No início do livro, Flaubert nos
apresenta a infância de Charles, uma
pessoa extremamente limitada. Nas palavras do narrador: “Cumpria suas pequenas tarefas
cotidianas como um cavalo de circo”; diferente de Emma , uma mulher extremamente
inconformada com o seu cotidiano, que vai atrás de algumas satisfações para o
seu ser. Segundo o o narrador: “[…]Emma buscava saber o que
significavam exatamente as palavras felicidade, paixão e embriaguez, que tão
belas lhe pareceram nos livros.”
O
encontro dar-se quando o pai de Emma quebra a perna e quem irá socorrê-lo é
Charles. Vale ressaltar que Charles era casado com uma viúva muito mais velha
do que ele. Era
uma mulher de posses, porém extremamente ciumenta e controladora. Não demorou muito para ficar viúvo e cortejar Emma.
Emma é uma garota que foi criada em um convento
e, para passar os dias, deleitava-se em romances, o que a tornou uma jovem
sonhadora e que idealizava os romances perfeitos tipo: “
E viveram felizes para sempre”... como nos livros que lia ; só que nos
primeiros meses do casamento, ela foi percebendo que a realidade era
completamente diferente.
Um belo
dia, eles são convidados para uma festa em um castelo. Lá ela dança com um Visconde, vê as pessoas tão
bem vestidas e a casa que ela sempre desejou. Depois de tudo isto, voltar para
seu cotidiano se torna insuportável e
começa então a partir daí as suas inquietações.
Charles tem muito carinho por Emma e acredita que ela esteja
doente, sofrendo dos nervos. Neste momento, ele recebe uma proposta de trabalho
irrecusável. Um pequeno vilarejo que está sem médico. Esta é uma oportunidade
para que ele cresça profissionalmente e também para proporcionar uma mudança de
ares para Emma, que está grávida.
Na
segunda parte do livro, observamos a insatisfação de Emma com o casamento e a
maternidade. Ela entra em contato com o jovem escrivão Leon e sente-se atraída pela beleza dele e sua bagagem
cultural. Ambos gostam de conversar sobre livros e novidades. Depois de um tempo, Leon muda-se para Rouen e a deixa
deprimida.
Ela
apaixona-se por um aristocrata, Rodolphe, com quem vive ardentes aventuras. Ela
deseja fugir com ele, tal qual acontece nos romances. Ele, porém, a descarta
com uma carta de despedida escrita com muito cinismo. Rodolphe, é um
tipo de Bon Vivant do campo, com quem ela tem um caso meramente carnal e que a
abandona quando ela almeja mais dele.
Após
ser abandonada por Rodolphe, ela volta a reencontrar o escrivão, agora mais
velho, e vive com ele também um caso . Enquanto isso acontece, a personagem
acaba envolvendo-se em empréstimos exuberantes a fim de satisfazer sua luxúria
e seu consumismo, precocemente vislumbrado pelo autor. Ao final, sem amantes e
arruinada financeiramente, Emma envenena-se. Charles, de amor, não suportando a
realidade da traição da esposa, acaba morrendo também.
No dia 7 de fevereiro de 1857, Gustave Flaubert foi absolvido da
acusação contra seu livro Madame Bovary, considerado imoral pelas
autoridades francesas. Dias antes, Flaubert proferira a célebre resposta à
pergunta sobre quem seria Madame Bovary: “Emma Bovary c’est moi” (Emma Bovary
sou eu). Acusado de ofensa à moral e à religião, o processo foi movido contra o
autor e o editor Laurent Pichat, diretor da revista Revue de Paris, onde a
história foi publicada pela primeira vez, em episódios e com cortes. Como
costuma acontecer, quanto maior o escândalo, maior o interesse provocado nos
leitores, que adquirem a obra, que já era notável, movidos pelo sabor do
escândalo.
Desta Emma nasce o termo bovarismo, doença que
consiste na fuga da realidade. É o hábito das pessoas se olharem no espelho e
se verem mais bonitas, ricas ou inteligentes do que são na realidade. É ter
ambições aquém de suas possibilidades e que nenhuma realidade pode satisfazer. Madame Bovary é uma amarga crítica à estupidez humana. Fala do inconformismo da infelicidade humana.
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