Então uma mulher
disse:
- Fala-nos da
alegria e da tristeza.
Observe que quem pergunta é
uma mulher, ou seja, ele está se referindo ao feminino. Sempre quando se fala
na psique masculina e feminina, é como se fosse o yin e o yang – harmonia por
oposição. Nós somos complementares na Natureza; cada um tem a sua identidade e
ao sermos aquilo que somos, vibramos em harmonia. Se observarmos o corpo de uma
mulher, ela não é preparada para tanta força física, em contrapartida, ela sustenta
situações desagradáveis como a dor por um tempo maior. Sua energia é mais
terrestre e a do homem, mais celeste.
Quando entra no plano
emocional, vira o contrário. As emoções do homem são mais terrestre, mais
prática; e a mulher tem um emocional todo idealizado. O ideal da mulher, por
exemplo, é ter um homem cortês, educado... É lógico que no processo de educação
poderia equilibrar isso e gerar um meio termo, mas a tendência natural é esta.
Imaginemos um mundo tão
materialista quanto o nosso, totalmente desacralizado, onde as coisas são
reduzidas ao instinto..O que é um ser viver num mundo idealizado e ter um mundo
como este? Machuca demais.
Resumindo: Tem um ditado que
diz: instabilidade, teu nome é MULHER.
Enquanto não temos consciência
disto e não aprendemos a trabalhar e equilibrar esses estados emocionais, a
mulher viverá constantemente nesta gangorra: alegria X tristeza, gerando muita
instabilidade.
E ele respondeu:
Vossa alegria é
vossa tristeza desmascarada.
E ao mesmo poço
que dá nascimento ao vosso riso,
Muitas vezes foi
preenchido por vossas lágrimas.
E como não poderia
ser assim?
Imagine um copo. Ele é do
mesmo tamanho quando você enche de alegria ou você enche de dor. Uma pessoa que
é capaz de um horizonte de euforia, de vibração emocional por uma alegria,
também é capaz de se entregar a tristeza muito profundas.
Uma pessoa serena na alegria
não entra num buraco depressivo. É como
se o buraco fosse do mesmo tamanho para os dois lados.
Quando olhamos na história os
grandes homens que fizeram algo pela humanidade, grandes mestres da sabedoria, eles amavam a humanidade. Como expressavam
esse amor? De maneira serena, sóbria e continuada. O verdadeiro amor não joga
folheto de helicóptero. Não precisa de barulho. Ele é sóbrio, sereno, mas
contínuo. Ele se garante por toda uma vida e até muito mais do que isto. O que
vibra e faz barulho é a paixão. Quando você depura o emocional, ele vai ficando
sóbrio e contínuo, sem falha. Ele se garante, se sustenta.
Uma pessoa que está acostumada
a oscilar, se você a coloca numa situação de serenidade, ela sente como se
fosse uma síndrome de abstinência, como se fosse uma droga.
O estímulo de certas emoções
viciosa, são equivalentes ao estímulo de
uma droga numa célula. Ex: A vitimização.
Se você passar muito tempo sem sentir pena de si próprio, gera síndrome
de abstinência, como se fosse um drogado. O teu corpo pede, então você tem de
gerar uma situação para dar uma de “ coitadinho.” Sempre tudo tem de ser
extremado, adrenalina pura, porque se fica em silêncio, tem medo do silêncio. Se
bebe, não pode beber socialmente, tem de se embriagar- a emoção da embriaguez ;
se pega um carro, tem de correr como uma louca ainda que não esteja com pressa
para nada - emoção da velocidade.
Quanto mais profundamente a tristeza
crava as garras em vosso ser,
Tanto mais alegrias podereis conter.
Não é a taça em que verteis vosso vinho
a mesma que foi queimada no forno do oleiro?
E não é a lira que acaricia vossa alma
a própria madeira que foi talhada a faca?
Se eu me deixo abater muito
profundamente por uma circunstância, ela cava um poço dentro de mim de tristeza
e àquele poço agora será preenchido pela euforia, de prazeres , porque este
poço ficou mais fundo. Eu fiquei mais dependente das circunstâncias, porque eu
fiquei mais susceptíveis a ela.
A caixa de Pandora quando é
aberta, saem de lá todos os males do mundo. O que fica dentro da caixa de
pandora? A Esperança.
O que a esperança estava
fazendo dentro de uma caixa que só havia males? Porque, nesta acepção, a
esperança é negativa. Ela é a expectativa do prazer futuro. Se você pega uma pessoa e submete ela a muito
sofrimento, a ideia é que esse sofrimento gerasse nela um esgotamento daquele
estado de consciência, e ela alcançasse um nível de consciência em outro
patamar.
Quando você espreme a pessoa e
ela tem a esperança do prazer futuro, ela não se liberta.
Ela vai ficar sofrendo,
simulando na sua imaginação o prazer futuro. O prazer futuro faz com que as
pessoas não cresçam. A dor é um convite a consciência, mas não pode obrigar.
Quanto mais profundamente a tristeza crava
as garras em vosso ser,
tanto mais alegrias podereis conter.
Não é a taça que verteis vosso vinho
A mesma que foi queimada no forno do oleiro?
E não é a lira que acaricia vossa alma
A própria madeira que foi talhada a faca?
Agora a brandura do vinho,
ainda há pouco, o fogo; ou seja, os extremos do mundo dual. O mundo
manifestado, tudo é assim: tem situações de dor e de alegria superficial, e
você sempre está oscilando de uma para outra. Agora, se a tua expectativa está só neste plano, a vida irá virar um inferno.
Porque dentro da dor, existe a expectava do prazer, dentro do prazer, existe o
medo da dor.
Se o homem se prende a
satisfações superficiais, vai estar sempre um joguete na mão dessas
circunstâncias que sempre serão duais: vão te elogiar, vão falar mal...se você
depender destas circunstâncias...coitado de você!!!
Quando estiverdes alegres, olhai no fundo de vosso coração
e achareis que o que vos deu
tristeza
É aquilo mesmo que vos está dando alegria.
E quando estiverdes tristes, olhai novamente no vosso coração
e vereis que, na verdade estais chorando por aquilo mesmo
que constitui vosso deleite.
Ou seja, agora me elogiaram!!!
Que bommm!!! E ontem estava triste porque me criticaram. Não é a mesma coisa? É
o mesmo elemento. Amanhã esta pessoa que te elogiou, vai esquecer de você, e
isto vai te provocar tristeza. Depois, aparece outra, que te elogie. Hoje você
tem um objeto novo, amanhã ele envelheceu, depois, outro novo.. No fundo é a
mesma coisa: duas faces da mesma moeda e estão provocando emoções superficiais,
que não te tornam melhor como ser humano, nem torna ninguém melhor como ser
humano. Esses elementos não acrescentam muita coisa, nem a tua vida, nem as
pessoas que te rodeiam , assim como não são seus.
Alguns dentre vós dizeis:
‘A alegria é maior que a tristeza’,
e outros dizem:
‘Não, a tristeza é maior.
Eu, porém, vos digo que elas são inseparáveis.
Vêm sempre juntas, e, quando uma está
Sentada à vossa mesa, lembrai-vos
de que a outra dorme em vossa cama.
Saber disso faz com que
procuremos coisas mais estáveis dentro de nós.
Em verdade, estais suspensos
como o prato de uma balança
entre vossa tristeza e vossa alegria.
És somente quando estais vazio
que estais em equilíbrio.
O que é vazio para o ponto de
vista materialista, é cheio para o ponto de vista espiritual.
Quando um homem está cheio de
satisfação consigo mesmo, quando está com satisfação do dever comprido, quando
se realiza por ter feito àquilo que lhe correspondia como ser humano, quando
teve um ato fraterno. Pode ser que ele não tenha tido um prazer físico nem uma
dor física. Ele está vazio daquilo que o mundo valoriza, mas ele está cheio de algo que está em outro
patamar. É interessante, porque pra gente hoje, não tem muito sentido. Isto
exige uma depuração do gosto. Às vezes uma pessoa abre mão de algo que para a
sociedade seria muito valorizado, como por exemplo, um ato de fraternidade, que
ao invés de possuir, prefere entregar. Para sociedade, ele perdeu. E para a
pessoa pode ter um nível de satisfação muito grande, em outro patamar, que nada
nem ninguém pode tirar dele. Porque a fraternidade é também alegria, mas
alegria que está em outro patamar.
Quando o guarda do Tesouro vos
suspender
para pesar seu ouro e sua prata,
então deverá a vossa alegria ou vossa tristeza
subir ou descer...
Quando o divino, que é que
guarda toda criação vos suspender, ou seja, vos tirar da terra, significa a
morte. Quando perdermos esta experiência física, vai pesar o que de valor você
reuniu nesta experiência, o que é precioso, o que tem valor em você: vosso ouro
e vossa prata, real, os valores internos dentro de você. For medir o quanto
você cresceu nesta vida e quanto permitiu as pessoas crescerem através de você,
nesta hora, irá justificar você ficar realmente alegre, ou realmente triste. A
minha vida fez diferença, somou pro mundo. Através da minha vida, eu me tornei um pouco melhor e permiti as pessoas crescerem
também - isto é alegria. Se a minha vida não fez diferença nenhuma. Eu saí do
mesmo tamanho que entrei, só passou o tempo biológico; o tempo psicológico e
espiritual não existiram e ninguém cresceu quem conviveu comigo – isto é motivo
pra tristeza. E ainda pode ser pior, pois podemos ser fator de subtração na
vida alheia.
Podemos dar asas aos outros,
ou então cortá-la. Para Gibran, esta é a real alegria, ou real tristeza. O
resto, em geral, são ilusões.
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