sexta-feira, 31 de agosto de 2018

LIVRO INFANTIL: TUDO BEM SER DIFERENTE



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Apesar de ser um livro infantil, ele retrata valores que independem da faixa etária. Como por exemplo, o respeito.
As ilustrações são lindíssimas, as páginas são vibrantes. Tudo  para atrair a atenção dos pequenos, e até mesmo a dos adultos.
Tudo bem ser diferente...Fala sobre diferenças que não são bem aceitas no nosso cotidiano, como: dentes, cor, tamanho, pensamentos, costumes...
É importantes fortalecermos nas crianças esses valores, pois, somos nós, os adultos que impusemos em suas cabeças o preconceito.
Algumas pessoas nos aceitam e respeitam do jeito que somos, outras, não. O importante é procurarmos  viver em harmonia, assim como as plantas e os animais.
 






AGOSTO LILÁS


Estamos no último dia do mês de Agosto Lilás, campanha que desde 2017 defende os direitos da mulher em situação de violência, e mês em que se comemora a promulgação da Lei Maria da Penha (11.340/2006) que completou 12 anos este ano. Infelizmente, apesar dos avanços, ainda não há muito o que comemorar. 
São inegáveis os benefícios que a Lei Maria da Penha trouxe no combate à violência contra a mulher, com dispositivos que garantem medidas protetivas à vítima e maior celeridade à efetiva condenação do agressor. Mas precisamos ainda avançar no alcance de direitos básicos e fundamentais para pessoas condenadas ao risco de morte pelo simples fato de terem nascido mulheres.
No Brasil, estamos em quinto lugar em morte de mulheres no mundo. Enquanto isso, os 27 tribunais de Justiça do Brasil somam 10.786 casos de feminicídios pendentes na Justiça
A Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006) é a principal legislação brasileira para a enfrentar a violência contra a mulher. A norma é reconhecida pela ONU como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento à violência de gênero.
Além da Lei Maria da Penha, a Lei do Feminicídio, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em 2015, colocou a morte de mulheres no rol de crimes hediondos e diminuiu a tolerância nesses caso.
Mas o que poucos sabem é que a violência doméstica vai muito além da agressão física ou do estupro.  A Lei Maria da Penha classifica os tipos de abuso contra a mulher nas seguintes categorias: violência patrimonial, violência sexual, violência física, violência moral e violência psicológica.
Conheça algumas formas de agressões que são consideradas violência doméstica no Brasil:
1: Humilhar, xingar e diminuir a autoestimaAgressões como humilhação, desvalorização moral ou deboche público em relação a mulher constam como tipos de violência emocional.
2: Tirar a liberdade de crençaUm homem não pode restringir a ação, a decisão ou a crença de uma mulher. Isso também é considerado como uma forma de violência psicológica.
3: Fazer a mulher achar que está ficando loucaHá inclusive um nome para isso: o gaslighting. Uma forma de abuso mental que consiste em distorcer os fatos e omitir situações para deixar a vítima em dúvida sobre a sua memória e sanidade.
4: Controlar e oprimir a mulherAqui o que conta é o comportamento obsessivo do homem sobre a mulher, como querer controlar o que ela faz, não deixá-la sair, isolar sua família e amigos ou procurar mensagens no celular ou e-mail.
5: Expor a vida íntimaFalar sobre a vida do casal para outros é considerado uma forma de violência moral, como por exemplo vazar fotos íntimas nas redes sociais como forma de vingança.
6: Atirar objetos, sacudir e apertar os braçosNem toda violência física é o espancamento. São considerados também como abuso físico a tentativa de arremessar objetos, com a intenção de machucar, sacudir e segurar com força uma mulher.
7: Forçar atos sexuais desconfortáveisNão é só forçar o sexo que consta como violência sexual. Obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto ou repulsa, como a realização de fetiches, também é violência.
8: Impedir a mulher de prevenir a gravidez ou obrigá-la a abortarO ato de impedir uma mulher de usar métodos contraceptivos, como a pílula do dia seguinte ou o anticoncepcional, é considerado uma prática da violência sexual. Da mesma forma, obrigar uma mulher a abortar também é outra forma de abuso.
9: Controlar o dinheiro ou reter documentosSe o homem tenta controlar, guardar ou tirar o dinheiro de uma mulher contra a sua vontade, assim como guardar documentos pessoais da mulher, isso é considerado uma forma de violência patrimonial.
10: Quebrar objetos da mulherOutra forma de violência ao patrimônio da mulher é causar danos de propósito a objetos dela, ou objetos que ela goste.

CHARGE

Esta é uma das notícias fake!!!! Cuidado!!! Principalmente por estar se aproximando as eleições. É importante votar!!!
Muito se fala que se mais da metade dos eleitores anularem seus votos, isso anularia a eleição pois demonstraria a insatisfação popular com os candidatos. No entanto, como alguns já devem saber, isso é falso.¹

A legislação eleitoral no Brasil (e a própria Constituição)² preveem que para o cargo de Presidente da República, no qual a eleição é feita pelo sistema majoritário absoluto, existe uma regra clara de que a contagem para considerar um candidato eleito, leva em conta apenas os VOTOS VÁLIDOS

Assim, ao votar branco/anular, faz com que seu voto seja computado como INVÁLIDO. Dessa forma, o número de votos considerados para eleger alguém será ainda menor do que se você votasse em um candidato que menos odeie, por exemplo.

Numa historinha rápida, vamos ver como isso funciona:

Num Brasil fictício, existem 150 pessoas, mas apenas 100 delas são eleitores aptos a votar.
Ocorre que, nesse Brasil fictício, os candidatos para as novas eleições são péssimos, de modo que dos 100 eleitores, 40 deles resolvem protestar e votar em branco ou nulo.
Assim, chegado o dia da Eleição, apenas 60 pessoas votam entre 5 candidatos.
Candidato A: 35 votos.
Candidato B: 10 votos.
Candidato C: 5 votos.
Candidato D: 5 votos.
Candidato E: 5 votos.
Neste cenário, o Candidato A foi eleito com 35 votos, isto é, 58% dos votos válidos (que foram 60 votos ao todo).
Como podem perceber, as outras 40 pessoas ao simplesmente anularem seus votos, fizeram com que o "Candidato A" precisasse de apenas de 35 votos, em 100 votos possíveis, para ganhar uma Eleição. Assim, se esse Brasil tem apenas 150 pessoas, todo o País seria Governado pelos próximos 4 anos por um candidato eleito por apenas 23% de toda população.

Por outro lado, caso essas 40 pessoas que anularam seus votos, votassem em qualquer candidato, ainda que seja o que menos lhe desagrade, faria com que o número mínimo de votos que um Candidato precisaria para ser eleito, fosse para 51 votos, podendo inclusive ter levado a um eventual 2º turno, onde o candidato eleito poderia ser outro.

Portanto, pensem comigo. E se esse "Candidato A", dentre todos os candidatos ruins que você julga, for o pior de todos? Vai deixar apenas essas "35 pessoas" decidirem por você?

A mensagem que quero deixar, como cidadão, é que por favor, não anulem ou votem em branco nessas eleições. O direito de votar foi conquistado com tanto esforço por nossos antepassados, que sobreviveram a explorações, monarquias, guerras e ditaduras. Não desperdicem mais quatro anos com um protesto político, que pode comprometer ainda mais o nosso futuro.
Lucas Domingues

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

CLÁSSICO: ÚRSULA



Maria Firmina dos Reis foi a primeira mulher brasileira a ter um romance publicado. O livro é considerado pela maioria dos historiadores o primeiro romance abolicionista da literatura brasileira, e também, o primeiro romance da literatura afrobrasileira, isto é, uma obra produzida por uma autora afrodescendente. Maria Firmina dos Reis (1825 – 1917), escritora e educadora, nasceu na ilha de São Luís, capital da província do Maranhão. Foi registrada como filha de João Pedro Esteves e Leonor Felipe dos Reis.
Nessa cidade, onde foi criada, ingressou, em 1847, por concurso, no magistério público, para a cadeira de instrução Primária na vila de Guimarães, e lecionou até 1881, quando se aposenta. Em 1859 publica o romance ÚRSULA e passa a colaborar em jornais da época com textos poéticos
.

No prólogo do romance Úrsula, a autora afirma saber que  pouco vale este romance, porque escrito por uma mulher, e mulher brasileira, de educação acanhada e sem o trato e conversação dos homens ilustrados(...) Deixai, pois que a minha Úrsula, tímida e acanhada, e sem dotes da natureza, nem enfeites e louçanias de arte, caminhe entre vós”.

No Cap. 1 – Duas almas generosas.  O narrador descreve e elogia a Natureza e a Deus. Observamos um excesso de descrição com bastante adjetivos : “ A vista expande-se e deleita-se, e o coração volve-se a deus, e curva-se em respeitosa veneração, porque aí está Ele. O campo, o mar, a abóboda celeste ensinam a adorar o supremo Autor da Natureza, e a bendizer-lhe a mão, porque é generosa, sábia e previdente.”Logo após, aparece o primeiro personagem; Tancredo (jovem melancólico, encontra-se cansado, pois dá a entender que percorreu muitos lugares a cavalo) e aparece uma figura de linguagem, a prolepse, ou seja , o narrador antecipa o que o jovem pode estar sentindo: Talvez uma ideia única, uma recordação pungente, funda, amarga como a desesperação de um amor traído, lhe absorvesse nessa hora todos os pensamentos(...) Que intensa agonia ou que dor íntima que lhe iria lá pelos abismos da alma? Só Deus sabe.”

O cavalo cansado, abre as pernas e Tancredo cai, assim como o animal. A queda lhe ofendeu o crânio e o cavalo aprisionou o pé do seu cavaleiro que desmaia. Neste interim, aparece um jovem escravo de bom coração que o leva até a casa de uma senhora paralítica, que mora com a filha, chamada  Luíza B. Mais uma vez há a fala do narrador em relação aos escravos: “Gozos...só na eternidade os antevem eles! Coitado do escravo! Nem o direito de arrancar do imo peito um queixume de amargurada dor! Senhor Deus! Quando calará no peito do homem a tua sublime máxima- ama a teu próximo como a ti mesmo- e, deixará de oprimir com tão repreensível injustiça teu semelhante.”

Tancredo tem ideias abolicionistas e vê em Túlio um amigo, desta feita, quer recompensá-lo pelos seus afetos para com ele.

Cap 2 - O delírio

Ao chegar à casa de D. Luíza B a qual Túlio também morava. Tancredo delirava :“Eu a vi-exclamou erguendo a voz, num transporte de satisfação- vi-a, era bela como a rosa a desabrochar e em sua pureza semelhava a açucena cândida e vaporosa! E eu amai-a!...Maldição!..não..nunca a amei. E calou-se.”

Úrsula, garota caridosa, bela e tímida,   personagem que dá nome ao livro, filha de Luíza B, também não está conseguindo dormir e vai fazer companhia a Túlio (que velava por Tancredo). Esta chega perto do enfermo e agarra suas mãos que está queimando de febre. Por sua vez, o delírio continua e fala de sua mãe e de uma mulher chamada Adelaide que a descreve como assassina, desdenhosa e fria. Mais tarde, retornando um pouco sua lucidez, agradece a Úrsula pelo interesse para com ele. Ela por sua vez diz que não fez nada demais. Surge o amor a primeira vista, típico dos romances românticos.

Cap 3-  Declaração de amor

O título já antecede o que vai acontecer neste capítulo. Muitos dias se passaram e Tancredo já se sentia melhor. Todos estão felizes com a sua recuperação. Um destaque ,é que Tancredo dá a liberdade do escravo: “Túlio, acompanhava-o. Tinha-se alforriado. O generoso mancebo assim que entrou em convalescença dera-lhe dinheiro correspondente ao seu valor como gênero, dizendo: -Recebe, meu amigo, este pequeno presente que te faço e compra com ele a tua liberdade.”

Túlio está disposto a seguir o Tancredo por onde ele for. Ele fica com uma gratidão eterna. Tancredo está indo embora e Úrsula fica fugindo dele para não sofrer mais, pois observa que sua mãe está a cada dia sucumbindo e agora... Tancredo vai embora.. Este antes de partir conversa com ela e faz-lhe uma declaração de amor. Conta-lhe sobre a mulher que ele falava no delírio. Ele vai dizer que todo o sentimento que sentia por Adelaide, morreu. E, principalmente agora, que conheceu Úrsula.

Cap. 4- A primeira impressão

Tancredo neste capítulo, fala da mãe dele. Diz que amava a mãe dele, mas teve de se afastar dela por 6 anos para estudar Direito em São Paulo, mas sempre com saudades da mãe. Um dia recebeu o grau de bacharel e retornou a terra natal. Queria rever a mãe, os amigos de infância...Quando vê a mãe observa que ela está  moralmente, muito abatida. A mãe neste momento, apresenta Adelaide- bela, sedutora -  que já se encontra morando lá. Então a mãe de Tancredo fala que Adelaide é filha de sua prima, órfão de pai e mãe e recolheu-a em sua casa como se fosse sua própria filha. Tancredo promete para sua mãe que irá cuidar de Adelaide; esta estende-lhe a mão ...termina apaixonando-se por Adelaide. Mais tarde o pai vem lhe felicitar. Tancredo diz que não tinha o mesmo amor pelo pai como por sua mãe. A mãe sempre foi submissa ao pai. Este tem um gênio muito forte, ditador.

Quando Tancredo fala do amor dele para Adelaide, percebe que é correspondido, porém ela comenta que é pobre e que jamais o pai dele consentiria esta união. Já sua mãe começa a desconfiar do que pode acontecer em relação a esta união. Segundo a mãe de Tancredo, o pai jamais iria aceitar este casamento.

No dia do aniversário de Adelaide, Tancredo resolve falar com o pai, porém a mãe tenta interceder e fala primeiro das intenções do filho. O pai arrogante e prepotente comenta: ” E acreditaste, senhora, que eu consentiria em semelhante união? Estais louca?! Sem dúvida perdeste a razão. Ide-vos e não continueis a alimentar no coração deste louco uma esperança que jamais lhe deveria ter nascido. – Mas, Senhor...- aventurou-se a retorquir-lhe minha desvelada mãe- Adelaide é a filha de uma parenta querida! Amo-a; e por que não será ela digna de meu filho?”



Cap. 5 - A Entrevista



Tancredo está contando tudo para Úrsula e então ele comenta que Adelaide era uma mentirosa, fingida..mas continua a conversa.

Tancredo volta ao flashback. Vai até o pai e fala do amor que sente por Adelaide. Este pergunta se ele sabe de quem ela é filha? Tancredo diz que não se importa com isto. Depois o pai concede esta relação, mas dá a Tancredo uma condição:

“(...) Adelaide, porém, é uma criança e a experiência de uma já longa existência obriga-me a importe a condição de esperar por essa união um ano.”

“– Adelaide é apenas uma criança; é tão nova... Tão pouco conheces suas qualidades que...- Mas meu pai!- interrompi-lhe – que dotes faltam ao espírito de Adelaide?”

“Sua educação não está completa; ademais, continuou apresentando-me um papel dobrado, e selado - eis aqui um despacho, que obtive para ti, meu filho. Honroso é o emprego que te oferecem, e eu ouso esperar que o meu Tancredo não só o não recusará, porque foi solicitado por seu pai, como não deixará de partir breve, obedecendo às ordens superiores que o mandam a cidade de ***.”

“-Meu pai, por que não desposarei Adelaide antes de partir para a terra do exílio?”

“--- Tancredo, dei-te a minha palavra, Adelaide será tua esposa, é um sacrifício: impus-te uma condição, aceitaste-a. É sacrifício por sacrifício. A condição é fácil de aceitar-se, mas..”

Tancredo aceita e irá ficar um ano fora daquele convívio familiar e distante de Adelaide.

Cap. 6 –Despedida

A mãe pergunta para Tancredo se o pai havia recusado o casamento dele com Adelaide, então aquele responde que não, porém impôs uma condição: que ele teria de se ausentar por um ano.

Esta separação forçada, representa para o Tancredo uma grande dor. Tancredo fala para o pai que esta separação vai ser ruim. Pede para o pai cuidar da mãe. E o pai manda ele se preparar para o exílio. E ao se despedir de Adelaide percebe os seguintes sentimentos: “(...)-Ela deu-me um derradeiro olhar, tão terno, tão apaixonado, tão expressivo de mágoa íntima, e de sincero reconhecimento, que as lágrimas que me gotejavam no coração, por fim me ressaltaram as faces, e prorrompi um copioso pranto. Nesse olhar, em que me estava a alma, disse-me a infeliz seu derradeiro adeus.”

Cap. 7 – Adelaide

Tancredo vai para o exílio. Fica um ano pensando no futuro, cheio de esperança.. Lembre-se de que ele está contando toda esta história para Úrsula. Então divaga : “ (...) Não podia imaginar que sob as aparências de um anjo essa pérfida ocultava um coração traidor como o do assassino dos sertões.”

Ele quando se encontra distante, vai recebendo cartas da mãe falando de Adelaide e animava o filho, mas não comenta nada de ruim do pai. Adelaide por sua vez, vai mandando cartas com menos frequência, até parar de escrever. Tancredo fica choroso, acaba ficando doente também.

Prolongou-se a minha enfermidade apesar dos esforços dos médicos, e eles recearam pela minha vida; porém o amor e a esperança salvaram-me. Recobrei finalmente a vida, e quando achei-me com forças para empreender viagens, pensei em rever o objeto de minha terna afeição.”

Tancredo não realizou o seu desejo, pois havia sido incumbido de uma missão na comarca de ***. De volta da missão, encontra uma carta, cuja letra era trêmula e mal traçada e a data era anterior a sua enfermidade. Era de sua mãe se queixando de angustia. Diante deste contexto, ele tenta retornar o mais rápido possível a sua casa.

“No cabo de quinze dias bati à noite à porta da casa onde nasci e onde morrera minha infeliz mãe. “

“-Meu pai? - Perguntei com voz trêmula e convulsa.

-Está fora Senhor – tornou-me tristemente.

-E Adelaide? Onde está ela?

-No salão -redarguiu o negro, no mesmo tom. Entrei.”

“Era Adelaide, adornava-o um rico vestido de seda cor de pérolas, e no seio nu ondeava-lhe um precioso colar de brilhantes e pérolas e os cabelos estavam enastrados de joias de não menor valor.”

Então, ela revela que agora era mulher de seu pai. O pai de Tancredo aparece e o filho pede para que restitua as duas mulheres que o havia recomendado. Ele amaldiçoa Adelaide. Termina assim, toda a narração para Úrsula. E fala para Úrsula “eis a narração da minha vida, eis os meus primeiros amores; o resto toca-vos. Fazei-me venturoso. Oh! Em vossas mãos está a minha sorte.”



Cap. 8 - Luíza B



Luíza B é a mãe de Úrsula, começa a se lamentar achando que a filha havia esquecido dela. Úrsula pede perdão, pois estava se sentindo incomodada e que precisava respirar o ar fresco da manhã...

“-Minha filha- continuou afetando tranquilidade- o nosso hóspede intenta deixar-nos hoje: pediu que me queria ser apresentado, e eu te aguardava para fazer-lhe as honras desta pobre casa.”

‘- E o nosso Túlio que também se vai?- É verdade!- Tomou a pobre paralítica- e a nossa casa vai-se tornando cada vez mais isolada e triste.” Neste momento, chega Tancredo e ao se aproximar do leito de Luíza B observa que a qualquer momento ela pode morrer. Se despede e fala que jamais irá esquecer a franqueza, a humildade, a bondade da Luíza. Manifesta o desejo de pedir para ele cuidar de Úrsula, mas não o faz. Fala que tem um irmão  o comendador F de P**, que a odeia e que se não fosse este sentimento poderia proteger sua filha, Úrsula. Comentou que os dois se amavam muito, porém um dia ela o desagradou e ele acabou  a odiando e conta o que aconteceu: “- Mais tarde um amor irresistível levou-me a desposar um homem, que meu irmão no seu orgulho julgou inferior a nós pelo nascimento e pela fortuna. Chamava-se Paulo B.”

Paulo B não era um bom marido e foi assassinado. E ninguém ficou sabendo quem o assassinou e depois ela ficou paralítica e o irmão comprou a fazenda Santa Cruz. Tancredo, antes de ir embora, promete que irá cuidar de Úrsula, pois a ama. Ele se identificou com o sobrenome e percebe-se que ele é primo da Úrsula.



Cap. 9 – A preta Susana

Havia uma mulher escrava, e negra como ele (Túlio); mas boa e compassiva, que lhe serviu de mãe enquanto lhe sorriu essa idade lisonjeira e feliz, única cuja recordação nos apraz, e em que... Susana, chama-se ela.”

Já era velha e Susana pergunta a Túlio para onde ele vai? Ele responde que irá acompanhar o Sr. Tancredo. Fala que agora está livre.No entanto, sua nova condição é desmascarada por Mãe Susana, quando esta ironiza a “liberdade” do alforriado – que afinal, irá conduzi-lo à morte – comparando-a à vida que levava em África:

“- Tu! tu livre? Ah não me iludas! – exclamou a velha africana abrindo uns grandes olhos. (...) Liberdade... eu gozei em minha mocidade! – continuou Suzana com amargura. Túlio, meu filho, ninguém a gozou mais ampla, não houve mulher alguma mais ditosa do que eu.

Além de reforçar a própria condição afro-descendente do texto, a entrada em cena da velha africana confere maior densidade ao sentido político do mesmo. É Mãe Susana quem vai explicar a Túlio o sentido da verdadeira liberdade, que não seria nunca a de um alforriado num país racista. Para tanto, a velha escrava recordava sua terra natal, a infância livre, o amor de seu companheiro e a vida feliz que levavam junto à filhinha até o dia em que foi capturada pelos “bárbaros” mercadores de seres humanos. Segue-se a narrativa do aprisionamento e da crueldade com que foi tratada ao deixar para sempre “pátria, esposo, mãe, filha, e liberdade”:

“Foi embalde que supliquei em nome de minha filha, que me restituíssem a liberdade: os bárbaros sorriam-se de minhas lágrimas, e olhavam-me sem compaixão. (...) Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto porão de um navio. Trinta dias de cruéis tormentos, e de falta absoluta de tudo quanto é necessário à vida passamos nessa sepultura até que abordamos as praias brasileiras. Para caber a mercadoria humana no porão fomos amarrados em pé para que não houvesse receio de revolta, acorrentados como animais ferozes das nossas matas que se levam para recreio dos potentados da Europa.”

PROPAGANDA


Um vídeo que trata do preconceito de aparências. A produção do vídeo, organizou um encontro entre 6 pessoas, que nunca conversaram, ou viram-se antes, colocou-os sentados em uma mesa, com a luz apagada, sem enxergar nada, cada um falou um pouco de si e os outros pré julgavam através de suas falas. Quando as luzes acendem, percebemos o quanto foram e somos influenciados pelos estereótipos que nos incutem.

Muitas vezes, não sei o que sinto em relação à quem diz que não há preconceito nos nossos dias, seja: racial, sexual, religioso... sinto compaixão, pois quem sabe sejam tão alienados que não percebem o que está nas entrelinhas.

Irei colocar aqui um artigo que li recentemente, do site Brasil Escola e que faz com que possamos  refletir sobre nossas atitudes e o que nos leva a exercemos tais estereótipos. Infelizmente, isto acontece diariamente conosco e nem nos apercebemos.  

“Para compreender o que é o preconceito, convém entender primeiro o conceito de atitude baseado nos estudos da Psicologia Social.

ATITUDE é um sistema relativamente estável de organização de experiências e comportamentos relacionados com um objeto ou evento particular.

Para cada atitude há um conceito racional e cognitivo – crenças e ideias, valores afetivos associados de sentimentos e emoções que, por sua vez, levam a uma série de tendências comportamentais: predisposições.

Portanto, toda atitude é composta por três componentes: um cognitivo, um afetivo e um comportamental:

a cognição – o termo atitude é sempre empregado com referência à um objeto. Toma-se uma atitude em relação a que? Este objeto pode ser uma abstração, uma pessoa, um grupo ou uma instituição social.
o afeto – é um valor que pode gerar sentimentos positivos, que, por sua vez, gera uma atitude positiva; ou gerar sentimentos negativos que pode gerar atitudes negativas.
o comportamento – a predisposição : sentimentos positivos levam à aproximação; e negativos, ao esquivamento ou escape.
Dessa forma, entende-se o PRECONCEITO como uma atitude negativa que um indivíduo está predisposto a sentir, pensar, e conduzir-se em relação a determinado grupo de uma forma negativa previsível.

CARACTERÍSTICAS DO PRECONCEITO:

É um fenômeno histórico e difuso;
A sua intensidade leva a uma justificativa e legitimização de seus atos;
Há grande sentimento de impotência ao se tentar mudar alguém com forte preconceito.
Vemos nos outros e raramente em nós mesmos.
EU SOU EXCÊNTRICO, VOCÊ É LOUCO!

Eu sou brilhante; você é tagarela; ele é bêbado.
Eu sou bonito; você tem boas feições; ela não tem boa aparência.
Eu sou exigente; você é nervoso; ele é uma velha.
Eu reconsiderei; você mudou de opinião; ele voltou atrás na palavra dada.
Eu tenho em volta de mim algo de sutil, misterioso, de fragrância do oriente; você exagerou no perfume e ele cheira mal.

CAUSAS DO PRECONCEITO:

Assim como as atitudes em geral, o preconceito tem três componentes: crenças; sentimentos e tendências comportamentais. Crenças preconceituosas são sempre estereótipos negativos.

Segundo Allport (1954) o preconceito é o resultado das frustrações das pessoas, que, em determinadas circunstâncias, podem se transformar em raiva e hostilidade. As pessoas que se sentem exploradas e oprimidas freqentemente não podem manifestar sua raiva contra um alvo identificável ou adequado; assim, deslocam sua hostilidade para aqueles que estão ainda mais “baixo”na escala social. O resultado é o preconceito e a discriminação.

Já para Adorno (1950), a fonte do preconceito é uma personalidade autoritária ou intolerante. Pessoas autoritárias tendem a ser rigidamente convencionais. Partidárias do seguimento às normas e do respeito à tradição, elas são hostis com aqueles que desafiam as regras sociais. Respeitam a autoridade e submetem-se a ela, bem como se preocupam com o poder da resistência. Ao olhar para o mundo através de uma lente de categorias rígidas, elas não acreditam na natureza humana, temendo e rejeitando todos os grupos sociais aos quais não pertencem, assim, como suspeitam deles. O preconceito é uma manifestação de sua desconfiança e suspeita.

Há também fontes cognitivas de preconceito. Os seres humanos são “avarentos cognitivos” que tentam simplificar e organizar seu pensamento social o máximo possível. A simplificação exagerada leva a pensamentos equivocados, estereotipados, preconceito e discriminação.

Além disso, o preconceito e a discriminação podem ter suas origens nas tentativas que as pessoas fazem para se conformar(conformidade social). Se nos relacionamos com pessoas que expressam preconceitos, é mais provável que as aceitemos do que resistamos a elas. As pressões para a conformidade social ajudam a explicar porque as crianças absorvem de maneira rápida os preconceitos e seus pais e colegas muito antes de formar suas próprias crenças e opiniões com base na experiência. A pressão dos colegas muitas vezes torna “legal” ou aceitável a expressão de determinadas visões tendenciosas – em vez de mostrar tolerância aos membros de outros grupos sociais.

REDUÇÃO DO PRECONCEITO:

A convivência, através de uma atitude comunitária é, talvez, a forma mais adequada de se reduzir o preconceito.

COMO FUNCIONA O ESTEREÓTIPO:

É um conjunto de características presumidamente partilhadas por todos os membros de uma categoria social. É um esquema simplista,  mas mantido de maneira muito intensa e que não se baseia necessariamente em muita experiência direta. Pode envolver praticamente qualquer aspecto distintivo de uma pessoa – idade, raça, sexo, profissão, local de residência ou grupo ao qual é associada.

Quando nossa primeira impressão sobre uma pessoa é orientada por um estereótipo, tendemos a deduzir coisas sobre a pessoa de maneira seletiva ou imprecisa, perpetuando, assim, nosso estereótipo inicial.”


POEMA: PROMESSAS DE UM MUNDO NOVO - THICH NHAT HANH

Prometa-me Prometa-me neste dia Prometa-me agora Enquanto o sol está sobre nossas cabeças Exatamente no zênite Prometa-me: Mesmo que eles Ac...