“A
vida de cada indivíduo é uma experiência pessoal, claro. Mas também histórica,
na medida em que está inserida no tempo”, afirma a carioca Karen Worcman,
fundadora do Museu da Pessoa. “Valorizamos tudo isso.”
Nascida em uma família de judeus da Europa, desde muito cedo ela
aprendeu a nutrir amor pelas histórias – reais ou fictícias. Ainda na
adolescência, leu toda a obra do colombiano Gabriel García Márquez publicada
até então, além de outros clássicos da literatura.
Depois de morar na França e nos Estados Unidos e de estudar dança
em Nova York, voltou para o Brasil e cursou história. Na faculdade,
interessou-se especialmente pelo tema da história oral. E, recém-formada,
organizou no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, uma exposição sobre a
imigração judaica.
Levada para São Paulo em 1991, a mostra foi a semente do que é
hoje o Museu da Pessoa. “Na época, decidi ampliar aquela ideia e criar uma rede
virtual”, diz a historiadora, que, antecipando a internet, estabeleceu parceria
com uma empresa de informática para montar CD-ROMs com depoimentos de
experiências de vida.
Instalado hoje em uma pequena casa entre os bairros da Vila
Madalena e Alto de Pinheiros, em São Paulo, o museu reúne mais de 16 mil
relatos pessoais, principalmente de anônimos. Parte deles é captada em vídeo na
sede da instituição e, em seguida, transcrita.
Há um dia fixo – as quintas-feiras – para a coleta de depoimentos
em estúdio. Alguns dos entrevistados são convidados, mas a maioria candidata-se
espontaneamente agendando a sessão pelo site. Grande parte das histórias chega
via internet, onde todo o material fica disponível – em vídeo, texto e fotos –
em um portal com acesso gratuito.
Os visitantes virtuais podem também fazer as vezes de curadores e
organizar galerias temáticas, que ficam abertas ao público. Para a coleta de
depoimentos por sua equipe, Karen desenvolveu uma metodologia própria, que é
replicada nos diversos cursos oferecidos pelo Museu.
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