quinta-feira, 22 de novembro de 2018

MÊS DA CONCIÊNCIA NEGRA



Todos os anos, no mês de novembro, ocorrem homenagens e celebrações pela Consciência Negra, uma data de extrema importância aqui no Brasil, principalmente ao considerarmos nossa história e nossas raízes. Mas muita gente não sabe como surgiu esse dia e qual é exatamente o seu propósito.
Surgimento do Dia da Consciência Negra
Em primeiro lugar, é necessário esclarecer que estamos falando do Dia Nacional da Consciência Negra, ou seja, um movimento que movimenta todo o Brasil, mas que é específico do nosso país. Oficialmente, o dia é 20 de novembro e isso foi definido pelo projeto de lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003.
Mas por que foi escolhido esse dia? Certamente, a opção não foi ao acaso: em 20 de novembro de 1695, foi registrada a morte de Zumbi, o escravo que foi líder do Quilombo dos Palmares, sobre o qual você saberá mais daqui a pouco.
O grande objetivo da instituição do Dia da Consciência Negra é promover a reflexão e a discussão a respeito da inserção da população negra na sociedade brasileira. Além disso, essa data também é um convite para que as pessoas pensem mais a respeito da importância dos afrodescendentes na formação da nossa cultura e da própria nação, para que o preconceito racial que ainda existe possa ficar cada vez mais no passado.
Diversos aspectos sociais, políticos e culturais do Brasil puderam se desenvolver com a colaboração dos negros, no entanto, eles ainda enfrentam muitos problemas, como a discriminação e até a falta de oportunidades.
O Dia da Consciência Negra costuma ser comemorado em escolas, universidades, espaços destinados à cultura e outros locais, como uma valorização de tudo o que os negros fizeram pelo Brasil e daquilo que já conquistaram, mas também como uma forma de relembrar que o país ainda precisa caminhar muito para ter uma sociedade que seja verdadeiramente igualitária.

A data correta de morte de Zumbi dos Palmares foi descoberta na década de 70, assim, em 1978, os membros do Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Social se mobilizou, em pleno período de Ditadura Militar, para elegê-lo como um símbolo da luta dos negros, tanto na resistência à escravidão quanto à luta árdua por igualdade de direitos.
A Constituição Federal de 1988 foi um grande passo para diversos movimentos sociais, que puderam ganhar mais espaço na política a partir de então. O Movimento Negro foi um deles, que inclusive pôde comemorar a inserção de cotas raciais na educação, a obrigatoriedade do ensino da Cultura e História Afro-Brasileira e a própria lei do preconceito de raça ou cor.
E por todo esse tempo, Zumbi dos Palmares tem sido um ícone da luta dos negros e um símbolo de sua força. Isso gera um pouco de polêmica, já que alguns historiadores dizem que o tio de Zumbi, que liderou o mesmo quilombo, foi uma figura de grande importância, mas acabou ficando apagada.
De qualquer forma, Zumbi foi a personalidade escolhida para o dia em que todas as questões envolvendo a igualdade e a promoção de uma sociedade sem preconceito estão em foco.
Quilombo dos Palmares
Nada mais justo do que saber mais sobre o Quilombo dos Palmares e sobre a importância de Zumbi, por isso, vamos a essas informações agora.
Na época da escravidão, vários quilombos se espalharam pelo país. Também chamados de mocambos, ele serviam para reunir os negros que conseguiam escapar dos seus senhores. Desse modo, os quilombos ficavam em lugares de difícil acesso, justamente porque serviam como um ponto de refúgio para os escravos, que não queriam correr o risco de serem capturados novamente.
O Quilombo dos Palmares ficava em uma região hoje inserida no estado do Alagoas. Ele teve um grande crescimento, principalmente no período compreendido entre 1630 e 1650 (invasão holandesa no Brasil) e acabou se tornando uma espécie de confederação, que incluía todos os demais mocambos existentes naquela região.
Era um quilombo bastante grande e extremamente organizado, que realmente preocupava quem estava do outro lado do regime escravocrata. Durante o período de sua existência, estima-se que o Quilombo dos Palmares tenha resistido a cerca de 30 expedições militares que tinham o objetivo de destruí-lo.
Ganga Zumba, tio de Zumbi de acordo com historiadores, chegou a firmar acordos com o então governador pernambucano, que beneficiassem as duas partes. Ele acabou sendo envenenado por outros quilombolas, ou seja, seus colegas, que não aceitavam essa forma de conduzir a situação.
Mais tarde, em 1694, uma nova expedição planejou a destruição do Quilombo dos Palmares, liderada por Domingos Jorge Velho. Zumbi e outros negros fugiram e resistiram bravamente, se organizaram e continuaram lutando. No ano seguinte, Zumbi foi degolado por bandeirantes e a cabeça virou símbolo de vitória.
Com a redemocratização do Brasil e a promulgação da Constituição de 1988, vários segmentos da sociedade, inclusive os movimentos sociais, como o Movimento Negro, obtiveram maior espaço no âmbito das discussões e decisões políticas. A lei de preconceito de raça ou cor (nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989) e leis como a de cotas raciais, no âmbito da educação superior, e, especificamente na área da educação básica, a lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que instituiu a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira, são exemplos de legislações que preveem certa reparação aos danos sofridos pela população negra na história do Brasil.




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