sábado, 30 de junho de 2018

LIVRO INFANTO-JUVENIL

CLÁSSICO:

BIOGRAFIA- ANGÉLIQUE NAMAIKA

Angélique Namaika é uma freira congolesa que atua na remota região nordeste da República Democrática do Congo (RDC) ajudando milhares de mulheres vítimas da brutal violência sexual e de gênero praticada pelo Exército de Resistência do Senhor (LRA, em inglês) e outros grupos.

Freira desde 2000, Angélique optou por  dedicar sua vida às mulheres congolesas obrigadas a deixar suas casas 
 para escapar da violência desses grupos rebeldes.






Aos nove anos de idade, Angélique decidiu dedicar sua vida aos necessitados ao ver uma religiosa trabalhando em uma aldeia.

"Comecei esse trabalho pois quando era pequena vi uma freira no meu vilarejo e fiquei inspirada por ela".


Irmã Angélique, 48, é uma refugiada dentro do próprio país. Foi obrigada a deixar sua casa em virtude de ataques do grupo armado na região e viveu em abrigos com outros deslocados em 2009. 

“Não sabia aonde ir. Cruzei árvores, campos, não havia comida para todos. Na caminhada, cantava músicas religiosas para espantar o medo", relatou.  

“ Era difícil achar quem ajudasse. Quando conheci as vítimas do LRA que escapavam da floresta, percebi que elas tinham sofrido muito mais atrocidades do que eu. Isso me encorajou a ir todos os dias aonde elas viviam para ajudá-las. Estar juntas é importante para as mulheres. Lembramos sempre do ditado: uma por todas, todas por uma”, narrou.


Desde 2000, Angélique optou por dedicar sua vida às mulheres congolesas obrigadas a deixar suas casas para escapar da violência desses grupos rebeldes.
O Exército de Resistência do Senhor (LRRA), nos últimos 30 anos forçou o deslocamento de 2,6 milhões de pessoas internamente e além das fronteiras em Congo, Uganda, Sudão do Sul e República Centro-Africana, indica um relatório divulgado pelo Acnur.


Angélique comanda, desde 2003 o Centro para Reintegração e Desenvolvimento, onde oferece treinamento e acolhimento às mulheres que sofreram abusos sexuais e agressões físicas e psicológicas. 

Ela foi uma refugiada por causa da guerrilha, por quatro meses, e apesar de não ter sofrido abusos, se mobilizou para ajudar. 



À frente do Centro para Reintegração e Desenvolvimento, a Irmã Angélique Namaika já ajudou a transformar a vida de mais de duas mil mulheres e meninas que foram forçadas a deixar suas casas e sofreram abusos, principalmente pelo grupo rebelde LRA. 

Quando conseguem escapar do cativeiro, essas mulheres precisam enfrentar o trauma e a discriminação por parte da própria comunidade para tentar se reintegrar à sociedade.

Estima-se que aproximadamente 350 mil pessoas tenham sido forçadas a deixar suas casas na região de Dungu – e 70% delas devido a atividades relacionadas com o LRA ou com ameaça de ataques. 

A brutalidade do LRA é bastante conhecida, e depoimentos de mulheres mostram a terrível natureza de seu abuso. 


“ As deslocadas pela violência do LRA são muito vulneráveis. Elas são capturadas, levadas à floresta e dadas aos soldados. Ali, apanham, são vítimas de violência sexual”, disse  à coletiva de imprensa se Genebra.


A abordagem individual adotada pela Irmã Angélique no seu trabalho ajuda as vítimas a se recuperarem de seus traumas. 


Além do abuso que sofreram, essas mulheres e crianças vulneráveis são frequentemente condenadas ao ostracismo por suas próprias famílias e comunidades. 



Muitas destas mulheres trazem histórias de sequestro, trabalho forçado, espancamento, assassinato, estupro e outras violações de direitos humanos.


O trabalho feito por Namaika é fundamental para a recuperação dos traumas na vida dessas meninas e mulheres. É preciso um cuidado especial para conseguir que elas curem suas feridas e reconstruam suas vidas. Através de atividades que geram renda, a Irmã Angélique ajuda essas mulheres a começarem um pequeno negócio ou a voltarem para a escola. Os depoimentos das mulheres atendidas pela Irmã transmitem o efeito do trabalho da freira em promover uma mudança em suas vidas, já que muitas delas a chamam de “mãe”.

“É muito difícil imaginar o sofrimento das mulheres e meninas vítimas do LRA, pois elas guardarão as cicatrizes desta violência por toda a vida”, disse a Irmã Angélique Namaika. Segundo ela, o prêmio “ajudará mais pessoas deslocadas em Dungu a recomeçarem suas vidas. Jamais vou parar de fazer tudo o que estiver ao meu alcance para dar-lhes esperança e uma chance de viver de novo”.
A própria Irmã Angélique foi deslocada pela violência em 2009. Ela sentiu na pele o trauma de fugir de casa. 

Isso faz parte da lista de motivações que a levam a trabalhar dia após dia percorrendo muitos quilômetros, por estradas esburacadas, para chegar a todos os necessitados.


Nessa remota parte do nordeste do Congo, a irmã dedicou sua vida a ajudar mulheres e crianças excluídas a serem novamente aceitas por suas comunidades, curar suas feridas, e se tornarem autossuficientes.

O sorriso aberto e franco no rosto é uma de suas marcas registradas. Aos 48 anos, a freira congolesa Angélique Namaika não deixa que a dura realidade da cidade de Dungu, na Província Oriental da República Democrática do Congo (RDC), apague sua esperança no futuro.  


A bordo de sua bicicleta, ela percorre diariamente as ruas empoeiradas da vila onde mora, região devastada por 30 anos de guerra civil, para dar apoio às mulheres vítimas da violência relacionadas ao conflito interno do Congo.

 Atualmente, 150 mulheres são atendidas pelo Centro para Reintegração e Desenvolvimento, associação da qual a Irmã Angélique é co-fundadora. Desde que o centro foi criado, em 2008, mais de 2 mil mulheres já foram atendidas. 


O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) honrou a Irmã Angélique Namaika, com o Prêmio Nansen, no dia 30 de setembro  de 2013 em uma cerimônia em Genebra. Nessa mesma ocasião, recebeu uma benção especial do Papa Francisco:
“Conhecer o Papa foi uma grande honra para mim”, disse a Irmã Angélique. “Nunca imaginei que iria encontrar o Santo Padre, e quando descobri, chorei por um longo tempo. Quando o encontrei, eu disse: ‘Eu sou da República Democrática do Congo e eu carrego comigo as mulheres e crianças que têm sido vítimas de atrocidades cometidas pelo Exército de Resistência do Senhor (LRA, da sigla em inglês) para que você possa abençoá-las, assim como a mim”, disse a Irmã, se referindo ao grupo armado irregular originário de Uganda que atua no nordeste do Congo.

Segundo ela, o Papa Francisco disse-lhe: “Sei da sua causa, você deve continuar a ajudar (os refugiados e deslocados internos).” Ela disse que, em seguida, o Papa colocou as duas mãos sobre a cabeça dela para então rezar e abençoá-la – assim como as centenas de mulheres que ela ajudou na República Democrática do Congo.



Baseada nas seguintes fontes:

CHARGE

Infelizmente, esta é a nossa realidade!!!

sexta-feira, 29 de junho de 2018

MÚSICA - OLHA PRO CÉU

Esta música é para homenagear não apenas o meu Nordeste, como meus pais que não se encontram mais neste plano. Esta música, segundo relatos de minha mãe, simbolizava o encontro dos dois.
As festas juninas sempre foram bastante significativas para mim, pois além dos meus pais adorarem, sempre em nossa casa fazíamos tudo para celebrar os três santos.
Íamos sempre todos para cozinha para à noite a mesa está posta com as comidas típicas: canjica, pamonha, pé -de-moleque, bolo de mandioca...Depois teríamos de levar o prato de canjica das vizinhas(minha mãe sempre colocava as iniciais dos casais, para dar um charme especial, ou seja, se o casal chamava-se Tompson e Nilzes, estaria as iniciais T&N feito com canela em pó em cima da canjica) com pedaços dos bolos que ela havia feito para degustarem.
A fogueira estava sempre na frente de casa esperando que desse às 18 horas para acendê-la e aí, ficávamos assando os milhos e acendendo os fogos,; muitas vezes, fazendo algumas adivinhações. Podíamos ficar em frente de casa sem nenhum medo.
Lembro de uma época em que meu pai confeccionava os balões com Sr. Tompson (pai de uma grande amiga de infância). Isto quando criança; não era proibido e também tenho certeza de que não tínhamos essa consciência de conservação ao meio ambiente, basta ver a música: "olha pro céu meu amor, ver como ele está lindo, olha praquele balão multicor, como no céu vai sumindo". E isto era o que acontecia com os balões...sumiam aos nossos olhos. Parece até que estávamos nele. Ficávamos ansiosas quando um balão não conseguia subir e queimava-se no meio do caminho...também ficávamos imaginando aonde iria parar aquele balão que sumia aos nossos olhos...
Minha mãe enfeitava a casa com bandeirinhas e balões de papel. Era sempre uma festa, não só para os santos, mas principalmente para nós.
As quadrilhas eram improvisadas, tínhamos o nosso par e dançávamos com todos, sem maldade e com muito carinho. Havia ensaios durante o mês de maio, para em junho nos amostrarmos na rua. Com nossas roupas de matuta e o rebolado no corpo. Os pés era um fogo só...para dançarmos até cansar. Tudo era simples, afetivo. Nos proporcionava momentos de encontro e de grande alegria,
Ficou na minha memória afetiva todas essas lindas lembranças !!! E vivaaa este mês que traz sempre para nós, nordestinos, tanta riqueza cultural.


Olha Pro Céu Luíz Gonzaga Composição: Luiz Gonzaga / José Fernandes Olha pro céu, meu amor Vê como ele está lindo Olha praquele balão multicor Como no céu vai sumindo Foi numa noite, igual a esta Que tu me deste o teu coração O céu estava, assim em festa Pois era noite de São João Havia balões no ar Xóte, baião no salão E no terreiro O teu olhar, que incendiou Meu coração.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

ARTISTA PLÁSTICO MEXICANO - OMAR ORTIZ



O artista plástico Omar Ortiz está colocando o nome do México muito alto com suas pinturas hiper-realistas. Nascido em Guadalajara em 1977, este pintor teve exposições importantes no México, Espanha, Grécia, Taiwan, Holanda e Reino Unido, onde conquistou a atenção de críticos internacionais de arte por seu excelente trabalho.

Suas pinturas são tão detalhadas, que muitos confundem com fotografias, porque a maneira em que ele capta a beleza e a sensualidade do corpo humano - especialmente feminino - é surpreendente. Graças ao uso extraordinário de luz natural e a um impecável conjunto de tecidos, este pintor hiper-realista pode recriar vários tons de pele, o que dá um toque único às suas criações.

"Desde que comecei a pintura sempre tentei representar as coisas mais reais que posso, às vezes eu realizações e outros não, mas o que é um facto é que para mim é muito difícil de fazer o contrário. Eu gosto do desafio de jogar tons de pele com luz natural e nuances que nos proporcionam, principalmente em ambientes muito luminosos.Eu gosto de manter a simplicidade nas peças, pois acho que os excessos nos fazem mais pobres que ricos ", diz Omar Ortiz em sua página teia

Não perca: Um modelo em miniatura da primeira escultura de David Bowie é revelado e é incrível

Hiperrealismo é um gênero de pintura e escultura que surgiu nos Estados Unidos e na Europa no final dos anos 60 e início dos anos 70. Sua principal característica é que os trabalhos se assemelham a uma fotografia, na verdade os pintores usam uma foto. como referência para criar a pintura, no entanto, graças às texturas, superfícies, efeitos de iluminação e sombras conseguem apresentar a figura central da imagem como algo vivo, tangível.

Nós compartilhamos uma galeria de algumas das obras mais espetaculares deste pintor hiper-realista orgulhosamente mexicano.

TED- KAREN WORCMAN-Uma história pode mudar seu modo de ver o mundo


“A vida de cada indivíduo é uma experiência pessoal, claro. Mas também histórica, na medida em que está inserida no tempo”, afirma a carioca Karen Worcman, fundadora do Museu da Pessoa. “Valorizamos tudo isso.”
Nascida em uma família de judeus da Europa, desde muito cedo ela aprendeu a nutrir amor pelas histórias – reais ou fictícias. Ainda na adolescência, leu toda a obra do colombiano Gabriel García Márquez publicada até então, além de outros clássicos da literatura.
Depois de morar na França e nos Estados Unidos e de estudar dança em Nova York, voltou para o Brasil e cursou história. Na faculdade, interessou-se especialmente pelo tema da história oral. E, recém-formada, organizou no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, uma exposição sobre a imigração judaica.
Levada para São Paulo em 1991, a mostra foi a semente do que é hoje o Museu da Pessoa. “Na época, decidi ampliar aquela ideia e criar uma rede virtual”, diz a historiadora, que, antecipando a internet, estabeleceu parceria com uma empresa de informática para montar CD-ROMs com depoimentos de experiências de vida.
Instalado hoje em uma pequena casa entre os bairros da Vila Madalena e Alto de Pinheiros, em São Paulo, o museu reúne mais de 16 mil relatos pessoais, principalmente de anônimos. Parte deles é captada em vídeo na sede da instituição e, em seguida, transcrita.
Há um dia fixo – as quintas-feiras – para a coleta de depoimentos em estúdio. Alguns dos entrevistados são convidados, mas a maioria candidata-se espontaneamente agendando a sessão pelo site. Grande parte das histórias chega via internet, onde todo o material fica disponível – em vídeo, texto e fotos – em um portal com acesso gratuito.
Os visitantes virtuais podem também fazer as vezes de curadores e organizar galerias temáticas, que ficam abertas ao público. Para a coleta de depoimentos por sua equipe, Karen desenvolveu uma metodologia própria, que é replicada nos diversos cursos oferecidos pelo Museu.


UM POUCO DO NORDESTE - ALAGOAS


A região de Maragogi, em Alagoas guarda também algumas histórias que nem sempre são contadas pelos locais. Criada como um povoado chamado Gamela, a cidade ganhou o status de vila em 1887, e passou a ser chamada Isabel, homenagem mais do que justa à famosa princesa que então encabeçava o processo que libertaria os escravos brasileiros. O nome atual do destino só surgiria alguns anos mais tarde, já declarado como cidade, em referência ao rio de mesmo nome que corta diversos trechos da cidade antes de chegar sereno nas praias locais.
A população local é conhecida também pelas intensas lutas, no século 17, contra a ameaça de invasão dos holandeses. Locais como Barra Grande e São Bento foram alguns dos cenários onde se deram alguns desses combates contra a invasão estrangeira. O destino assistiu ainda a um movimento que tentava trazer de volta o então Imperador D. Pedro I a seu trono no Brasil.
Conhecidos como Cabanada (ou Guerra dos Cabanos), os conflitos ocorridos a partir de 1832 tiveram início com os motins encabeçados por Antônio Timóteo de Andrade, no agreste de Pernambucano, e João Batista de Araújo, na praia de Barra Grande, em Maragogi, apoiados por uma insatisfação popular com as novas regras impostas pelo sistema regencial.
É naquele momento que índios, mestiços e negros fugidos de engenhos, conhecidos como ‘cabanos’ (por suas moradias em forma de cabanas), começam a engrossar o grupo de guerrilheiros que seguiriam em combate até 1850, quando o líder da Insurreição Cabana, Vicente de Paula é preso e enviado para um presídio de Fernando de Noronha.
Infelizmente, pouco se preservou do passado negro da região. O setor rural de Maragogi talvez seja o melhor endereço para relembrar aquele trecho da História, como a Fazenda Marrecas, uma área de 20 mil m² que ainda abriga construções de um engenho de cana-de-açúcar e um casarão de 1780. Atualmente, o local funciona como um hotel. “É uma pena não termos consciência da preservação dessa cultura afro na região. Perde-se algo de si, uma parte da nossa história”, lamenta Raquel Novolisio, secretária de cultura de Maragogi.
Esta semana tive a oportunidade de passar três dias no Hotel Fazenda Marrecas, antes Engenho.
Em estilo mourisco ( ou mudéjar- estilo árabe ibérico em formas geométricas ricas, complexas e abstratas) e suas paredes feitas de uma mistura de pedra, arenito, tijolo, barro e unidos com óleo de baleia, assim foi construído em 1776 o Casarão e segundo os historiadores de Alagoas somente foi datado em 1780.

Ao lado do Casarão, na antiga senzala onde "possivelmente" dormiam as amas de leite e funcionários da Casa Grande, foram erguidos 16 apartamentos;
Segundo os arquivos do Instituto Histórico de Alagoas, em 1849, o então Engenho Marrecas já constava nos registros oficiais, sendo sua propriedade creditada a Cristóvão de Holanda Cavalcanti, como também um dos mais prósperos nos séculos XVIII e XIX;

Em 1859, a propriedade estava posicionada na relação de engenhos locais como pertencentes ao distrito de Barra-grande, com produções de 2.500 a 3.000 pães de açúcar (forma do açúcar produzido nessa época em formato de pães), volume que caracterizou como um engenho de roda d"água;

Nos anos de 1970, a fazenda Marrecas foi utilizada como locação do longa-metragem franco-brasileiro Joana Francesa, de Cacá Diegues, uma das mais importantes obras cinematográficas produzidas no Brasil e ganhadora de diversos prêmios em festivais nacionais e internacionais:
A capela não é original do período como Engenho, foi construída em 1989 e tem como patrono São Gonçalo e duas imagens de Nossa 
Senhora , uma da Alegria e a outra do Carmo.
Em 1977, suas instalações serviram de palco para as gravações do início da novela A INDOMADA.
Em 2006, iniciaram como atividade hoteleira, tendo hoje 25 unidades habitacionais que compõem o hotel.
 Há uma estrada com vários pés de eucalipto que vai dar acesso à uma bica.  Hortas ,  gados e paisagens que  alimentam para a nossa alma .

terça-feira, 19 de junho de 2018

TEMOS DE REPENSAR NOSSOS VALORES!!!! VERGONHAAAAA



Lamentável tudo isto!!! Fico possessa por viver num país tão machista !!! 
Observamos nitidamente essa objetificação sexual da mulher no vídeo, isto é uma manifestação torpe da nossa secular cultura machista somada à falta de educação e da ausência de limites impostos pela sociedade. Aqui estimula-se cedo os comportamentos grosseiros como marca de masculinidade.
Imagine se fosse um monte de mulher gritando ''tem pau pequeno, tem pau pequeno'' num idioma que um homem não entendesse? Seria tão engraçado e não passaria também de mera brincadeira, né? Babacas!!!Há pessoas que definitivamente não detêm a mais vaga consciência dos conceitos básicos pra ser decente.

Gostei muito deste texto abaixo, que não sei de quem é a autoria:
"Sabe o vídeo sexista dos brasileiros humilhando a russa? Bom, aproveita a oportunidade, chama seu filho e faz o seguinte:
1- Pergunta o que ele achou da situação.
2- Ajude-o a pensar porque essa atitude é machista e misógina
3- Não fale: "imagine se fosse com sua mãe ou irmã". Ele precisa entender que independente de relação ou vínculo, qualquer mulher merece respeito (tipo uma russa desconhecida)
4- Faça-o pensar e treinar o que ele poderia fazer caso ele estivesse num grupo de amigos que quisesse fazer o mesmo.
5- Deixe bem claro que você deseja que ele seja um cara gentil, educado, justo e inteligente o suficiente para se divertir sem precisar insultar alguém por razão de gênero, raça, etnia, origem social, religião ou orientação sexual.
6- Finalize num tom mais dramático, com sangue no zóio, com a frase: "não-me-mata-de-desgosto-hein-Enzo" (é possível substituir Enzo pelo nome dos seu filho, no caso, se ele já não se chamar Enzo).
CONVERSEM COM OS MENINOS. Educação contra o machismo acontece assim, no cotidiano, aproveitando as oportunidades para pensar sobre formas positivas de ser homem. Contamos com vocês, pais, mães e responsáveis pelos Enzos, Bernardos, Brunos, Gabriéis, Heitores, Saulos, Marcelos, Thiagos..."

FRASES BUDISTAS


 

Muitos de nós costumamos nos referir ao budismo mais como uma filosofia de vida do que como uma religião. O budismo é uma das religiões mais antigas que existem, e ainda é praticada por cerca de 200 milhões de pessoas em todo o mundo.  Veja neste artigo frases budistas que vão mudar sua vida. A simplicidade de como são transmitidas mensagens cheias de sabedoria, que permitem realmente melhorar nossa qualidade de vida, é o que faz com que essa filosofia ou religião perdure ao longo do tempo e continue ganhando seguidores.
Para entendê-la e abraçar seu verdadeiro significado, não precisamos nos tornar seguidores da religião. Somente precisamos abrir nosso coração e nossa mente, mantendo sempre a esperança.
Hoje apresentamos a vocês as melhores frases budistas que vão mudar a sua vida:
– A dor é inevitável, o sofrimento é opcional. Levando em consideração que as pessoas só podem nos machucar se souberem ao que damos importância, evitar o sofrimento inútil pode consistir, simplesmente, em dar um passo para trás, em se desligar emocionalmente e ver as coisas sob outra perspectiva.
Isso requer prática e tempo, mas vale a pena carregar consigo este grande aprendizado. Como guia, outra frase budista nos dá uma pista de como começar: “Tudo o que somos é resultado do que pensamos; está baseado em nossos pensamentos e está feito deles”.
– Alegre-se porque todo lugar é aqui e todo momento é agora. Costumamos pensar apenas no passado ou estar excessivamente preocupados com o futuro. Isso nos impede de viver o momento e faz com que nossas vidas passem sem que tenhamos consciência disso. O budismo nos mostra o aqui e o agora. Portanto, devemos aprender a estar plenamente presentes e desfrutar cada momento como se fosse o último.
– Cuide de seu exterior tanto quanto cuida de seu interior, pois tudo é um só. Para encontrar um verdadeiro estado de bem estar, é imprescindível que a mente e o corpo estejam em equilíbrio. Não nos concentrar muito no aspecto físico e, reciprocamente, no aspecto interior, nos ajudará a nos sentir mais plenos e conscientes do aqui e do agora, facilitando, assim, uma plenitude emocional mais valiosa.
– Vale mais a pena usar chinelos do que cobrir o mundo com tapetes. Para encontrar nossa paz interior, precisamos ser conscientes dos nossos potenciais pessoais e aprender a dosá-los, assim como nossos recursos. Desta forma, viveremos um verdadeiro crescimento e evolução.
– Não machuque os outros com o que te causa dor. Essa frase é uma das máximas do budismo, e nos permite eliminar quase todas as leis e mandamentos morais atuais em nossa sociedade. Tendo um significado parecido com o da frase “não faça com os demais o que não gostaria que fizessem com você”, esta quinta reflexão vai muito além, já que consiste em um profundo conhecimento de nós mesmos e numa grande empatia para e com os demais.
– Não é mais rico aquele que mais tem, senão aquele que menos necessita. Nosso desejo de ter sempre mais, tanto no plano material, como no emocional, é a principal fonte de todas as nossas preocupações e desesperanças. A máxima do budismo se baseia em aprender a viver com pouco e aceitar tudo aquilo que a vida nos dá no momento. Isso nos proporcionará uma vida mais equilibrada, reduzindo o estresse e muitas tensões internas.
O fato de desejar mais coisas a todo o tempo indica somente falta de segurança, e mostra que nos sentimos sós e que precisamos preencher estes vazios. Sentirmo-nos a vontade com nós mesmos nos permite deixar para trás a necessidade de não ter que demonstrar nada.
– Para entender tudo, é preciso esquecer tudo. Estamos, desde pequenos, imersos numa contínua aprendizagem. Na infância, nosso mapa mental ainda não está desenhado, o que nos faz sermos abertos a “tudo” e à capacidade de entender qualquer coisa, pois não sabemos julgar.

Mas a medida em que crescemos, nossa mente se enche de restrições e normas sociais que nos dizem como devemos ser, como devem ser as coisas, e como devemos nos comportar, inclusive o que devemos pensar. Nos tornamos inconscientes de nós mesmos, então nos perdemos.

Para mudar e ver as coisas sob uma perspectiva mais saudável para nós, precisamos aprender a nos desligar das crenças, dos hábitos e das ideias que não provêm do nosso coração. Para isso, esta frase budista servirá para começar o processo: “No céu não há distinção entre leste e oeste, são as pessoas quem criam essas distinções em sua mente e então acreditam ser a verdade”.


sexta-feira, 15 de junho de 2018

MURAR O MEDO


Nunca vi um texto tão atual como este de Mia Couto sobre o medo, apesar de ter sido escrito para Conferências do Estoril, Portugal em 2011. A cada dia parece que querem institucionalizar o medo. É um dos sentimentos mais crueis, pois nos paralisa, nos desanima e nos destrói. Temos que  todos os dias de combatê-lo e usá-lo sempre ao nosso favor, procurando enfrentá-lo, por mais que saibamos que não é fácil. Segue
abaixo o texto para refletirmos:
Bom, nada mais inseguro do que um escritor numa conferência sobre segurança, um escritor que se sente um pouco solitário porque foi o único convidado nesta e na anterior edição. Preciso de um abrigo, preciso de um refúgio. É um texto que vou ler... o presidente tinha dito que eu devia falar espontaneamente. Não sou capaz em sete minutos. Eu escrevi este texto que vou ler e chama-se Murar o Medo
Murar o Medo
O medo foi um dos meus primeiros mestres. Antes de ganhar confiança em celestiais criaturas, aprendi a temer monstros, fantasmas e demônios. Os anjos, quando chegaram, já era para me guardarem. Os anjos atuavam como uma espécie de agentes de segurança privada das almas.
Nem sempre os que me protegiam sabiam da diferença entre sentimento e realidade. Isso acontecia, por exemplo, quando me ensinavam a recear os desconhecidos. Na realidade, a maior parte da violência contra as crianças sempre foi praticada, não por estranhos, mas por parentes e conhecidos. Os fantasmas que serviam na minha infância reproduziam esse velho engano de que estamos mais seguros em ambiente que reconhecemos.
Os meus anjos da guarda tinham a ingenuidade de acreditar que eu estaria mais protegido apenas por não me aventurar para além da fronteira da minha língua, da minha cultura e do meu território. O medo foi, afinal, o mestre que mais me fez desaprender. Quando deixei a minha casa natal, uma invisível mão roubava-me a coragem de viver e a audácia de ser eu mesmo. No horizonte, vislumbravam-se mais muros do que estradas.
Nessa altura algo me sugeria o seguinte: que há, neste mundo, mais medo de coisas más do que coisas más propriamente ditas.
No Moçambique colonial em que nasci e cresci, a narrativa do medo tinha um invejável casting internacional. Os chineses que comiam crianças, os chamados terroristas que lutavam pela independência e um ateu barbudo com um nome alemão. Esses fantasmas tiveram o fim de todos os fantasmas: morreram quando morreu o medo.
Os chineses abriram restaurantes à nossa porta, os ditos terroristas são hoje governantes respeitáveis e Carl Marx, o ateu barbudo, é um simpático avô que não deixou descendência. O preço dessa construção de terror foi, no entanto, trágico para o continente africano. Em nome da luta contra o comunismo, cometeram-se as mais indizíveis barbaridades.
Em nome da segurança mundial, foram colocados e conservados no poder alguns dos ditadores mais sanguinários de toda a história. A mais grave dessa longa herança de intervenção externa é a facilidade com que as elites africanas continuam a culpar os outros pelos seus próprios fracassos.
A Guerra Fria esfriou, mas o maniqueísmo que a sustinha não desarmou, inventando rapidamente outras geografias do medo: a Oriente e a Ocidente e, por que se trata de entidades demoníacas, não bastam os seculares meios de governação. Precisamos de intervenção com legitimidade divina.
O que era ideologia passou a ser crença. O que era política, tornou-se religião. O que era religião, passou a ser estratégia de poder.
Para fabricar armas, é preciso fabricar inimigos. Para produzir inimigos, é imperioso sustentar fantasmas.
A manutenção desse alvoroço requer um dispendioso aparato e um batalhão de especialistas que, em segredo, tomam decisões em nosso nome. Eis o que nos dizem: para superarmos as ameaças domésticas, precisamos de mais polícia, mais prisões, mais segurança privada e menos privacidade. Para enfrentarmos as ameaças globais, precisamos de mais exércitos, mais serviços secretos e a suspensão temporária da nossa cidadania.
Todos sabemos que o caminho verdadeiro tem que ser outro. Todos sabemos que esse outro caminho poderia começar, por exemplo, pelo desejo de conhecermos melhor esses que, de um e de outro lado, aprendemos a chamar de “eles”. Aos adversários políticos e militares juntam-se agora o clima, a demografia e as epidemias. O sentimento que se criou é o seguinte: a realidade é perigosa, a natureza é traiçoeira e a humanidade, imprevisível.
Vivemos como cidadãos, e como espécie, em permanente situação de emergência. Como em qualquer outro estado de sítio, as liberdades individuais devem ser contidas, a privacidade pode ser invadida e a racionalidade deve ser suspensa. Todas essas restrições servem para que não sejam feitas perguntas, como por exemplo, estas: por que motivo a crise financeira não atingiu a indústria do armamento? Por que motivo se gastou, apenas no ano passado, um trilhão e meio de dólares em armamento militar? Por que razão os que hoje tentam proteger os civis na Líbia são exatamente os que mais armas venderam ao regime do coronel Kadafi? Por que motivo se realizam mais seminários sobre segurança do que sobre justiça? Se queremos resolver e não apenas discutir a segurança mundial, teremos que enfrentar ameaças bem reais e urgentes.
Há uma arma de destruição massiva que está sendo usada todos os dias, em todo o mundo, sem que seja preciso o pretexto da guerra.
Essa arma chama-se fome.
Em pleno século XXI, um em cada seis seres humanos passa fome. O custo para superar a fome mundial seria uma fração muito pequena do que se gasta em armamento. A fome será, sem dúvida, a maior causa de insegurança do nosso tempo.
Mencionarei ainda uma outra silenciada violência: em todo o mundo, uma em cada três mulheres foi -- ou será -- vítima de violência física ou sexual durante o seu tempo de vida. É verdade que, sobre uma grande parte do nosso planeta, pesa uma condenação antecipada pelo fato simples de serem mulheres.
A nossa indignação, porém, é bem menor que o medo. Sem darmos conta, fomos convertidos em soldados de um exército sem nome e, como militares sem farda, deixamos de questionar. Deixamos de fazer perguntas e discutir razões. As questões de ética são esquecidas, porque está provada a barbaridade dos outros e, porque estamos em guerra, não temos que fazer prova de coerência, nem de ética nem de legalidade.
É sintomático que a única construção humana que pode ser vista do espaço seja uma muralha. A Grande Muralha foi erguida para proteger a China das guerras e das invasões. A Muralha não evitou conflitos nem parou os invasores. Possivelmente morreram mais chineses construindo a muralha do que vítimas das invasões que realmente aconteceram. Diz-se que alguns trabalhadores que morreram foram emparedados na sua própria construção.
Esses corpos convertidos em muro e pedra são uma metáfora do quanto o medo nos pode aprisionar.
Há muros que separam nações, há muros que dividem pobres e ricos, mas não há hoje, no mundo um muro, que separe os que têm medo dos que não têm medo. Sob as mesmas nuvens cinzentas vivemos todos nós, do sul e do norte, do ocidente e do oriente. Citarei Eduardo Galiano acerca disto, que é o medo global, e dizer:
"Os que trabalham têm medo de perder o trabalho; os que não trabalham têm medo de nunca encontrar trabalho; quando não têm medo da fome têm medo da comida; os civis têm medo dos militares; os militares têm medo da falta de armas e as armas têm medo da falta de guerras.
E, se calhar, acrescento agora eu: há quem tenha medo que o medo acabe.
Muito obrigado.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

LIVRO DE CONTO : OLHOS D'AGUA



Conceição Evaristo nasceu em 1944 e foi criada junto com dez irmãos pela mãe e pela tia em uma favela de Belo Horizonte (MG). Inserida num ambiente de miséria, cresceu conciliando os estudos com o trabalho de empregada doméstica. Formada e sem oportunidade de trabalho, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde estudou Letras na Universidade Federal e começou a dar aulas. Hoje é Mestra em literatura brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) e doutora em literatura comparada pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Tem seis livros publicados,  sendo "Olhos D'água" ganhador do prêmio Jabuti 2015 na categoria Contos e Crônicas.
          O livro de Conceição Evaristo,  “Olhos d’água”  reúne 15 contos lindos, que você se emociona horrores e muitas vezes tem de  descansa um pouco para suspirar, pois alguns temas são bastante fortes.
            Segundo a escritora “Eu me orgulho muito da minha formação e hoje posso afirmar que, se um ambiente letrado produz sensibilidade para escrita e para leitura, o ambiente não-letrado, com outras formas e experiências culturais, também produz.  É uma espécie de vingança porque, uma vez já tendo o texto escrito, no meu caso e no de outras escritoras negras, é estar numa posição que a vida, de um modo geral, não permite.A pobreza é um lugar de aprendizagem, mas só quando você a ultrapassa. Se não, é uma situação apenas de dor. Para mim, a pobreza foi um lugar de profunda aprendizagem, mas é porque estou aqui agora. Para a grande parte que não consegue estar, a pobreza não é para ser contada.”
          Vou destacar 3 contos : OLHOS D’ÁGUA, A GENTE COMBINAMOS DE NÃO MORRER E AYOLUWA, A ALEGRIA DE NOSSO POVO.
O primeiro conto “Olhos d’água  é um resgate biográfico. Traz um pouco da história da própria Conceição, refletindo sua ancestralidade. Olhos d’água na vida real  era uma região de Belo Horizonte que, na época, ela saía para buscar lenha. Conto que dá o título ao livro é narrado por uma das sete filhas de uma mulher negra e pobre que fazia sacrifícios para sustentar e criar estas crianças. Hoje, ela já adulta, fora de sua cidade relembra histórias da infância da própria mãe, mas admite que as lembranças  confundem-se com suas próprias vivências , então um dia, acorda com uma dúvida: a cor dos olhos de sua mãe, que cor teria?.
            “Sendo a primeira de sete filhas, desde cedo busquei dar conta de minhas próprias dificuldades, cresci rápido, passando por uma breve adolescência. Sempre ao lado de minha mãe, aprendi a conhecê-la. Decifrava o seu silêncio nas horas de dificuldades, como também sabia reconhecer, em seus gestos, prenúncios de possíveis alegrias.Naquele momento, entretanto, me descobria cheia de culpa, por não recordar de que cor seriam os seus olhos.”.
No de correr do conto, relembra fatos de uma  infância sofrida, onde mesmo passando necessidades, mas não deixava de sonhar. Sendo esta a realidade de vários brasileiros.
“Eu me lembrava também de algumas histórias da infância de minha mãe. Ela havia nascido em um lugar perdido no interior de Minas. Ali, as crianças andavam nuas até bem grandinhas. As meninas, assim que os seios começavam a brotar, ganhavam roupas antes dos meninos. Às vezes, as histórias da infância de minha mãe confundiam-se com as de minha própria infância. Lembro-me de que muitas vezes, quando a mãe cozinhava, da panela subia cheiro algum. Era como se cozinhasse, ali, apenas o nosso desesperado desejo de alimento.
Depois de voltar a sua cidade natal e já sabendo da cor dos olhos de sua mãe, faz uma analogia entre a cor dos olhos da mãe e os olhos de sua filha.
“Hoje, quando já alcancei a cor dos olhos de minha mãe, tento descobrir a cor dosolhos de minha filha. Faço a brincadeira em que os olhos de uma se tornam o espelho para os olhos da outra.”
            O final é uma grande surpresa quando sua filha sussurra sobre a cor única de seus olhos. Afinal, a filha começa a perceber quão grandioso ser ela tem como mãe.
“Eu escutei quando, sussurrando, minha filha falou:
            — Mãe, qual é a cor tão úmida de seus olhos?”

A gente combinamos de não morrer
           O segundo conto : Neste conto temos vários personagens que se entrelaçam na narração dos fatos: Darvi, Bica, Idago e Esterlinda (mãe de Bica e Idago.
Dorvi, companheiro de Bica, lembra do juramento feito a outros meninos do morro: “ A gente combinamos de não morrer.” Assim que o seu filho nasce, reflete:
 “Pois é, meu filho nasceu. Um pingo de gente. Quando Bica me mostrou nem tive coragem de olhar direito. Pequeno, tão pequeno! Deveria ter ficado na barriga da mulher, ou melhor, incubado como semente dentro do meu caralho. Quis cutucar o putinho com a ponta de minha escopeta. Bica se afastou como se o filho fosse só dela. Não sei para que o medo.”
              Idago, irmão de Bica, desde os onze anos já começou a ferir o código de honra na escola, quando traiu os colegas confessando a verdade para a diretora. Agora homem, também já dentro do tráfico, morre quando ia descendo o morro. Para Bica, sua irmã:
O saber compromete, penso eu. Idago sabia, falou, dançou. Morreu. Feriu o código de honra, a palavra dada. A palavra que não se escreve, pois escrita está na palma e na alma de cada um. Épreciso trazer sempre a mão aberta. O jogo é limpo. Traiu, caiu. Idago mereceu. Aliás,era traidor desde menino.”
Dorvi emprestou dinheiro do tráfico, sabia que seu fim estava próximo, mas queria acertar contas com o seu devedor primeiro. Comenta sobre o prazer de viver no perigo que chegou a gozar nas calças quando, pela primeira vez, atirou. Mas sonha com a morte do seu devedor:Quero boiar no profundo fundo do mar. Quero o fundo do mar-amor, onde deve reinar calmaria. É lá no profundo fundo que vou construir um castelo para a morada de meu filho. Bica, predileta minha, vai também. Ela sabe que da ponta da escopeta também sai carinho. No fundo do mar, mundo algum explode. Bica, dileta minha, a vida explode.”
            Chega um momento em que Dorvi matara Neo, colega ali do morro e estava sumido. Ninguém sabe aonde anda Dorvi. Por fim, Bica começa a desenvolver a cada dia uma habilidade que ela tinha, a escrita, e termina comentando:
” Eu sei que não morrer, nem sempre é viver. Deve haver outros caminhos, saídas mais amenas. Meu filho dorme. Lá fora a sonata seca continua explodindo balas. Neste momento, corpos caídos no chão, devem estar esvaindo em sangue. Eu aqui escrevo e relembro um verso que li um dia.“Escrever é uma maneira de sangrar”. Acrescento: e de muito sangrar, muito e muito...”

Ayoluwa, a alegria de nosso povo
        O terceiro conto: Este conto há algo profético: Primeiro de que a vida é cíclica VIDA X MORTE. Segundo,  a esperança nos liberta um pouco da dor vivida por uma comunidade que aos poucos vai desaparecendo através de vários aspectos, principalmente o social : desemprego, drogas, violência... até a Natureza é reflexo deste estado de espírito em que tudo parece morrer com o tempo:mãos para o trabalho, alimentos, água, matéria para os nossos pensamentos e sonhos, palavras para as nossas bocas, cantos para as nossas vozes, movimento, dança, desejos para os nossos corpos.”
Eis que surge esperança na fecundação de um novo ser.  Barmidele, a esperança, anuncia que irá ter um filho.
“Sabíamos que estávamos parindo em nós mesmo uma nova vida. E foi bonito o primeiro choro daquela que veio para trazer a alegria para o nosso povo. O seu inicial grito, comprovando que nascia viva, acordou todos nós. E partir daí tudo mudou. Tomamos novamente a vida com as nossas mãos.”
            A criança representa a reafirmação diante da vida como em : Morte e vida Severina que diante de tanta miséria termina com a vida que insiste em florescer..  Segundo Conceição, foi da resistência dos povos africanos e de seus descendentes na diáspora que ela retirou  a  inspiração para escrever : “Ayoluwa, a alegria de nosso povo”.
            Por fim: “Mas Ayoluwa, alegria de nosso povo, e sua mãe, Bamidele, a esperança, continuam fermentando o pão nosso de cada dia. E quando a dor vem encostar-se a nós, enquanto um olho chora, o outro espia o tempo procurando a solução.”

POEMA: PROMESSAS DE UM MUNDO NOVO - THICH NHAT HANH

Prometa-me Prometa-me neste dia Prometa-me agora Enquanto o sol está sobre nossas cabeças Exatamente no zênite Prometa-me: Mesmo que eles Ac...