A poesia abaixo é uma das preciosidades do poeta e mestre sufi persa Jalāl ad-Dīn Muḥammad Rūmī (1207-1273), ou somente Rumi, considerado o poeta mais traduzido para o idioma inglês e o maior poeta persa da história. O livro “Poemas Místicos” é uma coletânea de 79 poemas extraídos de uma coleção de mais de 5 mil, criados a partir de um encontro iluminado de Rumi com seu mestre Shams ud-Din de Tabriz – o mesmo mestre que transformou a vida de Rumi no primeiro encontro, indicado como tendo acontecido em 15 de novembro de 1244 (Wikipedia), e que teria tirado Rumi da vida de professor e jurista e o colocado na vida asceta.
Embora a tarefa de descrever a presença da alma ou a comunicação que acontece além dos sentidos seja difícil, Rumi faz um belo esforço nesse poema, e fala ao coração pedindo um tempo à visão e à fala, e confiança na sabedoria que acontece além. O livro “Poemas Místicos” está na Coleção de Trabalhos Representativos da UNESCO, na seção da Herança Persa.
“Vem. Conversemos através da alma. Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos. Sem exibir os dentes, sorri comigo, como um botão de rosa. Entendamo-nos pelos pensamentos, sem língua, sem lábios. Sem abrir a boca, contemo-nos todos os segredos do mundo, como faria o intelecto divino. Fujamos dos incrédulos que só são capazes de entender se escutam palavras e veem rostos. Ninguém fala para si mesmo em voz alta. Já que todos somos um, falemos desse outro modo. Como podes dizer à tua mão: “toca”, se todas as mãos são uma? Vem, conversemos assim. Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma. Fechemos pois a boca e conversemos através da alma. Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo. Vem, se te interessas, posso mostrar-te.”
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