
dotes de sambista e conheceu os amigos Aniceto, Mano Décio da Viola e Silas de
Oliveira, que mais tarde seriam seus parceiros em algumas composições. Com a
fundação do Império Serrano, em 1947, passou a desfilar pela verde e branco de
Madureira. Tornou-se enfermeira, formando-se logo depois em Assistente Social.
Especializou-se em Terapia Ocupacional, dedicando-se a trabalhos em hospitais
psiquiátricos, tendo trabalhado no Serviço Nacional de Doenças Mentais, com a
doutora Nilse da Silveira.
Em 1965 ingressou na Ala de Compositores do Império
Serrano e compôs, com Silas de Oliveira e Bacalhau, o clássico "Os cinco
bailes da história do Rio". A partir de 1968 passou a integrar a Ala
das Baianas.
Aposentou-se no hospital em 1977, passando a dedicar-se,
exclusivamente, à carreira artística. Em agosto de 2002, recebeu o "Prêmio
Caras de Música", na categoria "Melhor Disco de Samba", com o CD
"Nasci para sonhar e cantar" e, neste mesmo ano, foi a vencedora do
Prêmio Shell de MPB, tendo recebido o prêmio pelo conjunto de sua obra em
grande festa do samba, no Canecão, no Rio de Janeiro, cujo roteiro-convite foi
apresentado por Ricardo Cravo Albin, um dos cinco jurados que lhe deram o
prêmio por unanimidade. Sobre ela, Túlio Feliciano, diretor do show no Canecão,
deu depoimento ao jornal O Globo: "Ela é a síntese do samba. Tem o ritmo
dos tambores do jongo e a riqueza melódica e harmônica do choro. Em seu canto
intuitivo está um pouco da África e do negro americano".
No ano de 2006 a
jornalista Mila Burns (esposa de Marcelo Camelo do grupo Los Hermanos) defendeu
a dissertação de mestrado em antropologia social "Nasci para sonhar e
cantar" no Museu Nacional/UFRJ, tendo na banca Santuza Naves, Hermano
Vianna, Aparecida Vilaça e Yvone Leite, sob orientação de Gilberto Velho. Na
dissertação analisou as diferentes fases da vida da compositora (da infância à
terceira idade) com base em depoimentos da própria Dona Ivone Lara, sambistas,
amigos e familiares.
Em 2008 prestou depoimento ao Museu da Imagem e do Som.
Nesta segunda parte de seu depoimento, a primeira parte foi no ano de 1978, a
cantora/compositora foi entrevistada por Adelson Alves, Hermínio Bello de
Carvalho, Marília Trindade Barbosa e Rachel Valença, em mesa coordenada por
Rosa Maria Araújo, presidente do MIS. Foi homenageada pela GRES Império Serrano
com o enredo do carnaval de 1012 “Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba”, cujo
samba campeão foi composto por Arlindo Cruz, Tico do Império e Arlindo Neto."
O texto acima foi retirado do Dicionário MPB.
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