Se na música,
na dança, no meio artístico, os negros conseguiram conquistar um espaço representativo
na sociedade brasileira, em outras expressões artísticas, como na literatura infantil, este caminho, podemos
dizer que ainda está em construção.
A literatura
infantojuvenil hoje, tem um papel
fundamental de tirar do silenciamento as histórias do negro no Brasil. Monteiro
Lobato, um dos maiores escritores desta literatura no início do século XX, sempre
representou o negro caricato, subjugado. Basta
lembrar que seu nome está sempre associado ao racismo. Em
2014, foi levado ao Supremo Tribunal Federal um mandado de segurança no qual se
discutia a retirada do livro Caçadas de Pedrinho da lista de leitura obrigatória em escolas públicas.
Publicada em 1933, a obra faz parte do Programa Nacional Biblioteca da Escola,
do Ministério da Educação, e foi distribuída em escolas de todo o país. O
ministro Luiz Fux, do STF, julgou improcedente o pedido.
Fico feliz em observar
hoje, vários textos escritos para crianças como protagonistas negros. Este
livro auxilia na construção da autoestima
necessária para a resistência e o enfrentamento do preconceito. Com estes temas
sendo levado para sala de aula muitos conflitos serão resolvidos, havendo um
espaço mais humanizado de respeito e esperança.
O livro “MINHA
MÃE É NEGRA, SIM de Patrícia Santana conta a história de uma criança, chamada Eno, que fica
muito triste e reflexivo a partir do dia em que sua professora de Artes fala
com tom de dureza e exigência para que ele pinte sua mãe de amarelo. A criança
percebeu que havia algo que não era natural. Por que pintaria a mãe de amarelo,
já que ela era negra?
Ao
chegar em casa, permaneceu em silêncio e sem emoção. O pai não compreendeu a
reação do filho, pois este foi direto
para o seu esconderijo; não querendo saber de ninguém, nem mesmo de Simba,seu
cachorro.Não quis comer..estava de banzo, também não queria ir à escola.
Depois
de uns dias, pediu ao pai para ir à biblioteca a fim de procurar o significado
da palavra “ preto”.Lá não viu muita coisa boa e achou de novo, tudo muito
esquisito. Só a partir do encontro com o avô foi que desabafou e o mesmo compreendendo
seu comportamento, resolveu dar uma aula sobre racismo e tudo o que naquele
momento ele necessitava ouvir para massagear o seu coração.
O
encontro com o avô fez com que ele retornasse à aula, agora com mais autoestima,
pois seu desenho não passaria mais pela invisibilidade e sim, pelo resgate de
sua identidade. Chegando à escola, fala para professora: “ Professora, meu desenho de mãe,
não pintei de amarelo, pintei de preto em negro como é a jabuticaba, o ébano, a
beleza da noite escura. Pintei com a cor de mim mesma.”
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele,
ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e
se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais
naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma
chama que pode ser oculta, jamais extinta.” Nelson Mandela
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