Uma coisa é o que se fala; outra, é o
que se sente! Conteúdos e afetos são dois pilares da nossa subjetividade.
Antes dele chegar, já sentia suas
lembranças.
Estava em casa, de repente, ele chega.
Chega com o seu jeito manso, másculo e meio malandro; jeito que encanta e ao
mesmo tempo inquieta minha alma que estava meio adormecida em relação à determinado tipo de sensação e sentimento. Falou-me de sua contusão
na coxa..
Fui à cozinha, concluir o nosso
almoço, quando sinto seus carinhos em meu pescoço. Neste instante, meus lábios
procuram logo os seus. A faca que estava utilizando para cortar verduras,
começou a ter um novo significado: cortou o meu orgulho e eliminou o meu
amor-próprio .
Mas...como assim? Haverá de novo uma
via crucis do corpo?
Percebi que ali tinha uma verdade. A
verdade não necessariamente significa aprazível, ela é muito mais profunda,
pois quando olhei para ele e vi nele um espelho que me revelava, que provocava no meu ser a quebra do
desconhecido, fazendo com que a capa protetora do desejo fosse rompida...compreendi
a sacralização da vida, sacralização do tempo.
Vi
no meu corpo a narrativa de um texto vivo, libertando-se para o "prazer" de ser mulher.
Neste instante, tínhamos como
testemunhas as paredes do apartamento e o céu que não parava de nos observar.
Por fim, até Djavan silenciou.
O que não calou foi a minha
consciência. Expandiu-se como uma semente que rasga a terra para brotar,
querendo ganhar espaço; quebrando a resistência e procurando a luz.
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