A paz duradoura não pode ser atingida a menos que
grandes grupos da população encontrem formas de sair da pobreza.
Essa
é uma das frases atribuídas a Muhammad Yunus,
economista e banqueiro de Bangladesh, um
pequeno e extremamente povoado país asiático.
Muhammad Yunus nasceu a 28 de Junho de 1940 na
aldeia de Bathua, em Chittagong, no Bangladesh, tendo 13 irmãos, dos quais 5
morreram durante a infância. O seu pai tinha uma loja de jóias e a sua mãe
ajudava os pobres que pediam a sua ajuda. Desde sempre, o pai de Yunus
incentivou todos os seus filhos a estudarem e tirarem um curso superior, já a
fonte de inspiração para Muhammad Yunus foi a generosidade da sua mãe.
O economista frequentou a escola
primária de Lamar Bazar, a escola secundária de Chittagong, a Universidade de
Daca durante o seu graduamento e doutorou-se na Universidade de Vanderbilt, nos
Estados Unidos da América, com uma bolsa de estudo. Durante alguns anos, Yunus
foi professor-assistente de economia na Universidade do Médio Tennessee. Após
isso decidiu regressar ao seu país onde foi professor de economia na
Universidade de Chittagong.
Em 2006 foi
laureado com o Nobel da Paz. É autor do livro Banker to the poor (em Portugal,
O banqueiro dos pobres). Pretende acabar com a pobreza através do banco que
fundou, do qual é presidente e o governo de Bangladesh é o principal acionista,
o Grameen Bank, que oferece ativamente microcrédito para milhões de famílias.
Yunus afirma que é impossível ter paz com pobreza.
Muhammad Yunus
formou-se em Economia em Bangladesh, doutorou-se nos EUA e foi professor na
Universidade de Dhaka. Em 1976, constatou as dificuldades de pessoas carentes
em obter empréstimos na aldeia de Jobra, em um Bangladesh empobrecido e
recém-separado do Paquistão. Por não poderem dar garantias, os bancos
recusavam-lhes as pequenas quantias que permitiriam comprar materiais para
trabalhar e vender, e os usurários taxavam os empréstimos com juros altos.
Yunus acredita que todo ser humano possui instintos de sobrevivência e
auto-preservação, uma prova disto são os milhões de pobres que existem no
mundo, onde mesmo miseráveis, conseguem contornar ao máximo sua situação. Sendo
assim, a forma mais efetiva de ajudar estas pessoas é incentivar o que elas já
tem, seu instinto. Quando confere recursos para estas pessoas, por pouco que
seja, consegue melhorar sua condição de vida utilizando-se do seu já senso de
sobrevivência.
Muhammad Yunus
criou então o Banco Grameen, que empresta sem garantias nem papéis, sendo,
sobretudo, procurado por mulheres: elas são 97% dos 6,6 milhões de
beneficiários. A taxa de recuperação é de 98,85%.
Morando em
Bangladesh - um pequeno país no subcontinente Indiano, com 130 milhões de
habitantes, uma renda per capita de cerca de US$ 300 e com 62% da população
analfabeta - para onde retornou após ter estudado Economia nos Estados Unidos,
como bolsista do programa Fulbright - o Professor Yunus lecionava Teoria
Econômica na Universidade Chittagong, enquanto tentava descobrir como poderia
utilizar tanta "teoria" para resolver o simples problema das pessoas
que morriam famintas a seu redor.
Yunus atribui
a origem de sua visão a um encontro fortuito, em Jobra, com Sufia Begum, uma
jovem de 21 anos, analfabeta que lutava desesperadamente para sobreviver com
seus filhos. Para poder trabalhar Sufia tinha tomado emprestado cerca de 25
centavos de dólar americano a um agiota de seu bairro, que lhe cobrava juros de
10% ao dia. Com esse dinheiro, Sufia comprava bambu para fazer tamboretes. De
acordo com o "contrato de empréstimo", Sufia era obrigada a vender
seus tamboretes exclusivamente ao agiota que lhe financiara e que pagava um
valor muito abaixo do valor de mercado. Assim Sufia conseguia obter um
"lucro" de cerca de 2 centavos de dólar. Para todos os efeitos a
condição de trabalho de Sufia era equivalente à de escravo.Isso revoltou Muhammad, que
viu uma oportunidade para ajudar essas pessoas de uma forma mais justa,
dando-lhe oportunidades para crescer, e não as explorando. Foi assim, então, que surgiu o projeto que
foi coroado com o Prêmio Nobel da Paz em 2006.
Yunus
encontrou 42 mulheres em Jobra nas mesmas condições e resolveu, ele mesmo,
emprestar-lhes seu próprio dinheiro a taxas bancárias normais. Inicialmente
emprestou 27 dólares, aproximadamente 62 centavos por tomadora.
Surpreendentemente,
Yunus recebeu de volta, com pontualidade, o capital e os juros de todos os
empréstimos que fizera Isso lhe deu a ideia que talvez fosse possível expandir
esse processo.
Milhares de famílias já deixaram o nível de pobreza por conta
disso. São negócios extremamente pequenos que são financiados, muitas vezes,
por pouco dinheiro, e os juros cobrados são baseados na taxa básica (no caso do
Brasil, seria a Selic). O dinheiro é destinado para a formação do Capital
Social da empresa e são concedidos, geralmente, por instituições sem fins
lucrativos ou por instituições cuja propriedade é controlada, majoritariamente,
pelos próprios tomadores.
E para todos os céticos que duvidam dessa ideia genial, o índice de
inadimplência do banco é de apenas 1%.
O poder de “se
colocar na pele do outro” é um grande exercício que nos faz chegar a essa
conclusão.
E, para quem ainda
acredita que a boa intenção não leva a lugar nenhum, o banco Grameen já
movimentou quase 6 bilhões de dólares, conta com mais de 12 mil funcionários e
já fez com que 12 milhões de cidadãos saíssem da linha de pobreza.
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