Na próxima semana , iremos nos
reunir com o grupo de literatura para refletirmos sobre o livro “ A parte que
falta” do poeta e cartunista americano Shel Silvestein.
Antes gostaria de agradecer ao
grupo a importância destes encontros, pois a literatura, assim como as pessoas que
fazem parte do mesmo nos revigoram, nos fortalecem , nos renovam as forças e as
esperanças.
O livro traz uma temática
bastante recorrente do nosso cotidiano “a parte que falta” em cada um de nós. O
personagem principal está em busca da parte que lhe falta, e na verdade, quando ele pensa que
encontrou, outras partes começam a faltar.
Há muitos anos compreendi que
nunca teremos tudo, logo, tento não complicar e exigir tanto da minha existência, pois a nossa
incompletude é óbvia!!
Quando estamos nesta viagem,
chamada VIDA, onde estamos sempre em busca de algo que nos complete, é lógico
que isto é angustiante. Deixamos de viver as etapas de forma intensa e tranqüila.
Isto não quer dizer que eu esteja completa. NÂO!!!!! Talvez esta postura que
tomo seja uma defesa, pois tenho muitasss faltas, mas tenho de deixar várias
brechas na alma.
Vejo muito as pessoas falarem: “Ah..em
determinado tempo, (sempre remetendo ao passado) “eu era feliz e não sabia!!!” Como assim?
Quer dizer que só no passado você foi feliz? Hoje não é mais? E nem tenta ser ?
Poupe-me.... Sei que viver é muito difícil, mas hoje busco mais a minha
completude emocional do que qualquer outra. Se eu não estiver bem comigo
emocionalmente, não estarei com os meus vizinhos, amigos, parentes...e por aí
vai...
Os livros infantis da minha
infância, sempre transmitiram valores como: “...e viveram felizes para sempre..”
quando na verdade, a vida não é bem assim! Não há garantias de felicidade. Este
ideal de felicidade é o que torna a vida cheia de angústia. E a vida é cheia de
contradições: um dia chove, outro faz sol; um dia você ganha, outro você
perde...
Isto não quer dizer que não
existam casais que vivem bem; na minha geração conheço poucos, mas os admiro e
tenho maior afeto por eles. Vejo neles muita maturidade, renúncia e
resiliência.
A nossa inquietude, que é
constante, tem de ser abrandada. Não existe felicidade plena. Primeiro, temos
de nos encontrarmos para não sofrermos e não exigirmos tanto de nós mesmos. Por
último, termino com um fragmento do poema
de Fernando Pessoa:
"Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe todos eles príncipes na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse
não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma
vez foi vil?
Arre, estou farto
de semideuses!
Onde é que há gente no mundo? "
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