domingo, 4 de fevereiro de 2018

LIVRO: O ESCAFANDRO E A BORBOLETA



     O livro conta a história do editor-chefe da revista Elle:
                                   JEAN DOMINIQUE BAUBY.
         Jean-Dominique vivia uma vida de ostentação: viagens, bons pratos, mulheres... como ele mesmo comenta antes de saber da gravidade do problema: “meu espírito mundeiro até fazia mil projetos: um romance, viagens, uma peça de teatro e a comercialização de um coquetel de frutas de minha invenção”, mas até então não estava consciente da gravidade da sua doença.

        O que nos deixa impactados é como ele escreveu este livro, pois no dia 8 de dezembro de 1995, aos 43 anos ele sofre um AVC quando passeava com o seu filho mais velho  desencadeando uma síndrome chamada locked-in ou síndrome do encarceramento, a qual  transformou completamente a sua vida .
Mas o que significa isto?   “É um transtorno neurológico raro, em que ocorre uma paralisia completa dos músculos de todo o corpo, a exceção de músculos que controlam alguns movimentos dos olhos – movimentação vertical e elevação da pálpebra.”
     Então, nos perguntamos, mas como pode uma pessoa paralisada dos pés à cabeça produzir um livro? Acredito que tenha sido esta uma das grandes motivações de sua vida durante os dias em que passou no Hospital de Berk.
    Afinal, o escafandro é justamente uma metáfora do seu novo estado de espírito. Dominique se sente enclausurado no seu próprio eu e logo surge uma solução, pois a  ortofonista  Sandrine, cria um código de comunicação com o único órgão que funciona em Dominique – o  seu olho esquerdo! Então, Claude Mendibil, uma ex-tradudora de sinais, conseguiu durante 3 horas por dia, e nos sete dias da semana, no período de 2 meses uma relação de desafio, tanto para Jean Dominique, como para ela; produzir a obra prima: o escafandro e a borboleta através do movimento do olho! Parece impossível! E logo ele percebe “ o escafandro já não me oprime tanto, e o espírito pode vaguear como borboleta. Há tanta coisa para fazer; pode-se voar pelo espaço ou pelo tempo...”                            
     É incrível como uma pessoa com todos esses problemas nos passa através do texto uma leveza e um humor n’ alma.  A vida? Tenta fazê-la  menos oprimente.
     O olhar agora tem uma nova função, não apenas de ver o óbvio, mas de transmitir e mediar essa nova experiência em sua vida; já que o olho é a janela da alma. Embora, acredito que nunca se chega verdadeiramente a ela. Cada experiência de Dominique percebemos uma mistura de angústia, tristeza, dor, esperança e fé.
   Pensando bem, mesmo sendo um escafandro, desabrocha o Bauby que faz ressurgir o amor e a  reconstrução na relação familiar, pois se antes isto fazia pouco sentido, agora tem bastante significado.     
    As borboletas estão presentes o tempo todo em sua alma, pois ele mesmo fala que através do silêncio pode ouvi-las voando pela sua cabeça e acrescenta que sua audição não melhora, mas ele as ouve cada vez mais. E com o seu bom humor,  retifica que as borboletas devem dar–lhes ouvidos.
     Esta é uma maneira  nobre de alimentar a alma e diminuir sua dor, através da imaginação! O que seria de nós se não pudéssemos usar a nossa imaginação? E no final ele reflete:
    “Esse espetáculo me deixa desamparado e pensativo. Haverá neste Cosmo alguma chave para destrancar meu escafandro? Alguma linha de metrô sem ponto final? Alguma moeda suficientemente forte para resgatar minha liberdade? É preciso procurar em outro lugar. É para lá que vou.”
    Só que ele não havia percebido que ele próprio já havia  descoberto a chave do seu escafandro.                                     
       O livro é belíssimo! Vale à pena ler e refletir sobre o que nos torna escafandro e borboleta!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

POEMA: PROMESSAS DE UM MUNDO NOVO - THICH NHAT HANH

Prometa-me Prometa-me neste dia Prometa-me agora Enquanto o sol está sobre nossas cabeças Exatamente no zênite Prometa-me: Mesmo que eles Ac...