sábado, 28 de abril de 2018

LIVRO INFANTIL : A PARTE QUE FALTA





         Na próxima semana , iremos nos reunir com o grupo de literatura para refletirmos sobre o livro “ A parte que falta” do poeta e cartunista americano Shel Silvestein.
Antes gostaria de agradecer ao grupo a importância destes encontros, pois a literatura, assim como as pessoas que fazem parte do mesmo nos revigoram, nos fortalecem , nos renovam as forças e as esperanças.
         O livro  traz uma temática bastante recorrente do nosso cotidiano “a parte que falta” em cada um de nós. O personagem principal está em busca da parte que lhe  falta, e na verdade, quando ele pensa que encontrou, outras partes começam a faltar.
        Há muitos anos compreendi que nunca teremos tudo, logo, tento não complicar e exigir  tanto da minha existência, pois a nossa incompletude é óbvia!!
        Quando estamos nesta viagem, chamada VIDA, onde estamos sempre em busca de algo que nos complete, é lógico que isto é angustiante. Deixamos de viver as etapas de forma intensa e tranqüila. Isto não quer dizer que eu esteja completa. NÂO!!!!! Talvez esta postura que tomo seja uma defesa, pois tenho muitasss faltas, mas tenho de deixar várias brechas na alma.
        Vejo muito as pessoas falarem: “Ah..em determinado tempo, (sempre remetendo ao passado) “eu era feliz e não sabia!!!”   Como assim? Quer dizer que só no passado você foi feliz? Hoje não é mais? E nem tenta ser ? Poupe-me.... Sei que viver é muito difícil, mas hoje busco mais a minha completude emocional do que qualquer outra. Se eu não estiver bem comigo emocionalmente, não estarei com os meus vizinhos, amigos, parentes...e por aí vai...
       Os livros infantis da minha infância, sempre transmitiram valores como: “...e viveram felizes para sempre..” quando na verdade, a vida não é bem assim! Não há garantias de felicidade. Este ideal de felicidade é o que torna a vida cheia de angústia. E a vida é cheia de contradições: um dia chove, outro faz sol; um dia você ganha, outro você perde...
Isto não quer dizer que não existam casais que vivem bem; na minha geração conheço poucos, mas os admiro e tenho maior afeto por eles. Vejo neles muita maturidade, renúncia e resiliência.
       A nossa inquietude, que é constante, tem de ser abrandada. Não existe felicidade plena. Primeiro, temos de nos encontrarmos para não sofrermos e não exigirmos tanto de nós mesmos. Por último, termino com  um fragmento do poema de Fernando Pessoa:

"Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, 
Nunca foi senão príncipe ­ todos eles príncipes ­ na vida...  Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;  Que contasse não uma violência, mas uma cobardia!  Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.  Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? 
Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo? "


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