sexta-feira, 17 de agosto de 2018

PARTE I - BIOGRAFIA DA MAFALDA


Você conhece a Mafalda? Certamente, em algum momento de sua vida, você deve ter se encontrado com essa menina argentina muito esperta e cheia de opiniões. A tirinha do cartunista Quino circula em livros e jornais há mais de cinquenta anos, e é sucesso entre antigos e novos fãs, marcando presença em diversos processos seletivos por todo o mundo. Quem nunca precisou interpretar em uma prova o pensamento vanguardista da menina? Sua presença cativa é sempre uma ótima oportunidade para refletirmos sobre a sociedade e seus costumes.

Mafalda nasceu das mãos de seu criador, Joaquín Salvador Lavado – o Quino –, com um objetivo específico: ilustrar a publicidade de uma marca de eletrodomésticos que acabou não sendo veiculada. O ano era 1962 e, por esse motivo, muitos confundem a verdadeira idade da menina, mas a primeira tirinha da personagem só foi publicada oficialmente no ano de 1964, mais precisamente no dia 29 de setembro. O cenário para as histórias de Quino são os bairros Montserrat – lugar que ganhou uma praça para homenagear Mafalda – e San Telmo, na capital argentina, Buenos Aires.
Quino fez sua estreia no ano de 1963 com a publicação do primeiro álbum chamado Mundo Quino. Mas o sucesso mesmo veio com Mafalda, que em 1965 passou a ser publicada diariamente no jornal Mundo, de Buenos Aires. Graças à menina com um laço de fita vermelho no cabelo, Quino foi alçado ao posto de um dos maiores humoristas gráficos do país. Mas o que faz de Mafalda uma personagem tão carismática e diferente no mundo dos quadrinhos? A menina, apesar de ter apenas seis anos, é absolutamente precoce e serviu como porta-voz de seu criador em tempos de uma implacável Ditadura Militar na Argentina. Ela tinha preocupações pouco comuns para as crianças de sua idade, enxergando a vida sob uma perspectiva peculiar ao abordar questões pertinentes através de uma linguagem ácida e extremamente irônica.

A menina Mafalda ama os Beatles, a democracia, os direitos das crianças, a leitura, a paz e as panquecas. Odeia James Bond, as armas, a guerra e tomar sopa. E sonha com “consertar” o mundo.

Em 1967, o sucesso das tirinhas da Mafalda já estava consolidado, o que permitiu sua sobrevida a despeito da falência do jornal Mundo, sendo posteriormente publicadas no semanário Siete Dias Ilustrados. Nove anos após a publicação inaugural, Quino decidiu não mais desenhar as histórias da personagem, visto que os quadrinhos precisavam ser entregues com certa antecedência para a publicação e, sendo assim, não poderia mais comentar assuntos do dia a dia, outra característica marcante do discurso de Mafalda. Quino preferiu aposentar a personagem, mas o público não fez o mesmo, elevando Mafalda ao posto de ícone de uma geração, um verdadeiro símbolo dos anos 70, tempos marcados por uma grande inquietação cultural e política. Apesar de já contar com mais de  cinquenta anos, algumas tirinhas são absolutamente atuais.




Por isso, agradecemos a Quino por sua obra.


As personagens:


As diversas personagens formam uma rede complexa, todos temos um pouco de cada uma delas. Todos temos um pouco do sonhador Filipe e, da futilidade de Susaninha.






Mafalda:


Nasceu em 15 de março de 1962. Mas Quino considera a sua data de nascimento, a de quando foi publicada pela primeira vez, no momento em que a conhecemos, a 29 de setembro de 1964.


Nasce numa família de classe média argentina. O pai é corretor de seguros. E a mãe é dona de casa. Tem um irmão mais novo Guilherme.


Gosta muito dos Beatles, de ler, ouvir rádio, andar de balanço, jogar xadrez e brincar aos cowboys. Odeia sopa, que perguntem se gosta mais do seu pai ou da sua mãe, a violência e a injustiça. Faz muitas perguntas, questiona tudo e todos. É irônica e contestadora. Não é perfeita, por isso a admiramos, mas procura ser.


Quando crescer quer ser tradutora da ONU, para que quando os embaixadores discutirem traduzir tudo ao contrário para que se entendam melhor e haja paz de uma vez por todas.
O Papá e a Mamã: O pai, Pelicarpo: trabalha numa companhia de seguros; leva uma vida enfadonha e rotineira. É uma das vítimas favoritas das perguntas de Mafalda. Por vezes as suas questões conseguem despertar nele o idealismo adormecido.  Adora cultivar plantas no seu apartamento e entra em crise quando repara na sua idade. Mamã: Raquel: Típica dona de casa (abandonou a universidade para casar), por isso é vista como medíocre pela Mafalda, entra em conflitos com a filha quando prepara sopas  e macarrão.
Gui
Guilherme é o irmão mais novo de Mafalda. Conforme vai crescendo torna-se um discípulo da irmã. E ela admira a sua inocência e preocupa-se com ele, enquanto símbolo da geração futura.

Filipe
É sonhador, tímido e preguiçoso. Gosta muito de ler histórias em quadrinhos, especialmente do “Cavaleiro Solitário”. Odeia a escola e ter que fazer o trabalho de casa.

Manelinho
É muito trabalhador, ambicioso e materialista, mas com um grande coração. Sabe que quando crescer vai ter uma cadeia de supermercados. É admirador de Rockfeller e odeia Os Beatles

Susaninha
É fútil, coscuvilheira e egoísta. Tem o futuro totalmente planificado: um casamento magnífico, um marido com uma boa condição econômica e muitos, muitos filhos. Odeia  pobres e o Manelinho e não tem paciência para as reflexões de Mafalda.

Miguelito
É egocêntrico e sonhador. Preocupa-se só com ele próprio. Pergunta a Mafalda se o mundo já existia antes de ele nascer, quando ela diz que sim, não compreende, acha um desperdício. Quer ser grande.

Liberdade
É muito pequena e gosta de coisas simples. Transmite a ideia de que as grandes verdades são simples e não simplistas. Como por exemplo, a minha liberdade termina quando começa a do outro. Fala muitas vezes dos direitos humanos.

Burocracia
É a tartaruga de estimação de Mafalda.  É muito lenta.


 Analisemos agora, brevemente, alguns aspectos focados repetidamente  ao longo da obra:


 Primavera
A primavera é vista como esperança do futuro. De coisas novas, que podem nascer. Que a guerra pode terminar, pode  haver paz e justiça para todos.  Essa ideia volta a ser repetida com a chegada do Ano Novo.


 O Mundo
É o companheiro de Mafalda em muitas brincadeiras. Ela cuida dele quando está doente, fala muito com ele, e pede-lhe para ter paciência com os humanos, pois somos muito irresponsáveis. Simboliza, numa chave, o que o mundo é de todos, e como tal somo responsáveis pelo que lhe acontece.


 A mosca e a formiga
Aparecem muitas vezes para personificar a humanidade não desperta, que se porta quase como um animal. Mafalda tem muita pena delas.


 O Xadrez
Filipe aprende a jogar xadrez e decide ensinar os amigos, mas nenhum entende muito bem as regras. Quando perdem cada um mostra a sua personalidade e, nenhum gosta de perder. No contexto da obra é usado para fazer analogias com a política internacional.


 O Rádio
O rádio é outro dos companheiros de Mafalda. É ele que transmite os programas noticiosos, e é com ele que descobre como vai o mundo.


 TV
De início Mafalda deseja mais que tudo ter uma televisão, mas com o passar do tempo, torna-se crítica dela. Começa a dizer que aliena as pessoas, e o seu único objetivo é a publicidade, manipular as pessoas.


 Comunismo  vs  Capitalismo
Estamos em plena guerra fria, é constante e sempre presente a luta dos dois blocos. Está sempre presente a guerra do Vietname, Desenvolvidos e os Países  Subdesenvolvidos. Está sempre presente a ideia de dualidade, de que não existe igualdade. E, neste caso, Mafalda espelha a sua frustração de não ser ouvida, mas não é só ela, é o Papa e a ONU. Por isso diz que se sente um sanduíche.


 Sopa
Sopa é a coisa que Mafalda mais odeia. Representa  todo o mal que existe no mundo e que somos obrigados a comer, tal acontece porque, nas suas palavras, Fidel nunca disse que gostava de sopa...senão já tinha sido exterminada.


 Ana Margarida
jurista


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