Tati Fukamati, fala das descobertas recentes da neurociência sobre
a empatia, mostra o motivo da empatia ser uma das principais competências do
futuros e como a empatia se conecta com os grandes problemas da atualidade.
Vivemos hoje um
momento de transição, no qual nós, como humanidade, lutamos para superar velhos
modelos e viver de forma mais equilibrada e feliz. Todos queremos um mundo com
menos guerras, violência, desigualdades, injustiças. Todos queremos um mundo
mais pacífico, colaborativo e sustentável. E para que esse novo mundo possa
florescer e se sustentar, uma série de novas competências serão exigidas de
nós. A empatia é umas das principais.
A empatia nada mais
é que a nossa capacidade de se colocar no lugar do outro, enxergar o mundo
pelos seus olhos e compartilhar seus sentimentos. É a nossa capacidade de dar
um mergulho no universo de outra pessoa, grupo ou personagem, compreender suas
perspectivas e sentir “junto”. Quase todos os seres humanos são biologicamente
equipados para expressar empatia, mas
será que de fato o estamos fazendo na forma e frequência que deveríamos?
Os maiores desafios
da atualidade (guerras, lutas de poder, pobreza, mudanças climáticas…) são
sistêmicos e estão absolutamente interconectados e, muitos deles, têm a falta
de empatia como uma de suas causas centrais. Muitos de nós são incapazes de se
colocar no lugar do inimigo durante uma guerra; temos sérias dificuldades em
aceitar aqueles que têm posições políticas ou religiosas diferentes das nossas;
evitamos enxergar de verdade pessoas em profunda situação de pobreza ou doença;
dificilmente visualizamos quais serão as consequências de nossas ações e
hábitos para as futuras gerações.
Mas se a falta de
empatia é uma das causas centrais, resgatá-la pode configurar também um dos
principais caminhos para ação. Exercendo um olhar mais empático, poderemos ser
capazes de ver nosso inimigo como um ser humano que também sofre; compreender e
respeitar posições e perspectivas diferentes das nossas; lutar por uma
sociedade mais justa e igualitária; levar em consideração as consequências de
nossas ações até para as futuras gerações.
Fazendo uma
analogia, podemos ver a empatia como um verdadeiro “ponto de acupuntura” da
sociedade. Na medicina chinesa, os pontos de acupuntura são regiões do corpo
onde existem muitas terminações nervosas e grande circulação de energia. Ao
ativá-los, todas essas terminações e fluxos energéticos também são ativados e
as consequências positivas não se restringem a apenas um sintoma específico,
mas afetam também a energia do corpo como um todo. Ao ativarmos a empatia como
uma competência que é um verdadeiro “ponto de acupuntura”, não recuperamos
apenas a capacidade de se colocar no lugar do outro, mas estamos sistemicamente
colaborando para a solução de muitos dos problemas atuais.
Precisamos olhar
para a empatia não somente como uma competência que nos torna melhores
profissionais ou como uma ferramenta para aprofundar nossas relações pessoais.
A empatia pode (e deve) ser vista como competência fundamental para reconstruir
relações entre pessoas, entre grupos e entre seres humanos e a natureza, e como
uma das chaves para a construção de uma sociedade mais justa, sustentável e
pacífica.
Podemos considerar a
empatia como um dos mais importantes “superpoderes” a serem desenvolvidos pela
humanidade. Um superpoder que não apenas nos torna mais fortes e inteligentes,
mas que, principalmente, nos torna mais humanos. Um superpoder que, certamente,
nos ajudará a fazer a transição para o mundo em que realmente queremos viver.
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