domingo, 20 de junho de 2021

MÚSICA: INCLASSIFICÁVEIS - ARNALDO ANTUNES

 


que preto, que branco, que índio o quê?

que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê?

que preto branco índio o quê?
branco índio preto o quê?
índio preto branco o quê?

aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos mamelucos sararás
crilouros guaranisseis e judárabes

orientupis orientupis
ameriquítalos luso nipo caboclos
orientupis orientupis
iberibárbaros indo ciganagôs

somos o que somos
inclassificáveis

não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,

não há sol a sós

aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos tapuias tupinamboclos
americarataís yorubárbaros.

somos o que somos
inclassificáveis

que preto, que branco, que índio o quê?
que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê?

não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,
não tem cor, tem cores,

não há sol a sós

egipciganos tupinamboclos
yorubárbaros carataís
caribocarijós orientapuias
mamemulatos tropicaburés
chibarrosados mesticigenados
oxigenados debaixo do sol


Somos tão plurais!!! Quando iremos compreender isso?A música aborda a temática da diversidade e formação do povo brasileiro não se atendo à critérios tradicionais que são baseados nas matrizes brasileiras: indígenas, europeias e africanas. Ele critica a tentativa que as pessoas têm de classificar os brasileiros em uma das três etnias que originaram o Brasil. Ele acredita que não é possível classificar os brasileiros em uma dessas três etnias. O compositor cria palavras (processo de neologismo) que representam a fusão de raças diversas para representar a mistura étnica que diante de tantas variações se torna inclassificável.

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