Todas as segundas-feiras o
netinho de uma grande amiga minha vem aqui para o meu apartamento para que eu
desperte nele o encantamento pela leitura. Infelizmente, não fiz o magistério, pois acredito que todas as pessoas que fizeram o curso de Letras, deveriam ter
feito antes o Magistério ou Pedagogia para uma compreensão maior da multiplicidade de linguagens.
Bem, lembrei-me esta semana de um livro de Ruth Rocha que li há muitos anos atrás : O MENINO QUE APRENDEU A VER. Conta a história de uma criança que aprendeu o milagre da verdadeira visão - a descoberta das palavras- que não são, como pensava Joãozinho, meros desenhos sem sentido.
Bem, lembrei-me esta semana de um livro de Ruth Rocha que li há muitos anos atrás : O MENINO QUE APRENDEU A VER. Conta a história de uma criança que aprendeu o milagre da verdadeira visão - a descoberta das palavras- que não são, como pensava Joãozinho, meros desenhos sem sentido.
Fazendo a analogia com Enzo,
este garoto que está vindo para minha casa, percebo que do mesmo jeito que ele fica
angustiado por não saber ler, Joãozinho também não deixava passar nada sem questionar, no que diz respeito as letras e palavras.
No momento em que Joãozinho vai
para escola a mãe diz:
“- Temos de tomar o ônibus. Será
que vai demorar?
- Mas que ônibus, mamãe, nós
vamos ter que tomar?
- O que vai para sua escola.
-E como é que você sabe o que
vai pra minha escola?
- Eu olho o que está escrito na
placa: RIO BONITO.
Quando o ônibus chegou,
Joãozinho reclamou:
-Eu não estou vendo Rio Bonito
nenhum...”
Quando Joãozinho chegou na escola, a professora começou a
apresentar para as crianças algumas letras, o garoto começou a perceber que ao
sair da escola, por onde passava sabia identificar estas
tais letras e estava cada dia mais feliz com a descoberta.
Um dia, chegou para o pai e comentou:
“- Papai, o que está
acontecendo? Cada vez que eu vou pra escola pintam nas placas, nos livros, nos
pacotes, nas paredes, as letras que estou aprendendo.
O pai do João explicou:
-É que você está aprendendo a ver,
João.
-Mas eu já sei ver, papai, desde
que eu era pequenininho.
- Não, meu filho, você agora
está aprendendo a ver o que você está aprendendo a ler.”
Esta história não nos remete
apenas ao contexto da alfabetização, pois acredito que muitos de nós apenas
vemos na superficialidade.
Muitas vezes estamos diante de
uma imagem, vemos, mas não conseguimos observar o seu significado real; a mesma
coisa acontece diante das pessoas, pois em quantas situações
somos enganados apenas por que temos dificuldade de olhar?
Outras
vezes temos tanta dificuldade de olhar que não conseguimos enxergar o que há
por trás de uma situação e demoramos a entender suas metáforas.
"Olhar pode perturbar, angustiar,
provocar reações que algumas vezes negamos em nós e no outro. Implica interiorização,
complexidade. Pede compreensão para nós mesmos.
É uma experiência única e individual,
por isto nos faz sofrer e exige crescimento e maturação. É lento, analítico,
requer atenção, minúcias, perspicácia, contemplação.
Pessoas com dificuldade de
olhar podem ser lesadas e presas fáceis de manipuladores, acreditam em tudo, já
que apenas veem as situações e nem sempre as analisam com sagacidade,
sabedoria; não interpretam a sua complexidade."
Desenvolver o olhar é fundamental,
porque ele é ação, é perceber, é conviver, é observar as nuances do outro e de
si mesmo.
Olhar traz transformação,
compreensão, analogia com o que há ao redor, diferenciando do ver, da visão,
que não requer amadurecimento.
Para a filósofa, Márcia Tiburi,
“aprender a pensar é descobrir o olhar”. Não há como fugir disso porque o olhar
desnuda as mentiras, revela as verdades, derruba as cortinas da falsidade e da
insensatez a que muitas vezes estamos imersos e somos submetidos.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário