O Brasil está entre os maiores produtores de banana do mundo. São aproximadamente 7 milhões de toneladas por ano. Não é surpresa que a fruta seja a mais consumida pelos brasileiros.
Rica em fibras, potássio, vitaminas, além de minerais como magnésio, cobre, manganês, cálcio, ferro e ácido fólico, a banana ainda tem uma série de subprodutos. A casca da fruta, por exemplo, é muito utilizada na fabricação de farinhas, doces, tortas e sorvetes.
Mas há outro subproduto da banana que até há pouco tempo era descartado e pouquíssimo utilizado: sua folha.
Apesar de bastante empregada pelos povos indígenas, o seu uso mais comum tem sido na gastronomia, mas geralmente, como decoração em pratos de peixes e frutos do mar. Já na agricultura orgânica, é usada como adubo.
Todavia, uma nova utilidade está sendo encontrada para a folha de bananeira: ser alternativa a embalagens de plástico e ao papel alumínio.
No Sítio do Caçador, no município de Seropédica, no Rio de Janeiro, Verônica Leal e Jorge Papadopoulos comercializam as folhas e estudam outros usos para elas.
O casal, que vivia na capital carioca, decidiu largar a vida na cidade agitada e investir no cultivo de produtos orgânicos, ao lado de “plantas, bichos, árvores e natureza”, como conta Verônica. “Na nossa propriedade não entra nenhum pesticida, agrotóxico ou fertilizante que não seja natural. Nenhum animal recebe hormônios ou antibióticos”, garante.
Ao lado do marido, que é agronômo, Verônica também destaca o comprometimento com a não geração de lixo. “Separamos todo nosso lixo, reaproveitado por aqui mesmo o máximo possível. Garrafa vira tijolo ecológico, vira saco para plantar mudas, e assim por diante. O que não serve para nós vai para a cooperativa de catadores local.
Foi esta uma das razões que a folha da bananeira chamou tanto a atenção do casal. Resistente, impermeável e flexível, ela também é biodegradável, ou seja, pode ser usada na compostagem ou se descartada, irá se decompor naturalmente.
Verônica explica que as folhas são ótimas substitutas para o papel alumínio. Podem ser utilizadas não só no já tradicional peixe, mas também para cobrir assados que vão ao forno, para forrar a forma do bolo, para fazer os legumes, enfim, o que sua imaginação mandar!
Folha de bananeira: substituta natural para o papel alumínio
Todavia, como a folha é muito quebradiça, o ideal é, primeiro, passá-la rapidamente pelo fogo. A sua estrutura muda (a molécula de água se quebra), e assim, ela fica mais flexível e fácil de ser trabalhada (aprenda como fazer nos vídeos ao final do post).
Além disso, Verônica também tem usado a folha como embalagem, para embrulhar um sanduíche, por exemplo, ou alguma sobra de comida.
“Seria uma ótima alternativa para ser usada como embalagem em food trucks, que geram uma quantidade absurda de lixo”, afirma Verônica. “Já estamos fazendo alguns experimentos, usando cola atóxica, para desenvolver produtos assim”.
Embalagem como alternativa ao plástico
Entretanto, a folha de bananeira tem uma vida curta. Como embalagem pronta dura aproximadamente 72 horas. Na geladeira, para ser usada como papel alumínio, uns 20 dias.
O Sítio do Caçador começou a comercializar a folha da bananeira há pouco tempo. A embalagem com uma unidade, que pode ter entre 1,2m até 2m, custa 3 reais. Questiono Verônica sobre o valor. Não seria muito caro? Ela explica que como estão longe do Rio, precisa incluir no preço todo o custo envolvido no transporte e entrega para os clientes.
Também indago sobre vender a folha de bananeira dentro de uma embalagem plástica. Se o objetivo é reduzir o descarte de lixo, não seria uma contradição. “Essa é uma grande questão para a gente. Nossa vontade seria vendê-la solta, no máximo com um barbante de algodão em volta, mas os mercados não aceitam desta maneira”, diz. “As pessoas ainda preferem uma embalagem bonita, mas não enxergam o custo por trás disso”.
Verônica acredita que este é só um começo. “Ainda estou descobrindo as inúmeras utilidades da folha”, revela.
O Sítio do Caçador não é o pioneiro nesta descoberta. Em São Paulo, a Folha de Bananeira já comercializa o mesmo produto há alguns anos. A empresa foi fundada também por outro casal, Enio e Gorete Rodrigues, que viram uma oportunidade de mercado, já que não achavam a folha para ser comprada em lugar algum.
Durante anos realizaram pesquisas e tiveram a consultoria de especialistas da Faculdade de Agronomia da USP, a Esalq. Hoje a marca é comercializada não só em mercados da capital paulista, mas também em algumas redes do Paraná.
Histórias que devem servir de inspiração para outros empreendedores espalhados pelo Brasil, porque afinal, em nosso país, a banana é um fruto em abundância e junto com ela, suas folhas!
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