quinta-feira, 11 de julho de 2019

GIBRAN : AMIZADE




                O Profeta é um livro todo simbólico e o ciclo de 12 anos em que Al Mustafá permanece na cidade de Orphalese é um ciclo de uma existência completa. O número 12 está associado ao zodíaco. É como se equivalesse a um ciclo de experiências humana completa, como se fosse uma vida. E o processo dele sair dessa ilha é como se ele desencarnasse.

                É como se ele tivesse entrado nessa ilha, vivesse toda sua vida e depois voltasse á sua terra espiritual.

                Isto se torna claro no trecho final da obra quando ele fala esta frase –

                “ Fica sabendo, portanto , que hei de voltar do silêncio maior...não esqueças que voltarei para ti...um pouco de tempo, um momento de repouso sobre  o vento, e uma outra mulher me dará à luz”.

                Ele conclui desta forma dizendo – “Esperem,  eu vou voltar! É uma questão de tempo. Eu vou me renovar sobre a Terra”. Ou seja, simbolicamente, ele fala de toda sabedoria que um homem pode recolher sobre a Terra.



                                               E um jovem disse:

                                               - Fala-nos da amizade!

                                               E ele respondeu dizendo:

                                               - O vosso amigo é a  resposta às vossas necessidades.



O vosso amigo é a resposta às vossas necessidades e não aos vossos desejos.

Existe uma coisa curiosa que existe hoje – é o estabelecer relações por carências, por desejos, por querer usar o outro para preencher coisas que eu necessito.

O filósofo Emmanuel Kant falou que, uma das coisas mais imorais que existe no mundo é você usar o ser humano como meio. O ser humano sempre é um fim.

Você imagina o que é usar o ser humano como meio?

Exemplo: Eu estou sozinha, então você me serve para fazer companhia. Eu não estou nem aí pra você, mas eu necessito de companhia, então eu uso alguém; o outro não interessa como ser humano, é apenas um meio para descarregar carências e atender as necessidades. Essa necessidade de usar o seu humano como MEIO, como se eles fossem seres periféricos que giram à volta das necessidades imprescindíveis, como se fossem hierarquicamente os seres mais importantes do mundo e as pessoas tivessem a obrigação de atender. Isto tem um nome técnico bastante claro: MANIPULAÇÃO ( uso do outro). Isto é típico dos egoístas! Em geral não é muito difícil a gente perceber que numa sociedade como a nossa, cada vez mais o egoísmo cresce e é cultivado.

As pessoas são educadas desde o berço para pensarem em si próprias, nos seus interesses, nos seus gostos, no que é bom para elas...

Um homem egoísta é um terrível solitário. Ele não consegue perceber o outro, estabelecer relações profundas. Não consegue despertar sentimentos verdadeiros e não se comunica com o outro, ele vive isolado. Ele vive numa bolha, pois ele usa os outros. A diferença entre um ser humano , uma cadeira  ou qualquer objeto que ele manipula, é muito pequena, na verdade.

O egoísmo gera esta desumanização, pois só existe você e as coisas gravitam à sua volta.

Quando Gibran fala no texto de necessidades, , são necessidades humanas e não os nossos desejos.

A principal necessidade do homem (se formos comparar classicamente o que todas as escolas de filosofia  diziam) é a fraternidade.  É pensar menos em si  e pensar mais no outro. O amigo responde a esta necessidade de se humanizar.

Ele permite através da presença dele que você descubra outro ser humano e estabeleça uma relação.

Imagine você fazer da sua vida uma vitrine de si própria onde tudo gira à sua volta e não ser capaz de perceber outro ser humano:? Isto não é uma ficção. Isto é uma possibilidade.

A grande necessidade humana é a necessidade de fraternidade. Nós nos encontramos uns com os outros. Nós crescemos através uns dos outros. A convivência é um dos maiores núcleos de aprendizado que existe. Nós crescemos na convivência. O outro nos ajuda a crescer.

Para se humanizar, você precisa da humanidade.

Quanto mais o humano pensa em si, mais se brutaliza e isto desperta instintos, caprichos, vaidade.

Quanto mais pensa no outro, mais cresce.



                               Ele é campo que cultivais com amor e

                             colheis com gratidão.

                               E é vosso apoio e o vosso abrigo.

                                              

Ele não é uma relação de troca onde você cultiva esperando a colheita. Você cultiva esperando simplesmente doar, porque isso é próprio teu.

Você não espera quando você se dedica a cultivar uma amizade que ela te dê frutos

porque isso não é uma amizade, isso é uma comércio.

                Exemplo: Eu vou cultivar uma amizade com essa pessoa porque ela é influente; ela tem dinheiro e ela pode me beneficiar. Isto não é um amigo. Isto é um plano de previdência privada. Isto é um investimento.

Quando você cultiva com amor, você dá pelo prazer de dar; por querer o bem do outro e não espera nada. Quando frutifica, você tem gratidão, porque também, saber  receber é uma virtude.

Quando o outro por gratidão quer te entregar algo belo também, você recebe por gratidão e não com aquela sensação de que não faz mais do que obrigação, porque eu te dei tanto, nada mais justo do que você me dá alguma coisa. Isso não tem nenhum valor! Isso é destituído totalmente de valor.

Platão falava disso em relação à todos os relacionamentos. Ele dizia que a horizontalidade acaba com os relacionamentos humanos.  É a lógica do ” toma lá dá cá” e isto empobrece as relações humanas. O ideal seria que as relações fossem verticais, ou seja, eu dou e não espero nada de volta. Quando vem algo de volta, eu recebo com alegria, com gratidão porque isso estreita vínculos. É uma alegria para o outro me presentear com algo que para mim é precioso, então saber receber é uma virtude.  Não que eu esperasse disso como se espera um pagamento, logo, cultivar com amor e receber com gratidão, isso constitui uma verdadeira amizade.

Ele é vosso apoio e vosso abrigo. O que é um apoio?  Imagine que eu quero passar para o degrau seguinte de uma escada, eu apoio nesse degrau para subir o próximo.  Se eu quero saltar, eu me apoio no chão para poder me elevar. O apoio é essa base de propulsão para que você cresça. O amigo é um apoio para que você o arremeta para cima, para que você cresça como ser humano.

Várias vezes Gibran fala sobre isto, que as nossas relações têm de nos dar asas.

O fato de você estar com alguém e faz com que você se torne um ser humano melhor, isso é uma relação verdadeiramente humana; se não, é uma relação animalizante, de exploração e uso um do outro.

Imagine ao final de nossas vidas olharmos para as pessoas com as quais convivemos e imaginar se demos asas para elas ou se cortamos as asas delas...

Abrigo é aquilo que nos protege da solidão, angústia...mas tem um elemento que o amigo nos protege: ele nos protege de nós mesmos.

Ele nos protege de nós mesmos: da alienação, do delírio da vaidade, da perda de referencial, do egoísmo...o verdadeiro amigo é aquele que tem obrigação de chegar para você e dizer: “Você está passando dos limites”; “desse jeito você vai pro buraco”; “olha, não estou com você nisso!”. O verdadeiro amigo é aquele que tem obrigação de dizer: “ Se você quer subir, estou contigo”, “ se você quiser descer, desça sozinho, pois eu não te apoio nisso!”.

Ele te protege de você mesmo, das alienações que você sozinho(a) não perceberia , nem teria força moral para reagir. Ele é como se fosse um elemento de consciência externa que te ajuda a pensar quando você não tem lucidez suficiente, então esse é o principal abrigo que ele te dá: ele te protege das tuas próprias alienações, das tuas próprias debilidades...e aí ele te dá oportunidade de ser muito maior do que você seria sozinho. Isto são as verdadeiras relações humanas. Isso é um convívio humano.

Estas questões são para refletirmos quantos verdadeiros amigos temos.

A constatação é a base da filosofia. Quando você constata, você constrói. Se você percebe que não tem nenhum, isto já é uma constatação. Agora, tem de construir.



                               Pois ide até ele com fome e procurai-o para terdes paz.



Que tipo de fome?

Existe um pensador chamado Cícero, que dizia que é muito difícil, senão impossível, amizade de fato, verdadeira, senão entre os homens de BEM. Ele diz que Amizade é quase uma atração magnética entre homens que têm valores. O que são homens que têm valores? São homens que têm sede de bondade, tem sede de verdade, tem sede de justiça. É essa sede e essa fome que você vai saciar junto do seu amigo.

Você já teve a experiência de estar sentado com um amigo de fato, compartilhando o sentido da tua vida e ele a dele contigo? Pensando...será que, o que eu fiz até agora estava correto? Será que realmente tomei  um destino correto? Será que eu não poderia construir algo maior? E ele argumentando e complementando... fazendo reflexões profundas, ou seja, o homem de BEM é aquele que tem fome e sede de BEM. Quando se une e gera verdadeiras amizades é para poder gerar mais BEM do que geraria sozinho.

Fazer com que o outro seja mais lúcido, reflita mais...a mesma coisa o outro faz comigo. Então, erros que eu cometeria se estivesse sozinho, como eu tenho um amigo, ele atende a minha fome de reflexão. Ele traz à tona tudo o que eu tenho de melhor. Esse magnetismo  que faz com que os homens construam relações profundas, é próprio dos homens de bem, aqueles que amam o bem e é através disso que se unem. E não, de interesses superficiais.

A paz de todos os seres, o equilíbrio de todos os seres está em serem aquilo para o qual foram criados. Então, o animal quando exerce os seus instintos, está em paz em fazer o que é próprio do animal. A plantinha quando pega o seu solzinho e faz fotossíntese, já se realiza naquilo que é próprio de uma planta. O ser humano quando faz aquilo que é próprio do ser humano (compartilha aquilo que ele tem de melhor ; está certo de que é um fator de soma na vida das pessoas e traz à tona aquilo que ele tem de mais nobre. Ele está em paz).

                Uma amizade  gera equilíbrio, harmonia porque ela atende a fome da alma do ser humano.

                Não existe nada mais angustiante do que sermos estranhos para nós mesmos.

                Muitas pessoas não suportam está consigo mesmas  porque elas não têm nada para falar consigo mesmas. Esse vazio interior faz com que ela também não tenha nada para falar como outro.

                Uma pessoa que não suporta está consigo mesma, pode estar em profundidade com alguém?

               

                                               Quando o vosso amigo fala livremente,

                                               vós não temais o “não”, nem limiteis o sim.

                                               E quando ele está calado, o vosso coração

                                               não deixa de ouvir o coração dele...



Não tenha medo que seu amigo fale o que for justo e digno de ser ouvido. Porque se você quer ouvir apenas aquilo que te agrada, você não quer um amigo, você quer um adulador. Hoje a maior parte das nossas relações são  construídas por circunstâncias.

Quem são “os meus amigos”? É o que trabalha comigo, mora perto de mim, é aquela que por alguma circunstância, eu estou em contato. Se percebermos, o verdadeiro amigo não há nenhuma circunstância que  ele se une a nós; nós nos aproximamos deles por afinidade, por ideias comuns e esse tipo de relação é mais profunda. É construída em torno do caráter e as circunstâncias são secundárias.

Aqueles que se unem pelas circunstâncias, quando as circunstâncias cessam, essa união também cessam.

Plutarco tem um texto sobre os aduladores. Ele diz o seguinte: Um homem que não está disposto  a se unir ao seu amigo através do caráter e não ouvir do seu amigo aquilo que é justo que seja dito, ele não quer ter um amigo, ele quer ter um adulador.

O adulador é aquele que diz o que você quer ouvir, sempre te agrada, sempre está fazendo as coisas que você gosta...só tem um detalhe: quando você tem uma dificuldade, ele nunca pode te ajudar. Quando você tem um fracasso, ele é o primeiro que some.  Para resumir tem esta frase: “ O adulador é um parasita grudado à orelha daqueles que amam a glória”. Aqueles que querem glorificar a si próprios têm estes parasitas grudados nas orelhas. Não são verdadeiros amigos.

O verdadeiro amigo nem sempre é agradável, mas sempre é construtivo.

Plutarco diz que o verdadeiro amigo é como um cirurgião que, se você tem um mal, ele vai e extirpa, mas ele não te abandona. Ele fica junto de você e espera teu restabelecimento. Não é assim que um cirurgião faz? Tira o mal, mas não vai embora. Fica junto com você enquanto você está convalescente. Até que você se recupere, ele te acompanha, te ajuda.

Um amigo aponta o teu erro, ajuda a extirpar o teu mal, mas ajuda também você recuperar. Não te abandona porque você está  mal. Ele não está com você só quando você está bem. Então existe uma relação de confiança e segurança.  Há uma união de corações. Há uma confiança mútua que dá muita segurança.

Já imaginaram dizer para uma pessoa: “Venha o que vier, conte comigo”. Que nível de maturidade e segurança essa pessoa tem para garantir uma coisa dessas para alguém. É capaz de sustentar  o amor por toda vida, pois os sentimentos permanecem a cada estação.



                               Pois na amizade, todos os pensamentos,

                               todos os desejos, todas as esperanças

                               nascem e são partilhadas

                               sem palavras, com alegria.

Lembra de quando éramos criança, quando ganhávamos ou comprávamos um chiclete ping pong, ou ploc, nós dividíamos com o amigo. Queríamos compartilhar mesmo que fosse algo pequeno. Porque as coisas boas são construídas em momentos muito pequenos, de coisas muito pequenas.

Então, todo bem que eu tenho, eu quero compartilhar.

Cada vez que vejo uma coisa boa, que vivo uma coisa boa, lembro do amigo(a).

Quero compartilhar tudo o que é bom porque ele(a) vai gostar. O bem lembra ele(a).

As coisas justas, as coisas belas, as coisas que elevam, me lembram ele(a). Sei que isto o ajuda a crescer e o alimenta e sei que, tudo de bom que ele vir, ele também vai trazer para mim.

Portanto, iremos ter uma via de compartilhamento constante de coisas belas, nobres, humanas pela vida afora.



                               Quando vos separais de um amigo, não

                               fiqueis em dor, pois aquilo que mais

 amais nele se tornará mais claro

com a sua ausência, tal como a

montanha para o alpinista, é mais

 nítida vista da planície.



                A consciência se dá no contraste. Às vezes você olhando as coisas em distância, em perspectiva, vê melhor.

                Portanto, o verdadeiro amigo, pode estar do outro lado do mundo, não deixa de ser um verdadeiro amigo.

                Às vezes um vizinho que mora ao seu lado, não constitui nenhuma relação com você,  porque não é uma questão de proximidade de corpos e sim, uma questão de proximidade de alma.

                Nós podemos ter uma relação profunda com alguém que não esteja ao nosso lado fisicamente, parece que, de longe temos em perspectiva e vemos até melhor o valor que tem a nossa amizade.



                                               E não deixeis que haja outro propósito

na amizade que não o aprofundamento do espírito.

Pois o amor que busca mais que a revelação do seu

próprio mistério não é amor, e apenas o inútil é pescado.



Ou seja, se há outro propósito, você já não terá amizade. Eu não quero outra coisa, senão aprofundar o meu espírito e o seu, que possamos subir juntos até o ápice da pirâmide. Quanto mais subimos, mais juntos estamos, pois a pirâmide afunila a medida que sobe. Eu não quero outra coisa, a não ser, crescer como ser humano e permitir que  você faça o mesmo. Qualquer outro interesse desse sistema, você descaracteriza a relação, empobrece.

A relação tem de ser de doação e não de exploração.

Platão diz que tem um fio divisório do amor humano que é quando você deixa de olhar para as coisas e pergunta: “Para que isto me serve?” . Quando você atravessa essa divisão e pergunta: “ Como posso servir a isto?” Ou seja, eu estou a serviço da vida e a vida nesse momento é esse meu amigo. A minha vida se justifica quando eu faço a dele se tornar melhor. Eu não o (a) uso.

Temos de esgotar este vício terrível de sermos usuários de tudo a nossa volta, até dos seres humanos, como se nós fôssemos o eixo do Universo.

Quando não há uma intenção profunda de encontrar a essência do ser humano, quando não se unem em torno de valores, não sobra muita coisa. È uma rede que não pega nada, onde só se apanha futilidades, vacuidades total.

                               E deixai que o que de melhor há em vós

                               Seja para o vosso amigo.

                               Já que ele tem de conhecer a vazante da vossa maré,

                               Que conheça também a vossa enchente.



É como uma fonte. Eu vou buscar coisas belas porque meu amigo(a)gosta de coisas belas. Mas quando as coisas belas passam por mim, elas me enriquecem.

Sri Ram diz que não deveríamos reter as coisas da vida e ser um posto de enriquecimento dos bens da vida. As coisas passam por mim, eu valorizo e passo adiante. Um posto de enriquecimento das coisas belas da vida, ou seja, que tudo de belo que recebo, não seja pra reter, e sim, pra transmitir, para deixar fluir e com isto, elas passam por mim e vão permanentemente enriquecendo, revitalizando...mas não retenho nada apenas para mim. Ou seja, os meus amigos são motivações para que eu busque coisas belas, nobres e boas; para que eu não chegue diante deles de mãos vazias nem de coração vazio. Então estou sempre procurando alimentos para as pessoas que amo! Coisas belas, nobres e boas.

Quem mais se enriquece com isto? Eu mesma.

Existem pessoas que só lembram de você quando está em dificuldade, só na vazante. Na enchente, nunca. Não há uma união de corações, mas uma união de carência.

Temos de saber compartilhar, nos momentos em que ela flui e nos momentos que não flui. Amizade é bela sim, quando temos fracassos e somos capazes de nos apoiar em alguém que nos ajuda a levantar; mas é bela também quando temos sucessos e não retemos só para nós. Procuramos coisas boas para aqueles que amamos e sabemos compartilhar. Amizade é entre outras coisas saber compartilhar o que temos de melhor.



                               Pois para que serve o vosso amigo

                               se só o procurais para matar o tempo?

                               Procurai-o também para viver.

                               Pois ele preencherá vossas necessidades,

                               mas não vosso vazio.

                               E na doçura da amizade

                               que haja alegria e partilha de prazeres.



Na Amizade vamos crescendo juntos e cada vez mais sendo capazes de gerar para o outro, prazeres mais nobres.





                                               Pois é nas pequenas coisas que

                                               o coração encontra  a frescura da sua manhã.



                O sentido da nossa vida, um dia, será: grandes coisas belas. Será um dia, sermos seres belos e evidentemente isso se constrói numa vida que coleciona momentos belos. Coleciona relações belas. Saber estabelecer laços é fundamental para que um dia cheguemos a estabelecer um laço muito profundo com a nossa própria alma; com a nossa própria consciência e com o nosso ser. Costurar essas relações profundas, humanas, nos permite cada vez mais estarmos atados a nós mesmos. Sermos profundos, sermos amigos da nossa própria alma.

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