quarta-feira, 28 de março de 2018

LIVRO INFANTIL : O PEQUENO PRÍNCIPE


 Muitos falam que  “ O Pequeno Príncipe” é um livro infantil, porém possui reflexões filosóficas sobre vários sentimentos como: amor, amizade, solidão, respeito, solidariedade...

O narrador aviador, ao pilotar um avião sofre uma pane e cai no  Saara. Com pouca água disponível, o piloto precisa consertar o mais rápido possível o avião para poder sair daquele lugar. Na manhã seguinte, depois da queda, uma criança ( o pequeno Príncipe) que diz ter vindo de um Planeta distante, se aproxima  e pede para o piloto desenhar um carneiro e  logo começa a surgir uma linda amizade.

Observamos neste episódio, um pouco da biografia do autor, pois faz um feedback da sua infância, quando descreve que desenhava rabiscos  e os adultos da época, o ignorava ;  estes os aconselhavam a deixar de lado seus desenhos e se dedicar a outras atividades. Quando adulto dedicou-se à aviação, tornando-se um excelente profissional, porém o trauma de infância nunca saiu de sua mente.

Iremos descobrir através das histórias do príncipe, que ele veio de muito longe, do asteróide B612, lugar onde há três vulcões: dois ativos e um extinto. Tinha também uma flor, uma formosa flor de grande beleza e igual orgulho. Foi o orgulho da rosa que arruinou a tranquilidade do mundo do pequeno príncipe e o levou a começar uma viagem que o trouxe finalmente à Terra, onde encontrou diversos personagens plenos de simbolismo: o rei (que pensava que todos eram seus súditos e não tinha ninguém por perto), o contador (que se dizia muito serio mais não tinha tempo para sonhar), o geógrafo (que se dizia sábio mais não sabia nada da geografia do próprio país), o bêbado (que bebia para esquecer a vergonha que sentia por beber), a raposa, a rosa e a serpente.Tudo indica que a Rosa,  seja Consuelo, um grande amor de Exupey, contudo, Tonio não torna isso evidente, o que causa enorme desilusão a Consuelo.

É um livro que você lê uma vez, se apaixona e relê novamente muitas vezes. E em cada momento consegue enxergar a história de maneiras diferentes, mas sempre se cativando com a simplicidade e grandiosidade do Pequeno Príncipe 
A verdade é que a cada frase, a cada capítulo (por mais pequeninos que sejam), você é convidado a refletir sobre vários aspectos da vida. E como tudo é apresentado do ponto de vista de uma criança em relação às atitudes dos adultos, tudo se torna mais verdadeiro e mágico.
Eis abaixo, algumas frases fundamentais da obra:

“ Eu fora desencorajado pelo insucesso do meu desenho número 1 e do meu desenho número 2. As pessoas grandes não compreendem nada sozinhas, e é cansativo, para as crianças, estar toda hora explicando." (p.10)
"Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer." (p.12)
"Quando a gente anda sempre para frente, não pode mesmo ir longe..." (p.18)
"As pessoas grandes  adoram os números. Quando a gente lhes fala  de um novo amigo, elas jamais se informam do essencial. Não  perguntam nunca: ‘Qual é  o som da sua voz?’, ‘Quais os brinquedos que prefere?’, ‘ Será que ele coleciona borboletas?’. Mas perguntam :" Qual é a sua idade?"  ‘Quantos irmãos tem ele?’, ‘Quanto pesa?’ ' Quanto ganha seu pai?' Somente então é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos as pessoas grandes: ' Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado..' elas não conseguem, de modo nenhum, fazer uma ideia da casa. É preciso dizer-lhes: ' Vi uma casa de seiscentos contos'. Então elas exclamam: ' Que beleza!' (p.20)
Mas nós, nós que compreendemos a vida, nós não ligamos aos números!" (p.20)
Faz já seis anos que meu amigo se foi com seu carneiro. Se tento descrevê-lo aqui, é justamente porque não o quero esquecer. É triste esquecer um amigo. Nem todo o mundo tem um amigo. E eu corro o risco de ficar como as pessoas grandes, que só se interessam por números." (p.21)
"Meu amigo nunca dava explicações. Julgava-me talvez semelhante a ele. Mas, infelizmente, não sei ver carneiro através de caixa. Sou um pouco como as pessoas grandes. Acho que envelheci.(p.21)
"Com efeito, no planeta do principezinho havia, como em todos os outros planetas, ervas boas e más. Por conseguinte, sementes boas, de ervas boas; sementes más, de ervas mas. Mas as sementes são invisíveis. Elas dormem no segredo da terra até que um cisme de despertar. Então ela espreguiça, e lança timidamente para o sol um inofensivo galhinho. Se é de roseira ou rabanete, podemos deixar que cresça à vontade. Mas quando se trata de uma planta ruim, é preciso arrancar logo, mal a tenhamos conhecido. Ora, havia sementes terríveis no planeta do principezinho: as sementes de baobá...O solo do planeta estava infestado. E um baobá, se a gente custa a descobri-lo, nunca mais se livra dele. Atravanca com todo planeta. Perfura-o com suas raízes. E se o planeta é pequeno e os baobás numerosos, o planeta acaba rachando."(p.24)

"É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar” (p.53).

“- Se Vossa Majestade deseja ser prontamente obedecido, dê-me uma ordem sensata. Ordene, por exemplo, que eu parta imediatamente. Tudo indica que as condições são favoráveis...” (p.55).

“- [...] Se você encontra um diamante que não é de ninguém, ele lhe pertence. Se encontra uma ilha sem dono, ela é sua. Quando você é o primeiro a ter uma ideia, logo a registra como sua. Sou dono das estrelas porque ninguém, antes de mim, teve a ideia de se apropriar delas” (p.66).

“- Onde estão as pessoas? [...] A gente se sente um pouco no deserto...- Há solidão também quando se está entre as pessoas” (p.86).

“- Só se conhece bem o que se cativa. [...] As pessoas já não têm tempo de conhecer nada. Preferem comprar tudo pronto nas lojas. Como não existem lojas que vendem amigos, as pessoas não têm amigos. Se quer um amigo, trate de me cativar!” (p.99).

“- Eis meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos” (p.101).

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”

“É preciso que eu suporte duas ou três lagartas se quiser conhecer as borboletas.”


“Tornas-te eternamente responsável por aquilo que cativas.”


“Todas as pessoas grandes foram um dia crianças, mas poucas se lembram disso.”

" - Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo... "

AMOR : GIBRAN




No Oriente não teve poeta que exprimisse melhor a delicadeza mística de sua alma. Gibran é um desses mestres da sabedoria que ensinam a arte de viver pela conquista da paz interior nutrida na contemplação da beleza.

O seu convívio intelectual apazigua as dúvidas do coração, alimenta a fé na superioridade espiritual do homem, num estilo ao mesmo tempo cheio de vida e simplicidade, cuja fonte é a natureza em suas inspirações mais límpidas e amáveis.

UM LIVRO QUE INSPIRA E  RECONFORTA NUMA ÉPOCA DE PERPLEXIDADE.

Poucos livros têm alcançado o sucesso de  “ O PROFETA”.

Em 1923, ano de seu lançamento em Nova Iorque, venderam-se dele 1.100 exemplares. E o editor, Alfred A Knopf, considerou esgotadas as possibilidades de um livro estranhamente místico no ambiente pragmático e mecanizado dos EUA.

Mas, para surpresa sua, as vendas começaram a aumentar. Alcançaram 8.500 exemplares em 1926; 12.000 em 1936; 13.000 em 1937; 60.000 em 1944. Em 1957, já haviam sido vendidos um milhão de exemplares; em 1965, dois milhões; em 1972, quatro milhões. E o gráfico continua a subir. Atualmente, dele se vendem somente nos EUA, meio milhão de exemplares por ano, ou quase 2.000 exemplares por dia. No Brasil é um best-seller permanente, como a Bíblia, tendo edições sucessivas de 50 a 100.000 exemplares. Quem o descobre sente alegria em revelá-lo aos amigos. Milhares de celebridades no mundo todo, como a ex-rainha da Grécia e a mulher de Gerald Ford, adotaram-no como livro de cabeceira.

Como explicar tal fenômeno?

A primeira prende-se aos próprios temas nele tratados e à moldura na qual  são tratados. Os temas são básicos da vida humana: o amor, o casamento, a liberdade, a religião, o comer e o beber, a amizade, os filhos, o trabalho, a morte e outros assuntos análogos. A moldura é o vasto e livre espaço da natureza. As parábolas de Al- Mustafa fazem surgir diante de nós os campos, as flores, a abelha, o córrego, o trovão e também o lenhador, o semeador, o pastor e os trabalhos primitivos pelos quais o homem tirava sua substância da natureza sem a intervenção da máquina.

E esse retorno simultâneo à natureza e aos temas mais singelos da existência, seduziu o leitor moderno, prisioneiro de mil artifícios e cheio de nostalgia por outros tempos e uma outra vida.

O segundo segredo está no encontro da originalidade e beleza do pensamento com a originalidade e beleza do estilo.

Gibran descobre, mesmo nesses assuntos eternos, aparentemente esgotados, aspectos novos e sugestivos e descreve-os num estilo quase único nas literaturas contemporâneas.

Iremos a cada mês dialogar com os temas através das palestras da professora Lúcia Helena. Este mês iremos falar sobre o AMOR!!!! Destacarei algumas reflexões feitas da professora Lúcia, pois esta destaca cada frase e contextualiza.

" Gibran vai falar de AMOR que, primeiro se eleva no plano espiritual( o homem tem de elevar a sua capacidade de amar) e depois desce para o plano material (depois cria vínculos mais profundos com os demais). Se ele cria relações horizontais com as pessoas, essas relações são superficiais."


Então, Almitra  disse: “ fala-nos do Amor”.
E ele ergueu a cabeça e olhou para o povo, e o silêncio caiu sobre eles. E em voz poderosa, , ele disse:


"Imagina todas as vozes dentro de você se colocarem para ouvir esse momento de consciência profunda. Isto no geral acontece?

Nós temos uma estrutura mais densa, mais concreta que as tradições chamam de personalidade e que ela tem uma característica:" nada no mundo cala sua boca", a menos que seja muito bem educada. O corpo físico sempre está gerando apelos. Se não estiver com calor, está com frio; em alguns momentos com fome...está constantemente gerando ruídos.

Imagine que você quer ter reflexões mais profundas sobre o sentido da vida; será que essas vozes calam a boca para você poder ouvi-las? Não calam. Quando essa gota de reflexão cai no meio desse monte de ruído, você não identifica, então passamos a vida inteira na superficialidade. Não nos ensinaram a ter auto-controle; a vida nos ensinou mais ou menos, a controlar o corpo físico; o resto, nada mais."

“Quando o amor vos chamar, segui-o,
Embora  os seus caminhos sejam árduos e íngremes.

"Amar significa ser cada vez mais humano. Platão tem uma frase muito famosa que diz: " a melhor coisa que você pode fazer pelas pessoas que ama, é crescer como ser humano, porque só assim você pode garantir alguma coisa a elas. "
Crescer é vertical, é íngreme, exige esforço, é árduo; algumas coisas têm de ser deixadas para trás. O amor é resultado da derrota de certas temeridades, de certos defeitos e uma conquista de territórios novos; de capacidade de fraternidade, de compreensão, de profundidade. Amor e guerra andam juntos. Temos de ser vitoriosos para nos elevarmos a um novo patamar de fraternidade, de entrega que te permita amar cada vez mais verdadeiramente; então algumas coisas vão ficando para trás. O verdadeiro amor te constrói.

E quando as suas asas vos envolverem, abraçai-o,
Embora a espada oculta sob as suas asas vos possa ferir.

O amor vai lapidar você; vai deixar você cada vez mais leve. Quando ele te convidar para este voo ascensional, você tem de estar mais leve para poder voar com ele.É como se você imaginasse que está subindo uma montanha e tem uma mochila bem pesada nas costas, então eu digo para você: " deixa esse travesseiro, essa roupa...e você responde: "não, sem isto eu não subo, porque isto aqui foi fulano quem me deu e eu não abro mão disso."
Então quando você subir a montanha e ver o ar mais rarefeito, você vai perceber que não precisa de determinadas coisas que estão na mochila, pois para continuar subindo, você tem de estar mais leve. Então você vai esvaziando a mochila, quando vai tomando gosto pela subida. Amor é mais ou menos isso: para você ser mais elevado, tem de ser mais puro, algumas coisas têm de ficar para trás."

E quando ele falar convosco, acreditai nele,
Embora  a sua voz possa abalar os vossos sonhos como o vento do norte devasta o jardim.

"O amor vai fazer com que vente tudo o que é artificial. Aquilo que não é você, vai ao chão. Porque ele quer você, ele não quer suas fantasias, suas máscaras. Às vezes é muito duro, você ter de constatar o que realmente você é. Isto é a etimologia da palavra inteligência. Intelegere ( escolher dentre); escolher dentre as coisas o que não são àquilo que é, sobretudo, escolher aquilo que você não é; aquilo que é realmente você. Achar-se no meio das máscaras, encontrar você mesmo.
A tradição budista diz: "uma gota do verdadeiro amor justifica uma existência humana. É um laço tão profundo entre os seres humanos que é como se fosse a recuperação da unidade na multiplicidade.
A maior parte das coisas que a gente tem são emoções, são laços muito tênue. O verdadeiro amor, segundo Platão, ou é eterno, ou não é amor.
Eu sempre tenho de saber aonde eu estou e aonde eu quero chegar.

pois  mesmo quando o amor vos coroa, ele  vos crucifica . Mesmo sendo para o vosso crescimento, ele também vos poda.

"Ele vos coroa, ele vos eleva ao ponto mais alto que a sua consciência já atingiu; faz você amar cada vez mais de maneira mais profunda, mais verdadeira. Mas ele vos crucifica por quê? Porque você está acostumado com uma dimensão horizontal. Uma relação horizontal, tudo o que você faz está esperando uma contra - partida. É um toma lá, dá cá. Platão dizia que isto é um nível medíocre de ligação emocional, não é o verdadeiro amor. 
O verdadeiro amor é vertical; é de mão única. Ele não espera outra coisa que não o bem do ser amado. ele é uma ascensão íngreme.
Como é que se produz bons vinhos?
Eles pegam um pezinho da videira e saem cortando todos os galhos inferiores e só deixam aqueles que culminam lá em cima para poder concentrar toda potência da planta; e nesta viagem que a seiva faz, ela vai se depurando. Os países que não têm bons vinhos não querem desperdiçar os galhos que estão nas partes inferior. 
O amor também faz isto: ele poda tudo que é inferior para que você se eleve no que tem de mais nobre. 
Os alquimistas diziam que o amor não é uma bebida humana, é um néctar dos deuses, logo, você não tem de fabricar o amor, você tem de fabricar a taça."

Mesmo quando ele sobe até vós e acaricia os vossos mais tenros ramos, que tremem ao sol, ele também desce até vossas raízes e  abala a vossa ligação com a terra. 

Vcs acham dramática a situação da árvore, não? porque a vida está puxando ela para cima e as raízes grudando elas no chão.
O AMOR vai questionar essas raízes: em que você se baseia para interagir com o mundo? Ele não vai te aceitar na viagem dele se você tem posturas eminentemente egoísta, de projeção da sua personalidade, de ganhar sobre e não, ganhar com.
Se você busca apenas uma realização pessoal e não ser fator de soma na vida do outro; ele não vai aceitar esse tipo de raíz, ele vai questionar as tuas bases. Ele é exigente com as pessoas que alçam voo na viagem dele.
Ele exige que o homem se reconstrua nas suas bases. Não é fácil amar. Exige uma base moral de maturidade humana muito sólida, então ele vai questionar todas as tuas raízes, a interface que você faz com o mundo. A postura que você tem diante da vida, de si mesmo e dos demais; os princípios nos quais você norteia sua vida.
Uma coisa que o AMOR exige é que você se reconstrua em outras bases, é quase como um renascimento( em outras bases) em outro patamar, como uma escada. Nascer em outro patamar.

Como feixes de trigo, ele vos junta a si próprio.
Ele vos ceifa para desnudar-vos.
Ele vos peneira para vos libertar das impurezas .
Ele vos mói até ficardes brancos.
Ele vos amassa até vos tornardes moldáveis.
 e depois,  entrega-vos ao seu fogo sagrado, para que vos torneis pão sagrado para a sagrada festa de Deus .


A primeira coisa que o Amor exige é unidade, é superação da heresia da separatividade,  que é o egoísmo. É não buscarmos a unidade como finalidade de vida. O amor é um ser divino.
vai tirar todas as suas máscaras, vai deixar puro, vai tirar tudo que não é você. Vai exigir de você uma flexibilidade, para se reconstruir em outra forma, não ter apego àquela forma que a gente costuma ver no espelho.
Nossos hábitos, nossos vícios, nossa forma de interagir com a vida. Você tem de estar disposto para reconstruir a si próprio, ser o arquiteto do seu próprio destino. Tem uma passagem do "Livro dos Mortos Egípcios" que diz: "Oh, discípulos! Teu nome interno está no horizonte." Teu nome interno está na tua meta, lá no alto. Aquilo é você: teus sonhos mais ousados, mais nobres, isto é você.
Evoluir é crescer nesta direção, retirando as cascas e tudo aquilo que te impede de ir nesta direção. A grande obra do homem é a construção do próprio homem. 
Sagrado significa a função de dar sentido; quando cada coisa encontra sua identidade dentro do todo, encaixa feito um quebra-cabeça e aí é como se fosse uma grande festa de Deus.
Cada coisa desempenha um papel que ele corresponde.
As plantas quando florescem na primavera, são sagradas, fazem exatamente o que  a Natureza espera de uam planta; os animais quando buscam sobreviver, procriar, são sagrados(eles fazem exatamente o que se espera de um animal); o Sol quando nasce e quando se põe. 
O homem quando se torna humano, ele também é sagrado como uma flor que desabrocha na primavera e o Sol que nasce e se põe. É um ser que encontrou o seu lugar dentro da festa sagrada de Deus. Quando você encontra sua identidade, tudo se encaixa, que é o grande quebra-cabeça de Deus: a unidade.
Tudo se harmoniza.
O ser com grande perigo de extinção é o SER HUMANO. 

Todas essas coisas vos fará o amor até que conheçais os segredos do vosso coração e , com esse conhecimento, vos torneis um fragmento do coração da Vida.

Há uma história indiana que compara a evolução do ser humano com uma pérola de um colar. imagine que seja um colar de acrílico e um fio de nylon passando no meio. Vocês conseguem imaginar cada uma dessas pedrinhas como se fosse um ser consciente e inteligente para imaginar a história dela?
Imagine como começa a história da perolazinha...
A princípio ela só olha para fora, para sua superfície e fica competindo com as outras: "olha como eu sou a mais brilhante e redondinha deste colar!" Em determinado momento, ela esgota, ela acha cansativo e passa a ter necessidade de se conhecer mais profundamente. Mas a consciência dela , só está acostumada a reconhecer aquilo que ela é, superficialmente, ou seja, o acrílico.
Quando ela olha para dentro, o que passa lá dentro não é acrílico, então ela não vê nada. Ela se sente vazia, sente aquele vazio interior, angústia e começa a buscar. Um dia, depois de tanto buscar, ela vai depurar a vista por querer ver; ela vai acabar vendo e vai reconhecer aquele pedacinho de nylon que passa dentro dela.
Ela vai dizer: "encontrei minha essência! Isto é minha essência. É isto que eu sou."  E vai perceber que todas as pérolas têm. Vivem em função da aparência, mas têm uma essência que precisa encontrar e vai se sentir muito realizada com isto, mas isto não é o fim da história. O fim da história é quando ela descobrir que aquele pedacinho de fio que passa por todas as pérolas é um só.
A essência dos seres é UNA.
É aí que o AMOR quer te levar: para que você perceba a tua essência e perceba a unidade.
Você acha que a partir do momento que você percebe a tua essência, você vai ter espaço para violência, separatividade? Isto é resultado da ignorância e do egoísmo. O AMOR te leva à tua essência para depois fazer com que você revele ao mundo a BOA NOVA.

Mas, se por medo, procurardes só  a paz do amor  e o prazer do amor , então é melhor que oculteis a vossa nudez e vos  afasteis do amor ,para mundo sem estações, onde rireis , mas não com todo o vosso riso, e chorareis, mas não com todas as vossas lágrimas.

Você quer um amor como entretenimento e não como aperfeiçoamento. O amor tem como eixo a construção do teu próprio coração. A construção de você como ser humano. 

O amor só se dá a si e não tira nada senão de si. O amor não possui, nem é possuído; pois o amor é suficiente ao amor.

O amor só precisa do bem do ser amado. Ele só precisa da certeza de que está amando. Ele não precisa de contrapartida. Se precisa de contrapartida, é um investimento, está impregnado de egoísmo. Ele se realiza em oferecer, em jorrar.. se bebem, ou se não bebem.. Eu abri a porta..Quantos passaram por ela? Não importa. Importa que eu cumpri o meu papel.

Quando amardes ,não deveis dizer  “Deus está em meu coração”, mas antes, “Eu estou no coração de Deus”.
E não penseis que podeis alterar o rumo do amor, pois o amor, se vos  achar dignos, dirigirá o  vosso curso.

Tem um pensador romano chamado Cícero que diz o seguinte: "Se amas e te tornas mais nobre, mais altruísta, mais bondoso, mais voltado para a dor da humanidade, realmente amas; se amas e te tornas mais egoísta, mais isolado, mais voltado apenas para os teus interesses, não amas e nem ama a ninguém que assim o faça. O amor tem uma direção única: tornar mais humano. "Pelas vossas obras, vos conhecereis."

O amor não tem outro desejo que o de se preencher a si próprio.
Mas se  amardes e  precisais ter  desejos, que sejam esses os vossos desejos:

O amor não tem outro desejo que é preencher aquela parte que falta para sermos um ser humano de verdade. Fazer com que você sacralize sua vida e ocupe o seu lugar no universo humano. faça aquilo que a Natureza espera de você. O amor não tem outro desejo, que não ser amor com A maiúsculo. Ele não exige nada fora. Tudo o que ele quer está nele mesmo. Tudo mais será dado por acréscimo.

Fundir-se e ser como um regato que corre e canta a sua melodia para a noite.
Conhecer a dor do carinho demasiado.
Ser ferido pela vossa própria compreensão do amor.
E  sangrar por vossa própria vontade,  com alegria.

Os regatos, os rios correm para o mar. Todos os seres diferenciados correm para unidade, como a gota d'água corre para o oceano. Os riachos são felizes correndo para o mar. E o homem correndo para a sua sabedoria: valores, virtudes.. A maior felicidade dos seres humanos está em serem para aquilo que foram criados. Gibran, um dia disse para Mary: "Eu pedi emprestado o coração de Deus para te continuar amando".

Acordar ao  amanhecer ,com um coração alado e dar  graças por mais um dia de amor;
Descansar ao meio-dia e meditar sobre do êxtase do amor;
Regressar a  casa à noite com gratidão;
E depois, adormecer com uma prece ao bem amado em vosso coração, e um cântico  de louvor em vossos lábios.”

É a sacralização da vida, sacralização do tempo. Sagrado é a função de dar sentido. Segundo Sri Ran "Você deve perder todos os dias o seu coração e passar todos os dias em busca do seu coração e ao fazê-lo, você descobrirá que o teu coração, é o coração de todas as coisas"; ou seja, fazer do teu dia as coisas que você tem de fazer, isto é um meio; o fim é: encontrar o teu coração nas coisas, ele está em todos os lugares












CLÁSSICO: MADAME BOVARY


     
          O livro conta a história de Emma Bovary , uma jovem sonhadora, leitora de romances, que um belo dia se casa com um Oficial de saúde, chamado Charles Bovary.
No início do livro, Flaubert nos apresenta a infância de Charles, uma pessoa extremamente limitada. Nas palavras do narrador: “Cumpria suas pequenas tarefas cotidianas como um cavalo de circo; diferente de Emma , uma mulher extremamente inconformada com o seu cotidiano, que vai atrás de algumas satisfações para o seu ser. Segundo o o narrador: “[…]Emma buscava saber o que significavam exatamente as palavras felicidade, paixão e embriaguez, que tão belas lhe pareceram nos livros.”
        O encontro dar-se quando o pai de Emma quebra a perna e quem irá socorrê-lo é Charles. Vale ressaltar que Charles era casado com uma viúva muito mais velha do que ele. Era uma mulher de posses, porém extremamente ciumenta e controladora.  Não demorou muito para ficar viúvo e cortejar Emma.
        Emma é uma garota que foi criada em um convento e, para passar os dias, deleitava-se em romances, o que a tornou uma jovem sonhadora e que idealizava os romances perfeitos tipo: “ E viveram felizes para sempre”... como nos livros que lia ; só que nos primeiros meses do casamento, ela foi percebendo que a realidade era completamente diferente.
       Um belo dia, eles são convidados para uma festa em um castelo. Lá ela dança com um Visconde, vê as pessoas tão bem vestidas e a casa que ela sempre desejou. Depois de tudo isto, voltar para seu cotidiano se torna insuportável  e começa então a partir daí as suas inquietações.
Charles tem muito carinho por Emma e acredita que ela esteja doente, sofrendo dos nervos. Neste momento, ele recebe uma proposta de trabalho irrecusável. Um pequeno vilarejo que está sem médico. Esta é uma oportunidade para que ele cresça profissionalmente e também para proporcionar uma mudança de ares para Emma, que está grávida.
     Na segunda parte do livro, observamos a insatisfação de Emma com o casamento e a maternidade. Ela entra em contato com o jovem escrivão Leon e sente-se  atraída pela beleza dele e sua bagagem cultural. Ambos gostam de conversar sobre livros e novidades. Depois de um tempo, Leon muda-se para Rouen e a deixa deprimida.
     Ela apaixona-se por um aristocrata, Rodolphe, com quem vive ardentes aventuras. Ela deseja fugir com ele, tal qual acontece nos romances. Ele, porém, a descarta com uma carta de despedida escrita com muito cinismo. Rodolphe, é um tipo de Bon Vivant do campo, com quem ela tem um caso meramente carnal e que a abandona quando ela almeja mais dele. 
     Após ser abandonada por Rodolphe, ela volta a reencontrar o escrivão, agora mais velho, e vive com ele também um caso . Enquanto isso acontece, a personagem acaba envolvendo-se em empréstimos exuberantes a fim de satisfazer sua luxúria e seu consumismo, precocemente vislumbrado pelo autor. Ao final, sem amantes e arruinada financeiramente, Emma envenena-se.  Charles, de amor, não suportando a realidade da traição da esposa, acaba morrendo também.
      No dia 7 de fevereiro de 1857, Gustave Flaubert foi absolvido da acusação contra seu livro Madame Bovary, considerado imoral pelas autoridades francesas. Dias antes, Flaubert proferira a célebre resposta à pergunta sobre quem seria Madame Bovary: “Emma Bovary c’est moi” (Emma Bovary sou eu). Acusado de ofensa à moral e à religião, o processo foi movido contra o autor e o editor Laurent Pichat, diretor da revista Revue de Paris, onde a história foi publicada pela primeira vez, em episódios e com cortes. Como costuma acontecer, quanto maior o escândalo, maior o interesse provocado nos leitores, que adquirem a obra, que já era notável, movidos pelo sabor do escândalo.
    A Sexta Corte Correcional do Tribunal do Sena absolveu Flaubert, mas certo puritanismo da época condenou o autor. Muitos críticos não perdoaram Flaubert pelo cru realismo dado ao tema do adultério, pela crítica ao clero e à burguesia.


    Desta Emma nasce o termo bovarismo, doença que consiste na fuga da realidade. É o hábito das pessoas se olharem no espelho e se verem mais bonitas, ricas ou inteligentes do que são na realidade. É ter ambições aquém de suas possibilidades e que nenhuma realidade pode satisfazer. Madame Bovary é uma amarga crítica à estupidez humana. Fala do inconformismo da infelicidade humana.

segunda-feira, 26 de março de 2018

FILME : O TEMPERO DA VIDA

"Às vezes, devemos usar os temperos errados para provar um ponto de vista. Adicionar algo diferente."

"Tanto a comida como a vida requerem sal para se tornarem mais gostosas."

Cominho é um tempero muito forte. Deixa as pessoas introspectivas. A canela faz as pessoas olharem umas nos olhos das outras. Se quer dizer 'sim', então adicione canela."

"Vovô dizia que o termo 'gastronomus' contém o termo 'astronomus'."

"A pimenta é quente e queima como o sol. E o sol vê tudo. É por isso que a pimenta vai bem em todas as comidas."

"Afrodite era a mais bela de todas as mulheres. E Afrodite é a canela. Doce e amarga como todas as mulheres."


LIVRO DE CONTO: NO SEU PESCOÇO DE CHIMAMANDA ADICHIE



Como faço parte de um clube do livro, esta foi a obra que lemos no mês de março.
    O livro "No seu pescoço" foi editado em 2009, porém só foi traduzido para o Português em 2017.
      Este foi o primeiro livro que li da escritora; mas já a conhecia na TEDx em 2012 "Sejamos Todos Feministas" . Que discurso maravilhoso! Um dos melhores que já vi. A forma como ela fala é tão leve, mas ao mesmo tempo tão segura. É incrível, verdadeiramente incrível, desconstruindo a ideia de que ser feminista é não ser feminina, em que o feminismo é sinônimo de odiar homens e queimar sutiãs. Ela conta sobre as desvantagens e desafios de ser um indivíduo do sexo feminino numa sociedade com estes valores; e fala também sobre o enorme prejuízo que causamos aos meninos; e por consequência à sociedade, que se torna cada vez mais machista e retrógrada; com a maneira como os criamos.
      Segundo Chimamanda "os gêneros importam em qualquer lugar do mundo, mas quero focar a Nigéria e a África em geral, porque as conheço e porque é onde meu coração está. Nós precisamos criar nossas filhas de maneira diferente. Também devemos criar nossos filhos de maneira diferente.                   Causamos um enorme prejuízo aos meninos com a maneira como os criamos; reprimimos a humanidade dos garotos. Definimos a masculinidade de uma maneira muito limitada, transformando-a numa pequena e rígida gaiola e colocamos os garotos dentro dessa gaiola.Ensinamos os garotos a temerem o medo. Nós ensinamos os garotos a temerem o medo da fraqueza, da vulnerabilidade. Nós os ensinamos a mascarar o seu verdadeiro "eu" porque eles têm que ser, no discurso nigeriano, "homens fortes!" Mas de longe, a pior coisa que fazemos aos homens, fazendo com que sintam que precisam ser fortes, é que os deixamos com egos muito frágeis. Quanto mais forte ele se sente compelido a ser, mais fraco é seu ego. E Então, causamos um grande prejuízo às garotas porque as criamos para atender os egos frágeis dos homens. Ensinamos as garotas e se diminuírem, a tornarem-se menores. Dizemos "Você pode ser ambiciosa, mas não muito". "Você deve desejar ser bem sucedida, mas não muito, ou você ameaçaria o homem."
         Chimamanda é hoje uma das vozes mais influentes da literatura africana.
O livro "No seu pescoço" é composto de 12 contos. Destacarei 3 contos desta obra.
         Primeiro: "Réplica" - A escritora mostra que nigerianos não têm vida fácil no país hospedeiro,sejam ricos ou pobres. Neste conto, temos a esposa que mora nos EUA, enquanto o marido vive na Nigéria. A mudança deu-se para proporcionar aos filhos um futuro melhor, mas ao tomar conhecimento de uma possível traição do marido, Nkem revê seus valores tendo como base o processo de empoderamento.
     Segundo: “Uma experiência privada”. Durante um conflito entre muçulmanos e cristãos na cidade de Kano, na Nigéria, a estudante de medicina, Chika é salva por uma feirante muçulmana. Para se protegerem, elas se escondem numa loja abandonada. Ali, compartilham uma relação temporária de intimidade. “’Eu me lavar e rezar’, diz a mulher, falando mais alto. Ela sorri pela primeira vez, mostrando dentes todos do mesmo tamanho, os da frente manchados de marrom. Suas covinhas formam buracos em suas bochechas, fundos o suficiente para engolir a metade de um dedo e incomum num rosto tão magro. A mulher lava desajeitadamente as mãos e o rosto na torneira e então tira o lenço do pescoço e o estende no chão. Chika desvia o olhar. Ela sabe que a mulher está de joelho, virada para Meca, mas não observa. A prece é como o choro da mulher, uma experiência privada, e Chika lamenta não poder deixar a loja. Ou não poder, ela também, rezar, acreditar num deus, ver uma presença onisciente no ar parado da loja. Chika não se lembra de uma época em que sua ideia de Deus não era indefinida, como o reflexo no espelho embaçado de um banheiro, e não se lembra sequer de ter tentado limpar o espelho.” (página 59) 
       Terceiro : "No Seu Pescoço" é narrado em segunda pessoa, por isso o leitor acaba se tornando o próprio personagem. A história é de uma menina que se muda para os Estados Unidos para cursar a universidade, contudo umas mudanças em seu destino acaba a fazendo sair da casa do tio, morar sozinha e trabalhar como garçonete. É nesse trabalho que ela conhece um rapaz que ficou encantado por ela, e que fugia completamente dos padrões em que todos acreditavam que ela deveria namorar por ser branco dos olhos verdes. Durante todo o conto temos a luta desse casal com culturas tão diferentes vivenciando na pele todo o preconceito das pessoas ao redor. Os olhares tortos, os sorrisos forçados, os conflitos, é como se você estivesse ali passando por isso. É uma técnica tão simples que te faz trocar de lugar com a personagem e refletir melhor sobre o assunto abordado.

bordado.


domingo, 25 de março de 2018

BIOGRAFIA KHALIL GIBRAN




Gibran Khalil Gibran nasceu em 6 de janeiro de 1883, em uma católica família maronita da histórica cidade de Bsharri, no norte do  Líbano. Nesta época, o Líbano era uma província turca, pertencente ao domínio otomano. Porém, Bsharri, pátria dos maronitas, fazia parte do Monte Líbano, uma região autônoma e independente, desde 1861, em virtude dos constantes conflitos entre drusos e maronitas, que levaram a diplomacia europeia a pressionar o sultão Abdulmecid I a dividir o país, por religiões. 

Sua mãe, Kamileh Rahmeh, era filha de um prestigiado sacerdote maronita de Bsharri, chamado Istiphan Rahmeh. Ela era descrita como uma mulher graciosa, fina com uma ligeira palidez nas bochechas, e uma sombra de tristeza em seus olhos. Kamileh tinha uma bela voz para cantar, e era uma pessoa religiosa e muito devota. Quando ela atingiu a idade núbil, ela foi casada com um primo de seu próprio clã, chamado Hanna Abd Al-Salaam Rahmeh. 

No entanto, como muitos libaneses de seu tempo, ele emigrou para o Brasil, em busca de fortuna, mas enquanto estava lá, ele morreu, deixando Kamileh e o filho pequeno, Boutros (Pedro), sozinhos. Algum tempo depois da morte de Hanna Rahmeh, Kamileh já com 30 anos, casou-se com Khalil Gibran, e com ele, Kamileh teve Gibran, e duas filhas: Marianna em 1885, e Sultanah, em 1887. Devido à pobreza de sua família, Gibran não recebeu educação formal, os sacerdotes locais o visitavam, e o ensinavam religião, árabe e língua siríaca. 

Gibran foi uma criança solitária e pensativa, que apreciava a paisagem natural da cidade, as montanhas, a cascata, o vale do Qadisha, os vilarejos vizinhos, e os cedros, cuja beleza influenciou dramaticamente, seus desenhos e escritos. Aos dez anos, Gibran caiu de um penhasco, e feriu o ombro esquerdo, que permaneceu fraco para o resto de sua vida. Sua família amarrou uma cruz em torno do ombro durante 40 dias, o que fez com que Gibran se lembrasse das peregrinações de Cristo no deserto. Desde pequeno, Gibran foi apaixonado por desenho, no inverno, se não havia papel na casa para desenhar, ele passava horas desenhando formas e figuras na neve fresca. 

Aos quatro anos, ele cavou alguns buracos no chão, e cuidadosamente plantou minúsculos pedaços de papel, esperando que a safra do verão lhe fornecesse uma oferta abundante de papel. Quando ele tinha cinco anos, ele recebeu um canto em sua pequena casa, que ele rapidamente preencheu com uma loja de sucata perfeita, com pedras, anéis, plantas, e uma coleção de lápis de cor. Se ele ultrapassava o papel quando estava desenhando, ele improvisava, e continuava seus desenhos nas paredes. Um de seus maiores prazeres era criar imagens em chumbo, usando velhas latas de sardinha. Ele costumava colocar o chumbo no fogo para derreter, e em seguida, preenchia as duas metades da lata com areia fina, e úmida. Em seguida, pressionando a imagem entre os dois, ele raspava a areia espremida, colocando as duas metades juntas novamente, e despejando o chumbo no molde, até que a imagem esfriasse. 


Inovador e curioso, Gibran sempre inventava, e criava coisas. Aos seis anos, ele ficou fascinado por uma imagem de Leonardo da Vinci, que lhe foi dada por sua mãe. Ele nunca se esqueceu desse dia, e da paixão que ele sentiu naquele instante, com a descoberta daquele “homem incrível”, que agiu em Gibran “como uma bússola em um navio perdido nas brumas do mar”, despertando nele, o desejo de se tornar um artista. Durante toda a sua vida, ele foi fascinado tanto pela personalidade, quanto pela arte de Da Vinci.

Apesar das discussões que muitas vezes irrompiam em sua casa, Gibran lembrava-se dos dias mais felizes, quando ele acompanhava seus pais em seus passeios pelo norte do Líbano. Quando ele tinha oito anos, seus pais o levaram para ver o mar pela primeira vez. Ele lembrava-se, já na idade adulta, das impressões que ele teve, vividamente: "O mar estava diante de nós. O mar e o céu eram de uma só cor. Não havia horizonte, e a água estava cheia de grandes navios à vela do Leste, com tudo pronto. Enquanto passávamos atrás das montanhas, de repente eu vi o que parecia um céu imensurável, e os navios de vela nele". Em outra ocasião, seus pais o levaram às ruínas de Baalbek, a Cidade do Sol, na cidade de Baal. Em uma floresta perto das ruínas imponentes, e em meio ao silêncio assustador do santuário, a família acampou por quatro dias. 

Certa manhã, no pórtico de um antigo templo, Gibran encontrou um homem solitário, sentado no cilindro de uma coluna caída, olhando para o leste. Ele ousado o suficiente para lidar com o estranho, perguntou o que ele estava fazendo.  - "Eu estou olhando para a vida", foi o que o homem lhe respondeu.  - "E isso é tudo?", perguntou Gibran. - "E não é o suficiente?" perguntou-lhe o homem. Memórias como esta, ficaram com Gibran por toda a sua vida, e a "Cidade do Sol", foi citada em muitos de seus primeiros escritos. 

O pai de Gibran, um homem forte, robusto, com pele clara e olhos azuis, que havia recebido apenas o ensino fundamental, era um homem de considerável encanto físico, e um dos homens fortes da cidade, muito temido pela família, e nada amoroso. Ele trabalhava numa farmácia, mas o álcool e o vicio por jogos de azar, fizeram-no contrair dívidas, o que acabou levando-o a trabalhar num cargo administrativo para os otomanos. Porém, em 1891, após diversas reclamações, ele foi removido do cargo e investigado, e na sequência, preso por peculato. A propriedade da família foi confiscada pelas autoridades e Gibran, juntamente com sua família, foi morar com familiares.  

Kamileh tinha um temperamento forte, e mesmo após a libertação do marido, em 1894, estava decidida a seguir o irmão, e mudar-se para o EUA. O pai de Gibran não quis acompanhá-los, e Kamileh partiu sozinha com os filhos para os EUA, em Junho de 1895. Já em território americano, a família estabeleceu-se no extremo sul de Boston, onde Kamileh começou a trabalhar como vendedora ambulante de rendas, roupas de cama, e também como costureira. Crescendo em outro período empobrecido de sua vida, Gibran se lembrava do sofrimento dos primeiros anos, que deixou uma marca indelével em sua vida, e então ele passou a reinventar suas memórias de infância, dissipando a sujeira, a pobreza e os insultos. 

O trabalho das instituições de caridade, nas áreas de imigrantes pobres, permitia que os filhos de imigrantes frequentassem as escolas públicas. Gibran foi o único membro de sua família a frequentar a escola, em Setembro de 1895, ao contrário de suas irmãs que, devido às tradições do Oriente Médio, e dificuldades financeiras ficaram em casa.  Gibran foi matriculado numa classe especial para imigrantes, para aprender inglês, e erroneamente ele  foi registrado como “Kahlil Gibran”, um fato que se manteve inalterado por toda sua vida, mesmo após inúmeras tentativas de restaurar seu nome completo.  


Com o trabalho árduo de Kamileh, e o apoio emocional que ela oferecia aos filhos, uniu a pequena família, que superou as dificuldades financeiras, e permitiu inclusive, que Pedro abrisse uma loja de artigos onde as irmãs podiam trabalhar com ele. O introvertido e pensativo Gibran, pôde se misturar à vida social de Boston e explorar o mundo da arte e da literatura, e sua curiosidade o expôs ao rico mundo do teatro, da ópera e de galerias artísticas. Incitado pelas cenas culturais em torno dele, e através de seus desenhos, um hobby que ele tinha desde a infância no Líbano, Gibran chamou a atenção de seus professores, que viram um futuro artístico para o menino. 

Em 1896, entraram em contato com Fred Holland Day, um artista, editor, e fotógrafo, que passou a incentivar e apoiar Gibran, abrindo assim, seu mundo cultural e o colocando-o no caminho para a fama artística. Fred Holland Day introduziu Gibran na mitologia grega, na literatura mundial, nos escritos contemporâneos e na fotografia, sempre cutucando o curioso libanês, a buscar a autoexpressão. A educação liberal, e a exploração artística não convencional de Day, influenciou Gibran, e levantou sua autoestima, que havia sido machucada pelo tratamento que ele havia recebido por ser um imigrante, além da pobreza pela qual ele havia passado.  

Gibran era um rápido aprendiz e devorava tudo o que Day lhe dava para ler, mesmo tendo dificuldades no inglês, sua primeira crença religiosa proferida, após uma leitura oferecida por Day foi: “Eu não sou um católico, eu sou um pagão”.  Gibran, sempre incentivado por Day, passou a aprimorar seus desenhos, e a desenvolver sua própria técnica e estilo, e alguns de seus desenhos acabaram se tornando capas de alguns livros publicados na editora de Day, em 1898, o que trouxe a Gibran, uma fama em idade precoce. 
Todavia, Kamileh e Pedro, queriam que ele absorvesse mais de sua própria herança, e não apenas a cultura estética ocidental da qual ele estava tão atraído, além da preocupação com o sucesso precoce que ele vinha ganhando, e que poderia lhe causar problemas futuros. 

Decidiram então que Gibran deveria voltar para o Líbano, para terminar seus estudos e aprender o árabe. Então, aos 15 anos, Gibran voltou à sua terra natal para estudar numa escola maronita de preparação ao ensino superior em Beirute, chamada “Madrasat Al-Hikma” (A Sabedoria). 

Gibran se recusou a cumprir o currículo paroquial, exigindo que fosse feita uma restauração na sua grade individual, de acordo com suas necessidades educacionais, um gesto indicativo da natureza rebelde e individualista de Gibran. No entanto, a escola concordou com seu pedido, editando o material do curso ao agrado dele, que decidiu mergulhar na língua árabe bíblica, intrigado com seu estilo e escrita. 

Como estudante, Gibran deixou uma ótima impressão em seus professores e colegas, que ficaram impressionados com o seu comportamento estranho e individualista, sua autoconfiança, e seu cabelo longo, não convencional. Seu professor de árabe viu nele "um coração amoroso, mas controlado, uma alma impetuosa, uma mente rebelde, um olho zombando de tudo o que via". O ambiente rigoroso e disciplinado da escola não agradava Gibran, que violava os deveres religiosos, ignorava as aulas, e desenhava nos livros. Na escola Gibran conheceu Joseph Hawaik, e juntos criaram uma revista estudantil intitulada “Al-Manarah”, onde Gibran fazia a parte de ilustração. 

Enquanto isso, Josephine Peabody, uma jovem de 24 anos, que chamou a atenção de Gibran durante uma das exposições de Day, ainda em Boston, ficou intrigada com o jovem artista que dedicou um desenho para ela, e começou a se corresponder com Gibran no Líbano. Eles ficaram envolvidos romanticamente, através de correspondências, por muitos anos. Gibran terminou a faculdade em 1902, fluente em árabe e francês, e com um excelente currículo, especialmente em poesia. Sua relação com o pai se deteriorou, e ele foi morar com um primo pobre, situação que remexeu nas suas piores lembranças, que ele tanto detestava, e sentia vergonha. Sua segunda fase de pobreza no Líbano se agravou com a notícia da doença de sua família em Boston; cerca de duas semanas antes de voltar para Boston, sua irmã Sultanah de 14 anos, morreu de tuberculose, e no ano seguinte, Pedro e sua mãe morreram de câncer. 

Cronologia resumida da obra e trajetória artística de Gibran:

1903-1908 - De novo em Boston, Gibran escreve poemas e meditações para o 'Al-Muhajer' (O Emigrante), jornal árabe publicado em Boston. Seu estilo novo, cheio de música, imagens e símbolos, atraiu a atenção do mundo árabe, nessa época, ele desenhava e pintava numa arte mística, que lhe era própria. Uma exposição de seus primeiros quadros despertou o interesse de uma diretora de escola americana, chamada Mary Haskell, que lhe ofereceu custear seus estudos artísticos em Paris.

1908-1910 - Em Paris, ele estudou na Académie Julien, e trabalhou freneticamente, além de ter frequentado museus, exposições e bibliotecas. Conheceu Auguste Rodin. Uma de suas telas foi escolhida para a Exposição das Belas-Artes de 1910. Neste ínterim, morreu seu pai. Voltou a Boston e, no mesmo ano, mudou-se para Nova York, onde permaneceu até o fim de sua vida. Morava só, num apartamento sóbrio, que ele e seus amigos chamam de 'As-Saumaa' (O Eremitério). Mariana, sua irmã, permaneceu em Boston. Em Nova York, Gibran reuniu em torno de si, uma plêiade de escritores libaneses e sírios, que embora estabelecidos nos EUA, escreviam em árabe com idênticos anseios de renovação. O grupo formou uma academia literária que se intitulava 'Ar-Rabita Al-Kalamia' (A Liga Literária), e que muito contribuiu para o renascimento das letras árabes. Seus porta-vozes foram, sucessivamente, duas revistas árabes editadas em Nova York: 'Al-Funun' (As Artes) e 'As-Saieh' (O Errante).

1905-1920:  Gibran escreveu quase que exclusivamente em árabe, e publicou sete livros nessa língua: em 1905, “A Música”; em 1906, “As Ninfas do Vale”; em 1908, “As Almas Rebeldes”; em 1912, “Asas Partidas”; em 1914, “Uma Lágrima e um Sorriso”; em 1919, “As Procissões”; e em 1920, “Temporais”. Após sua morte, foi publicado um oitavo livro, sob o título de “Curiosidades e Belezas”, composto de artigos e histórias já publicadas em outros livros, e de algumas páginas inéditas.

1918 – 1931: Gibran, nesta época, havia parado de escrever em árabe, e dedicou-se ao inglês, no qual produziu também oito livros: em 1918, “O Louco”; em 1920, “O Precursor”; em 1923, “O Profeta”; em 1927, “Areia e Espuma”; em 1928, “Jesus, o Filho do Homem”; e em 1931, “Os Deuses da Terra”. Após sua morte, foram publicados mais dois: em 1932, “O Errante”; em 1933, “O Jardim do Profeta”. Todos os livros de Gibran foram lançados por Alfred A. Knopf, um dinâmico escritor americano, com inclinação para descobrir e lançar novos talentos. Ao mesmo tempo em que escreveu, Gibran se dedicou a desenhar e pintar. Sua arte, inspirada no mesmo idealismo que lhe inspirou os livros, distinguiu-se pela beleza e a pureza de suas formas. Todos os seus livros em inglês foram por ele ilustrados, com desenhos evocativos e místicos, de interpretação às vezes difícil, mas de profunda inspiração. Seus quadros foram expostos várias vezes, com êxito, em Boston e Nova York. Seus desenhos de personalidades históricas são também célebres.

Estilo e temas recorrentes:
Gibran era um grande admirador do poeta e escritor, Francis Marrash,  cujas obras ele tinha estudado em Al-Hikma, escola em Beirute. De acordo com o orientalista, Shmuel Moré, as próprias obras de Gibran ecoavam o estilo de Marrash, muitas de suas ideias, e às vezes, até mesmo a estrutura de algumas de suas obras. Muitos dos escritos de Gibran lidavam com o cristianismo, especialmente sobre o tema do amor espiritual. Mas o misticismo foi uma convergência de várias influências diferentes: o cristianismo, o islamismo, o sufismo, o hinduísmo e a teosofia. Ele escreveu: "Você é meu irmão, e eu te amo, eu te amo quando você prostra-se em sua mesquita, e ajoelha-se em sua igreja e reza em sua sinagoga. Você e eu somos filhos de uma só fé, o Espírito"


Recepção e influência:

A mais conhecida obra de Gibran é “O Profeta”, um livro composto por vinte e seis ensaios poéticos. Sua popularidade cresceu durante os anos 60, porém ele foi publicado pela primeira vez em 1923. O livro “O Profeta”, nunca esteve fora dos catálogos, e foi traduzido em mais de quarenta idiomas, é um dos livros mais vendidos do século XX, nos Estados Unidos. 

Concepções Religiosas:
Embora criado como um cristão maronita, Gibran, como um árabe, foi influenciado não só pela sua própria religião, mas também pelo Islã e, especialmente, pela mística dos sufis. Seu conhecimento da história sangrenta do Líbano, com suas lutas entre facções destrutivas, reforçou sua crença na unidade fundamental das religiões. 


Pensamento Político:
Gibran não era um político, e costumava dizer: "Eu não sou um político, nem desejo de se tornar um, poupe-me dos acontecimentos políticos e lutas de poder, como toda a terra é minha pátria e todos os homens são meus compatriotas". Porém, o nacionalismo viveu em sua mente, mesmo na fase tardia, lado a lado com o internacionalismo. 

A partir de 1923, Gibran desenvolveu um estreito relacionamento de correspondências com uma poetiza libanesa, chamada May Ziade. De fato as correspondências começaram por volta de 1912, quando ela lhe escreveu para falar como ela havia sido tocada pela história de Selma Karameh, no livro “The Broken Wings”.  May era uma escritora intelectual, e defensora ativa da emancipação feminina, nascida na Palestina, onde recebeu educação clássica num colégio de freiras, ela mudou-se para o Cairo, onde seu pai iniciou um jornal. Semelhante a Gibran, ela era fluente em árabe, inglês e francês, e desde 1911 ela começou a publicar seus poemas sob o pseudônimo de “Isis Copia”. Ela achou “The Broken Wings” muito liberal até para seus próprios gostos, mas a questão das mulheres movia sua vida, a paixão entre ela e Gibran era comum.

May passou a substituir Haskell, como editora nos anos seguintes, e em 1921, Gibran recebeu uma foto dela, eles se corresponderam até os últimos dias de vida de Gibran. O papel de Haskell na carreira literária de Gibran foi diminuindo lentamente, mas ela o socorreu quando ele fez alguns maus investimentos, ela sempre lidou com assuntos financeiros, e sempre esteve presente para livrar Gibran de sua péssima administração financeira.  Mesmo quando ela se mudou para o sul, para se casar com um fazendeiro, ele ainda continuou a confiar nela, inclusive sobre a pretensão de dar continuidade ao livro “O Profeta”, cuja segunda parte deveria se chamar “O Jardim do Profeta”, e a terceira parte, “A Morte do Profeta”. Devido ao seu estado de saúde, que foi começou a se deteriorar, e de sua preocupação com a escrita de seu maior livro em inglês, “Jesus, o Filho do Homem” a continuação de “O Profeta” foi colocada de lado.

Gibran contratou uma nova assistente, para substituir Haskell, chamada Henrietta Breckenridge, que desempenhou um papel importante após a sua morte. Ela organizou suas obras, ajudou a editar seus escritos, e conseguiu seu estúdio para ele. Em 1926, Gibran tornou-se uma figura de renome internacional, uma posição que era do seu agrado. Na época, ele tinha começado a trabalhar em um novo livro em inglês, “Lázaro e Sua Amada”, que foi baseado em um trabalho árabe anterior, e se tratava de uma coleção dramática de quatro poemas contando a história bíblica de Lázaro, sua busca por sua alma, e seu eventual encontro de sua alma gêmea.   

Em 1928, o livro foi lançado, e foi um sucesso, com ótimas críticas, mas a saúde de Gibran começou a se deteriorar ainda mais, e a dor em seu corpo, devido ao seu estado nervoso, aumentava, e isso levou Gibran a procurar alívio no álcool. Logo, beber em excesso, transformou-o em um alcoólatra, no auge do período de proibição de álcool nos EUA. Nesse mesmo ano, Gibran começou a perguntar sobre a compra de um mosteiro em Bsharri, que pertencia a Carmelitas cristãs. 

A saúde mental de Gibran, e seu vício no álcool, o fez desatar a chorar, durante uma noite de homenagem em 1929, onde lamentando a fraqueza de suas obras maduras, ele afirmou que havia perdido o seu poder criativo original. Nessa época, os médicos detectaram que a doença física de Gibran, havia se estendido para os fígados. Evitando o problema, e ignorando os cuidados médicos, ele continuou contando apenas com a bebedeira, e para se distrair ele escreveu “Três Deuses da Terra”, em 1930, e comentou com Haskell de sua intenção em abrir uma biblioteca em Bsharri, enquanto ainda planejava escrever a continuação de “O Profeta”. Ele escreve para May Ziade e revelou o seu medo da morte: “Eu sou, May, um pequeno vulcão, cuja abertura foi fechada"

Em 10 de abril de 1931, Gibran morreu aos 48 anos, no Hospital São Vicente, em Nova York, o câncer se espalhou em seu fígado, e deixou-o inconsciente. Antes de morrer, ele expressou o desejo de ser enterrado em Bsharri, e deixou uma grande quantia em dinheiro para que fosse enviada ao seu país, para que seus conterrâneos permanecessem no país ao invés de imigrar. 

As ruas de Nova York fizeram uma vigília de dois dias para a honra de Gibran, cuja morte foi lamentada nos EUA e no Líbano. Haskell, Mariana e Henrietta organizaram o estúdio de Gibran e suas obras, separaram livros, ilustrações, e desenhos, para realizar o sonho de Gibran. Marianna e Haskell viajaram em julho de 1931 ao Líbano, para enterrar Gibran em sua cidade natal. 

Os cidadãos do Líbano receberam o caixão com festa, em vez de luto, regozijavam-se pelo seu retorno à sua terra natal, pois a morte de Gibran aumentou sua popularidade. Após o retorno de Gibran, o Ministro libanês de Artes abriu o caixão e honrou o seu corpo, com uma decoração de Belas Artes. Enquanto isso, Marianna e Haskell começaram a negociar a compra do mosteiro carmelita que Gibran pretendia obter.  

Em janeiro de 1932, o mosteiro de Mar Sarkis foi comprado, e Gibran mudou-se para sua última morada. Após sugestão de Haskell, seus pertences, os livros que ele leu, e algumas de suas obras e ilustrações, foram posteriormente, enviados para fornecer uma coleção local no mosteiro, que se transformou em um Museu de Gibran. 


Museu Gibran: 
O antigo Mosteiro de Mar Sarkis, é um museu biográfico em Bsharri, norte do país, há 120 km de Beirute, e dedicado ao artista, escritor e filósofo libanês, Gibran Khalil Gibran. Fundado em 1935, o museu possui 440 pinturas e desenhos originais de Gibran, e guarda o seu túmulo. Também inclui os móveis e pertences de seu estúdio, quando ele morava em Nova York, e seus manuscritos privados. O prédio que abriga o museu e seu túmulo, a pedido de Gibran, tinha para ele um significado espiritual, por ter sido um mosteiro do século VII, do tempo do eremita Mar Sarkis (São Serge). Em 1975, o Comitê Nacional Gibran restaurou e ampliou o mosteiro, para abrigar mais exposições, e em 1995, foi novamente expandido.

Próximo ao túmulo de Gibran está escrito: 

"Eu estou vivo como você, e de pé ao seu lado... Feche os olhos e ao olhar ao redor me verá na sua frente".
 Retirado do blog. Gazeta de Beirute 

POEMA: PROMESSAS DE UM MUNDO NOVO - THICH NHAT HANH

Prometa-me Prometa-me neste dia Prometa-me agora Enquanto o sol está sobre nossas cabeças Exatamente no zênite Prometa-me: Mesmo que eles Ac...