Hoje, vendo alguns livros infanto-juvenil me deparei com : A FADA
QUE TINHA IDEAIS
Só para lembrarmos, Fernanda Lopes escreveu esta obra durante o
regime militar.
É um livro que discute de forma lúdica como se deveria dar a aquisição
do conhecimento, pois a protagonista, uma fada de 10 anos que vive na Via Láctea , e como o próprio
título já diz é cheia de ideias , e das mais “subversivas”, para horror de sua
mãe, professora e principalmente da Rainha das Fadas. Ela quer mostrar à Rainha
as vantagens de modernizar o ensino e as milhares de possibilidades que temos
para ser feliz através da liberdade de expressão. Além de abordar vários temas,
como: preconceito, igualdade, desafios, resistência, empoderamento...
Para a autora, Clara Luz acha normal inventar, criar, questionar,
encontrar novos ângulos para ver o já visto"
Observe como é apresentada
Clara Luz:
“Clara Luz era uma fada, de seus dez anos de idade, mais ou menos,
que morava lá no céu, com a senhora fada sua mãe. Viveriam muito bem se não
fosse uma coisa: Clara Luz não queria aprender a fazer mágicas pelo Livro das
Fadas. Queria inventar suas próprias mágicas.
- Mas minha filha- dia a Fada- Mãe – todas as fadas sempre
aprenderam por esse livro. Por que só você não quer aprender?
-Não é preguiça não , mamãe. É que não gosto de mundo parado.
-Mundo parado?
-É. Quando alguém inventa alguma coisa, o mundo anda. Quando
ninguém inventa nada, o mundo fica parado. Nunca reparou?
- Não...”
É por isso que Clara Luz não para de ter ideias mirabolantes. Durante
uma de suas invenções, a menina convence sua mãe de que seguir as mágicas do
livro era muito monótono e que isso todas as fadas poderiam fazer. O
interessante era inovar, ou seja, realizar mágicas novas.
Entretanto, ao nascer do novo dia, a
Fada-Mãe voltou atrás em sua decisão por imaginar que poderia estar sendo um
mau-exemplo para a filha.
Após inúmeras peripécias, Clara Luz e todas as fadas do céu foram
convocadas a comparecer ao palácio da Rainha das Fadas para justificar, entre
outras coisas, a invasão dos animais à sua nobre residência e o conteúdo do
bilhete enviado pela Bruxa Feiosa, que reclamava sobre o colorido da chuva que
caíra na Terra.
As fadas tinham verdadeiro horror ao que a Rainha poderia fazer ao
descobrir a verdade e acabaram, quase que em sua totalidade, desmaiando. Clara
Luz, muito corajosa, explicou a causa de todos os “fenômenos” (suas próprias travessuras!)
à majestade, que sentiu-se muito orgulhosa pela inteligência da garotinha e
acabou nomeando-a Conselheira-Chefe do palácio das fadas.
Não é exagero afirmar que se trata de um livro maravilhoso não apenas
para criança, mas para os adultos também . A obra causa alegria e prazer .
No enredo, uma fadinha, Clara Luz, não se cansa de exercer as
habilidades de um ser de muita curiosidade benigna e criatividade incessante.
Ela torna alegre e surpreendente a sua e a vida de todos que a rodeiam.
Clara Luz é aliada
da verdade, da insubmissão. Sua inspiração
resulta em tornar a vida mais bela, a cada toque de sua varinha de condão.
A fada inovadora faz chover colorido; prepara iguarias, como os
bolinhos de luz; convence sua professora de Horizontologia a conhecer de perto
os horizontes novos que anseia revelar. Mas Clara Luz faz mais, muito mais.
A protagonista de A fada que tinha ideias
é também, simbolicamente, porta-voz do antiautoritarismo: seja por não se ater
às obrigatórias receitas de mágica do Livro das Fadas, seja por nunca temer a
rabugenta Rainha das Fadas, que tratava suas súditas com rédea curta.
Lembremos que, naquela época, o manto da
ditadura militar encobria a realidade brasileira.
Imaginem , uma delicada fadinha como Clara Luz podia ser acusada de
subversiva e até mesmo encarcerada.
Estou
sabendo de canais que estão criticando o atual governo estão sendo ameaçados.
Será que teremos de retroceder e trazer
Clara Luz para iluminar a cabeça de alguns empoderados? Nossa realidade, hein?
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