domingo, 11 de fevereiro de 2018

LIVRO INFANTIL : MINHA MÃE É NEGRA SIM!




Se na música, na dança, no meio artístico, os negros conseguiram conquistar um espaço representativo na sociedade brasileira, em outras expressões artísticas, como  na literatura infantil, este caminho, podemos dizer que ainda está em construção.
A literatura infantojuvenil  hoje, tem um papel fundamental de tirar do silenciamento as histórias do negro no Brasil. Monteiro Lobato, um dos maiores escritores desta   literatura no início do século XX, sempre representou o negro caricato, subjugado.  Basta lembrar que  seu nome está sempre associado ao racismo. Em 2014, foi levado ao Supremo Tribunal Federal um mandado de segurança no qual se discutia a retirada do livro Caçadas de Pedrinho da lista de leitura obrigatória em escolas públicas. Publicada em 1933, a obra faz parte do Programa Nacional Biblioteca da Escola, do Ministério da Educação, e foi distribuída em escolas de todo o país. O ministro Luiz Fux, do STF, julgou improcedente o pedido.
Fico feliz em observar hoje, vários textos escritos para crianças como protagonistas negros. Este livro auxilia na construção da autoestima necessária para a resistência e o enfrentamento do preconceito. Com estes temas sendo levado para sala de aula muitos conflitos serão resolvidos, havendo um espaço mais humanizado de respeito e esperança.
O livro “MINHA MÃE É NEGRA, SIM  de Patrícia Santana conta a história de uma criança, chamada Eno, que fica muito triste e reflexivo a partir do dia em que sua professora de Artes fala com tom de dureza e exigência para que ele pinte sua mãe de amarelo. A criança percebeu que havia algo que não era natural. Por que pintaria a mãe de amarelo, já que ela era negra?
Ao chegar em casa, permaneceu em silêncio e sem emoção. O pai não compreendeu a reação do filho, pois este  foi direto para o seu esconderijo; não querendo saber de ninguém, nem mesmo de Simba,seu cachorro.Não quis comer..estava de banzo, também não queria ir à escola.
Depois de uns dias, pediu ao pai para ir à biblioteca a fim de procurar o significado da palavra “ preto”.Lá não viu muita coisa boa e achou de novo, tudo muito esquisito. Só a partir do encontro com o avô foi que desabafou e o mesmo compreendendo seu comportamento, resolveu dar uma aula sobre racismo e tudo o que naquele momento ele necessitava ouvir para massagear o seu coração.
O encontro com o avô fez com que ele retornasse à aula, agora com mais autoestima, pois seu desenho não passaria mais pela invisibilidade e sim, pelo resgate de sua identidade. Chegando à escola, fala para professora: “ Professora, meu desenho de mãe, não pintei de amarelo, pintei de preto em negro como é a jabuticaba, o ébano, a beleza da noite escura. Pintei com a cor de mim mesma.”

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta.” Nelson Mandela

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