quinta-feira, 19 de abril de 2018

GIBRAN : CASAMENTO



       
        Mais uma excelente palestra da Professora Lúcia Helena sobre o casamento, segundo o poeta       Gibran.   Como sempre, ela faz uma análise profunda de conteúdos e valores que nos fazem repensar  sobre esses sentimentos tão nobres, como : amor, afeto, respeito, confiança.. Casamento, casal, casales, vem do latim que significa: o lugar onde você constrói uma casa. Esposo vem de espondere que é consagrar através do sagrado.
    Então, Almitra falou novamente e disse:
    E que nos dizes do matrimônio, mestre?
    E ele respondeu dizendo:
    Vós nascestes juntos e juntos permanecereis para todo o sempre.
     
         Segundo Platão , há três maneiras de nos unirmos a uma outra pessoa.
1-        SOMA- é a união pela parte física, densa. Você pode se unir a uma  outra pessoa só por instinto. Hoje nós evoluímos tanto na tecnologia, mas no aspecto humano, segundo a visão platônica, retrocedemos, pois estamos no auge do amor físico. O uso do outro para te proporcionar prazer.
              2- PSIQUÊ- É a união através de afinidades psicológicas, gera união mais duradoura     do que  a do SOMA.  Há 100, 150 anos atrás, tínhamos o amor romântico, psicológico.
             3- NOUS- A união dar-se através de elementos internos, como: valores, sabedoria, virtudes, justiça, fraternidade, bondade...
               As afinidades psíquicas que são esse : "gosto"; "não gosto", não são iguais nem em relação a nós mesmos em outro momento da vida. Será que gostamos das mesmas coisas que gostávamos há 10  anos atrás? Se o casal não tem o ideal em comum, o gosto dos dois vai mudando em direções diferentes.
               Nos unimos ao outro através de elementos que são internos: valores, sabedoria, virtudes, justiça, fraternidade, bondade...
               À medida que eu for vivendo e buscando a bondade, eu me torno mais bondosa e ele também. À medida que eu for vivendo  e busco a fraternidade, me torno mais fraterna, e ele também.
               Quando você diz: “o que Deus uniu , o homem não separará” é porque esse divino sobrevive à morte do corpo. Por isso que Platão dizia: “ O amor é eterno”. Quando não é eterno, não é amor. Ele une 2 coisas que são eternas, que nasceram juntas; ele é uma constatação da unidade. É como se fosse a recuperação da unidade na multiplicidade. Eu encontrei um pedacinho do quebra-cabeça. Porque o universo é uno. Temos de realizar esta unidade (união de coração) em algum momento, porque dizem que todo o Universo tem de ser unido através do amor. Um dia terá de ser assim. A gente quando estiver diante da morte, irá verificar: àqueles que consegui amar, missão cumprida; os que não consegui, débito.
                
               Juntos estareis quando
               as brancas asas da morte
               dissiparem vossos dias.
               Sim, juntos estareis
               até na memória 
               silenciosa de Deus.
            É como se vocês considerassem que o NOUS, aquilo que você juntou, não se separa
     mais. A experiência que realizam na Terra para buscar isto, tem de ser individual;   compartilhada, mas cada um criando a sua.
          Tem uma passagem de Gibran com Mary que diz: “Querida Mary, eu sou um cidadão muito teimoso, tem certas coisas que todo mundo pode dizer e eu nunca vou acreditar, uma delas é que eu não tenho uma alma. A segunda é que minha alma possa ser separada da tua.”
            E isto não era teoria, quando ele morre e ela vai ao enterro, as pessoas ficam surpresas, porque o rosto dela era leve. Ela sentia que não o tinha perdido. Como poderia perder? Ela tinha uma sensação que estava unida a ele num plano que ninguém nem nada podia separar.
             Platão diz que aqueles que amam deveriam chamar o Deus “Efestos” para que fundissem as suas almas numa só; que recuperasse aquela união de alma. Um dia, estaremos unidos no coração de Deus, na memória silenciosa de Deus.

               Mas que haja espaço na vossa junção.
               E que os ventos do céu dancem entre vós.
      
Alguns dizem : “Você é tudo o que eu preciso para ser feliz!” Sabe o que é tudo que você precisa? Você mesmo. O outro pode caminhar junto com você, mas você não pode substituir tua coluna vertebral por uma bengala. Você não pode buscar fora, algo que você só pode encontrar dentro. Ele pode caminha junto, mas ele não pode dar a você, você mesmo.
Essa fantasia, faz com que diante da convivência, haja uma decepção.
     Minha avó falava: “ minha filha, sabe qual é o jeito mais rápido de curar a paixão por alguém? Casa com ele(a).” Porque se você não casa, a fantasia pode alimentar a paixão por toda vida. A convivência torna inviável a fantasia, porque fica o que é real.

      Amai-vos um ao outro,
      Mas não fazei do amor
      Um grilhão.
      Que haja antes um mar ondulante,
      entre as praias de vossas almas.
         
           É como se você imaginasse que cada ser humano é uma gota d’água buscando o oceano, buscando a unidade. Você pode ajudar a outra gota d’água a caminhar junto com você, mas não pensem que vão fundir uma gota na outra e abrir mão do oceano; isto vocês não estão sendo úteis um ao outro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POEMA: PROMESSAS DE UM MUNDO NOVO - THICH NHAT HANH

Prometa-me Prometa-me neste dia Prometa-me agora Enquanto o sol está sobre nossas cabeças Exatamente no zênite Prometa-me: Mesmo que eles Ac...