Nascido na França, Pierre Gilles Weil estudou no Instituto de
Estudos do Trabalho e de Orientação Profissional de Paris, dirigido por Henri
Pierón, na Escola Prática de Psicologia e Pedagogia da Universidade de Lyon e
na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação (Instituto Jean Jacques
Rousseau), da Universidade de Genebra. Aluno de Jean Piaget e Léon Walther,
Weil foi convidado, em 1948, para trabalhar, no Brasil, no treinamento das
equipes que organizariam os serviços de psicotécnicas do recém-criado Serviço
Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), no Rio de Janeiro.
O modelo de
serviço adotado inspirava-se na orientação do Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (Senai), com adaptações ao trabalho comercial. Ali, Pierre foi chefe
da Seção de Orientação e Seleção Profissional do Departamento Pessoal do Senac,
entre 1948 e 1958. Ele também chefiou o Consultório Psicopedagógico do
Instituto Pestalozzi do Rio de Janeiro. Weil desenvolveu estudos sobre
profissões e psicodiagnóticos (1953), pesquisas sobre biotipologia de Sheldon
aplicada a um grupo de vendedores balconistas e, juntamente com Nick, publicou
resultados de um questionário aplicado a mais de 700 adolescentes sobre a
tipologia de Sheldon e Stevens.
Ele estendeu ainda seus trabalhos às relações
sociais e, em 1954, divulgou a obra ABC das Relações Humanas, cuja versão
modificada na segunda edição recebeu o título Relações Humanas na Família e no
Trabalho. O livro alcançou centenas de edições, tornando-se uma referência na
área. Em 1955, foi publicado o ABC da Psicotécnica, obra em que Weil aborda os
fundamentos científicos da psicotécnica, da psicometria e da aplicação da
Psicologia ao trabalho, à educação, à justiça, ao matrimônio, à propaganda a ao
exército. No mesmo ano, Weil divulgou seu estudo sobre o Teste de inteligência
não verbal, aplicado nacionalmente, cujos resultados apontavam nas classes
ricas e médias, índices superiores aos das classes pobres e não mostravam
diferenças significativas para a inteligência geral entre os sexos. O teste foi
amplamente divulgado no país.
Em
1958, convidado pelo então Banco da Lavoura (hoje Banco Real), Pierre Weil
mudou-se para Belo Horizonte. Na cidade mineira, ele foi chefe do Departamento
de Orientação e Treinamento do Banco da Lavoura de Minas Gerais e professor na
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. No Banco da Lavoura foram
realizadas práticas em dinâmicas de grupo e psicodrama, em uma experiência
singular desenvolvia no início da década de 60. Nessa época, Pierre Weil e
alguns professores da UFMG, entre os quais Célio Garcia, adaptaram
principalmente as técnicas de Training Group, criadas pelo National Training
Labratory in Group Development, em Bethel – Estados Unidos, a partir dos
estudos realizados por Lewin, Lippitt, Benne e Bradford, às demandas de
aperfeiçoamento dos chefes do Banco da Lavoura. Com isso criaram uma técnica
denominada Desenvolvimento das Relações Humanas – DRH.
Como
professor da UFMG, Weil trabalhou em Psicoterapia de Grupo, Dinâmica de Grupo,
Psicodrama e Psicologia Transpessoal. Em 1994, foi agraciado com o título de
Professor Emérito da UFMG. Entre as suas obras publicadas nesse período,
destacaram-se: Liderança, Tensões Evolução: Aspectos Psicossociológicos da
Organização Moderna (1972), Dinâmica de Grupo e Desenvolvimento em Relações
Humanas (1967), O Psicodrama (1979), O Corpo Fala: Uma Linguagem Silenciosa da
Comunicação Não Verbal (1981) e A Revolução Silenciosa (1983).
Em
1987, Weil mudou-se para Brasília, tornou-se presidente da Fundação Cidade da
Paz e reitor da Universidade Holística para a Paz de Brasília – Unipaz. Em
1998, ele foi agraciado com o título de Cidadão Honorário da Cidade de
Brasília. Em uma visão holística e apostando na transdisciplinaridade do
conhecimento, Weil passou a dedicar-se à educação e à paz, temas de suas
conferências para a Unesco (1989), tendo sido agraciado com a menção
Uma nova visão
da paz será, certamente, holística.(…)
Não pode haver verdadeira paz
no plano pessoal quando se sabe que reinam a miséria e a violência no
plano social ou que a natureza nos ameaça com a destruição porque nós a
devastamos.
A
visão ou consciência holística implica um alargamento progressivo das
fronteiras humanas. Começamos pela pessoa,
cujas características egocentradas diminuem quando ela se abre para a sociedade
em que vive. Já é uma evolução, mas pode-se ir além.
Progressivamente,
esse indivíduo descobre que sua vida e a de seus semelhantes dependem de
um delicado equilíbrio ecológico: a
consciência sociocentrada se desdobra então em consciência planetária.
Ainda em seu site encontramos um breve artigo que condensa toda
a essência da arte da paz na simplicidade do “faça a sua parte”.
Diante da
magnitude e complexidade dos problemas da nossa época e civilização, muitas são
as pessoas desanimadas, achando que não tem nem competência, nem poder para
resolvê-los; eles
acham que isto é
atribuição dos governos, ou dos organismos das Nações Unidas. Isto é apenas um
aspecto da questão.
O
outro está ilustrado por uma bonita historia indiana.
É
a história de um beija-flor que estava no meio de um incêndio da floresta em
que vivia.
Todos
os animais estavam fugindo apavorados, menos ele; o passarinho tirava gotinhas
de água de um lago e as jogava no fogo; repetia este comportamento sem cessar;
até que uma coruja intrigada perguntou:
“O beija-flor,
você enlouqueceu? Você está pensando que vai apagar o incêndio, jogando
gotinhas de água no fogo?”
Respondeu
o beija-flor com a maior calma do mundo.
”
– Eu não vou apagar o incêndio. Mas eu faço a minha parte”.
Se você quiser realmente viver em
paz, pratique a ecologia interior, social e ambiental. A sua existência irá
melhorar de uma maneira que você nunca sonhou
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