sexta-feira, 18 de maio de 2018

LITERATURA INFANTIL : BISA BIA, BISA BEL


         
      Lembro-me de que li este livro há muitos anos atrás e esta semana, reli : BISA, BIA, BISA BEL, um clássico da literatura infantil, de Ana Maria Machado.
Trata-se de uma obra publicada em 1981. É uma história que se desenvolve entre três gerações e que tem como narradora-protagonista, a menina, Isabel, de 10 anos. Uma criança extremamente inteligente, inquieta e curiosa, que está vivendo o seu momento de puberdade e encontra num determinado dia, a fotografia de sua bisavó.
        A partir deste encontro, ela começa a fazer várias descobertas. Leva sua Bisa Bia para a escola, para brincar no pátio, até o dia em que perde a fotografia então resolve dizer que ele virou uma tatuagem e, por isso, havia sumido. Através da sua imaginação fértil ela começa a escutar a bisavó como se ela realmente estivesse lhe ajudando e dando 
conselhos. 
         “Eu guardei ela grudada na minha pele, junto do meu coração, muito bem guardada, no melhor lugar que tinha. E ela gostou tanto – sabe, mãe? – que vai ficar aí para sempre, só que pelo lado de dentro, já imaginou?(...) Morando comigo para sempre. “
        Quem não sente saudades de suas avós? Quantas coisas elas nos ensinaram...Só conheci minha avó materna e as bisas nunca as vi nem por fotografia. Gostaria muito de ter tido este privilégio, pois se as avós já são especiais, imagine as bisas?
         Nesta história, a bisa de Isabel vira personagem do seu cotidiano. “Como você já deve estar percebendo, Bisa Bia e eu somos capazes de ficar horas assim, batendo papo explicativo - como ela gosta de chamar. Ela explica as coisas do tempo dela, eu tenho de dar explicações do nosso tempo. “
        Através dos diálogos surge uma amizade que exercita a troca de múltiplas vozes interiores,; logo, surgem os medos, as  alegrias, as esperanças. Isabel redimensiona o futuro e busca aprender a conviver consigo mesma.
         No momento em que Bel, aceitando conselho de Bisa Bia, se põe a aprender a bordar as letras em lenços, vê-se diante dela  sua bisneta Beta que encontrou sua fotografia um século depois.
       
O tempo, que promove o encontro das gerações, simboliza novas descobertas, unindo passado, presente e futuro de muitas experiências, conflitos, renúncias, conquistas e amadurecimento.
      Três tempos e três vivências que se cruzam e se completam numa só pessoa, a menina Isabel. O diálogo de Isabel - ou melhor, de Bel - com sua avó - Bisa Bia - e, depois, com sua futura bisneta é uma mistura encantadora do real e do imaginário, levando o leitor a perceber as mudanças no papel da mulher na sociedade.
          O diálogo fica ainda mais divertido quando surge uma terceira "voz": a Neta Beta, uma menina do futuro, que fala de muitas mudanças que ainda estão por vir. São três personagens numa só: Bisa Bia, Bel e Neta Beta, vivendo três gerações e um único sonho: a liberdade. 

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