MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA
(Texto de autoajuda - sem nenhum pudor - diante da perda de João Gilberto)
Ultimamente o baixo astral e a tristeza andam rondando o Brasil, atacando de mil maneiras, de todos os lados.
Para muita gente, está difícil não ficar triste, descrente, não se afogar nesse mar de negatividade no qual querem afundar o Brasil. Pulsão de morte para todos os lados, na veia.
A boçalidade, a burrice e a maldade estão soltas, querendo dar o tom.
Tudo é muito nesse momento. É uma notícia ruim atrás da outra. A última foi a morte de João Gilberto.
Deprimidas, sem ânimo, sem alegria, muitas pessoas perderam ou estão no caminho de perder o contato com o futuro. A vida está sem sentido, as alegrias e os prazeres desapareceram. Já eram.
Mas se entregar, desistir, e ficar deprimido não ajuda em nada! Isso só aumenta o sofrimento, agiganta as dores, baixa o astral. É como se tivessem deletado o futuro e o presente de uma só vez.
Os que carregam altas doses de tristeza dentro de si têm a tendência de achar que esta é a única maneira de se relacionar profundamente com o mundo e com os sentimentos.
Alguns até acham que são superiores aos otimistas e alegres - uns ingênuos mal informados.
Penso que tanto podemos ser profundos e verdadeiros na tristeza e na dor, como se pode ser o mesmo na alegria e no otimismo. Digo no mesmo mundo, na mesma hora, no mesmo lugar. É uma questão de escolha.
Alegria e esperança não são, necessariamente, sinais de superficialidade e ligeireza. Pelo contrário.
Para travar os combates que a vida nos impõe, precisamos estar fortes, conectados, e com nossas energias vitais circulando vigorosamente pelo corpo.
Enquanto alguns tendem a carregar a dor do mundo, outros parecem um biodigestor de energias negativas transformando todo o lixo e matéria em decomposição em energia e luz, em força e alegria de viver.
O fascismo avassalador que brotou forte na sociedade brasileira e esse governo representante das trevas e da morte são, por si só, impactantes e devastadores. Tudo que desejam é nos fragilizar. É da sua natureza. São portadores da energia da morte.
Desejam nos empurrar a todos para a tristeza, para a dor, para a letargia e falta de ânimo, para a morte em vida. Para o medo e a culpa.
Não podemos nos entregar e nos submeter a essa energia destrutiva.
Aí reside uma das batalhas políticas mais importantes no momento: vencer o baixo astral, a descrença nesse mundo, dispersar a baixa energia, vencer esse exército de mortos vivos; afirmar o amor pela vida, sem culpa, celebrá-la sem vacilar.
Como dois e dois são quatro, é certo que vamos sair desse buraco. E, quanto mais cedo formos capazes de vencer a onda maléfica, nos livrar dessas pessoas nefastas, melhor. Menos perda, menos sofrimento, menos violência.
A hora é de nos fortalecer, individual e coletivamente. É hora de acumular energia. Precisamos de consciência, inteligência e espírito de luta. O povo brasileiro bem sabe sobreviver, ser alegre e ter prazer em meio às maiores dificuldades.
É hora de dançar. Dançar sempre que puder, nem que seja dentro de casa, sozinho. É hora de ouvir João. De andar de bicicleta, de se reaproximar da natureza, de ficar de molho dentro d’água, de tomar um banho de mar demorado, ou um banho frio de cachoeira. É hora de despertar!
São muitas as maneiras de fortalecer nossos vínculos com a vida. Cada um tem seu mantra, seu banho de folhas, sua oração, seu jeito, suas músicas, sua utopias.
É hora de tomar um vinho, fazer amor. Brincar e conversar com os filhos; hora de protegê-los desse tempo sombrio, hora de fortalecer em nós a compaixão e muito afeto. Muito mesmo! De celebrar a amizade e o amor.
Se ainda não podemos nos livrar dessas desgraças que nos rondam, temos que estar fortes, na onda boa, atentos, e em condições de nos deixar levar pelas “positive vibrations”.
É hora de escutar o silêncio, ouvir as vozes interiores. De meditar. De ver o sol nascer e o por do sol.
O grupo que está no poder declarou guerra contra nós, contra todo o povo brasileiro. Sequestraram nosso futuro, querem abolir os direitos sociais conquistados com muita luta. Querem nossa alegria e nossos prazeres. Querem fazer do Brasil um parque temático neoliberal. Botaram fogo em toda a nossa zona de conforto.
Precisamos nos fortalecer e nos organizar para essa guerra.
O confronto nesse momento, no Brasil, é entre civilização e barbárie, alegria de viver ou baixo astral, dignidade para todos ou para ninguém. Caminhar em direção ao futuro ou regredir para um passado sombrio de escravidão e submissão.
Precisaremos da nossa felicidade guerreira para travar o bom combate.
Alegrias e prazeres individuais e felicidade coletiva. Essa é nossa bandeira!
Juca Ferreira
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