A região de Maragogi,
em Alagoas guarda também algumas histórias que nem
sempre são contadas pelos locais. Criada como um povoado chamado Gamela, a
cidade ganhou o status de vila em 1887, e passou a ser chamada Isabel,
homenagem mais do que justa à famosa princesa que então encabeçava o
processo que libertaria os escravos brasileiros. O nome atual do destino
só surgiria alguns anos mais tarde, já declarado como cidade, em referência
ao rio de mesmo nome que corta diversos trechos da cidade antes de chegar
sereno nas praias locais.
A população local é conhecida
também pelas intensas lutas, no século 17, contra a ameaça de invasão dos
holandeses. Locais como Barra Grande e São Bento foram alguns dos cenários
onde se deram alguns desses combates contra a invasão estrangeira.
O destino assistiu ainda a um movimento que tentava trazer de volta o
então Imperador D. Pedro I a seu trono no Brasil.
Conhecidos como Cabanada (ou
Guerra dos Cabanos), os conflitos ocorridos a partir de 1832 tiveram início com
os motins encabeçados por Antônio Timóteo de Andrade, no agreste de
Pernambucano, e João Batista de Araújo, na praia de Barra Grande, em Maragogi,
apoiados por uma insatisfação popular com as novas regras impostas pelo sistema
regencial.
É naquele momento que índios,
mestiços e negros fugidos de engenhos, conhecidos como ‘cabanos’ (por suas
moradias em forma de cabanas), começam a engrossar o grupo de guerrilheiros que
seguiriam em combate até 1850, quando o líder da Insurreição Cabana, Vicente de
Paula é preso e enviado para um presídio de Fernando de Noronha.
Infelizmente,
pouco se preservou do passado negro da
região. O setor rural de Maragogi talvez
seja o melhor endereço para relembrar aquele trecho da História, como a
Fazenda Marrecas, uma área de 20 mil m² que ainda abriga construções de um
engenho de cana-de-açúcar e um casarão de 1780. Atualmente, o local funciona
como um hotel. “É uma pena não termos consciência da preservação dessa cultura
afro na região. Perde-se algo de si, uma parte da nossa
história”, lamenta Raquel Novolisio, secretária de cultura de Maragogi.
Esta semana tive a oportunidade de passar três dias no Hotel Fazenda Marrecas, antes Engenho.
Em estilo mourisco ( ou mudéjar- estilo árabe ibérico em formas geométricas ricas, complexas e abstratas) e suas paredes feitas de uma mistura de pedra, arenito, tijolo, barro e unidos com óleo de baleia, assim foi construído em 1776 o Casarão e segundo os historiadores de Alagoas somente foi datado em 1780.
Ao lado do Casarão, na antiga senzala onde "possivelmente" dormiam as amas de leite e funcionários da Casa Grande, foram erguidos 16 apartamentos;
Segundo os arquivos do Instituto Histórico de Alagoas, em 1849, o então Engenho Marrecas já constava nos registros oficiais, sendo sua propriedade creditada a Cristóvão de Holanda Cavalcanti, como também um dos mais prósperos nos séculos XVIII e XIX;
Em 1859, a propriedade estava posicionada na relação de engenhos locais como pertencentes ao distrito de Barra-grande, com produções de 2.500 a 3.000 pães de açúcar (forma do açúcar produzido nessa época em formato de pães), volume que caracterizou como um engenho de roda d"água;
Nos anos de 1970, a fazenda Marrecas foi utilizada como locação do longa-metragem franco-brasileiro Joana Francesa, de Cacá Diegues, uma das mais importantes obras cinematográficas produzidas no Brasil e ganhadora de diversos prêmios em festivais nacionais e internacionais:
A capela não é original do período como Engenho, foi construída em 1989 e tem como patrono São Gonçalo e duas imagens de Nossa
Senhora , uma da Alegria e a outra do Carmo.
Em 1977, suas instalações serviram de palco para as gravações do início da novela A INDOMADA.
Em 2006, iniciaram como atividade hoteleira, tendo hoje 25 unidades habitacionais que compõem o hotel.
Há uma estrada com vários pés de eucalipto que vai dar acesso à uma bica. Hortas , gados e paisagens que alimentam para a nossa alma .
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