Pense num livro
que me deixou bastante reflexiva e muitoo feliz!!! O FILHO DE MIL HOMENS de
Valter Hugo Mãe.
Primeiro,
nunca tinha lido nada deste escritor.
Fui apresentada através de uma amiga do Clube do livro e me apaixonei pela
sensibilidade que ele descreve às relações humanas. .
Clube do livro é um espaço no meu apartamento no qual partilhamos experiências, vivências...e que tem como base a literatura.
Clube do livro é um espaço no meu apartamento no qual partilhamos experiências, vivências...e que tem como base a literatura.
No
prefácio da obra, Alberto Manguel nos dá uma luz da beleza que iremos
desfrutar: “ Cada personagem carrega o seu próprio destino, não com resignação
mas através de um reconhecimento dos seus próprios valores. Segundo conta a
lendatalmúdica, no Jardim do Éden, Adão e Eva foram felizes porque sabiam quem
verdadeiramente eram aos olhos de Deus, mas depois de morderem o fruto da árvore
da Vida tornaram-se infelizes porque tiveram vergonha de perder essa identidade
que lhes fora concedida pelos olhos de Outro. As personagens de Mãe são
exemplos dessa felicidade edênica que julgávamos perdida”.
O filho de mil homens fala sobre
ausências, que serão sempre preenchidas pelo afeto e pela presença humana.
Crisóstomo é o
personagem central da história e todas as outras personagens se interligam a
ele. Segundo o autor, ‘Crisóstomo é um indivíduo tão preparado para ser feliz
que ele acha, que não há ninguém assim’
Crisóstomo,
o homem que chegou aos quarenta anos e mudou o mundo, poderá ser a imagem que
desejamos do homem moderno: todo ele livre, aceitando ser o que é, perseguindo
o que lhe pertence, acreditando que a felicidade se constrói – “ O Crisóstomo,
fantasiado como sabia, sabia tudo.”
Este
é um livro sobre o AMOR, pois os ensinamentos deste personagem são todos
poéticos e faz com que este sentimento se prevaleça sobre qualquer coisa: o ódio, preconceito,
rancor, julgamento...
É
importante compreender que todos seríamos muito felizes se buscássemos a
Felicidade do jeito que é e buscar amar os outros da forma mais pura e verdadeira
possível.
Alguns
trechos são bastante reflexivos:
“
Quem tem menos medo de sofrer, tem maiores possibilidades de ser feliz” pág. 27
“A
felicidade é a aceitação do que se é e se pode ser.” pág 86
“Todos nascemos
filhos de mil pais e de mais mil mães, e a solidão é sobretudo a incapacidade de
ver qualquer pessoa como nos pertencendo, para que nos pertença de verdade e se
gere um cuidado mútuo. Como se os nossos mil pais e mais as nossas mil mães
coincidissem em parte, como se fôssemos por aí irmãos, irmãos uns dos outros.
Somos o resultado de tanta gente, de tanta história, tão grandes sonhos que vão
passando de pessoa a pessoa, que nunca estaremos sós”. Págs 204-205. Isto é
muito lindo e muito significativo! Temos ao nosso redor pessoas e não
precisamos estar sozinhos e muitas vezes acabamos sendo sozinhos no mundo por
não estarmos abertos para pertencer às pessoas e não deixando que ela nos
pertença também e não aceitando que viemos pro mundo para cuidarmos uns dos
outros e que temos de viver nesta partilha com todos que se agregam e passam
por nós.. Um dos maiores desafios que nos são colocados em todas as relações ,
segundo o próprio autor, “é suportarmos
os defeitos dos outros”. E para ele, o melhor amor é exatamente aquele que
chega a adorar o defeito do outro. Aquilo que é eventualmente, no senso comum,
um defeito, pode ser uma virtude para quem ama’. Nessa procura pela felicidade
os personagens enfrentam tudo: a solidão, a morte, o preconceito, a inveja, mas
a esperança transborda de forma poética em cada página.
Outro
trecho muito lindo, é este : ” Hoje é do que mais tenho saudade. Desse sentimento,
que na sua plenitude talvez se reserve às crianças, de acreditar que alguém
cuida de nós segundo o nosso mérito. Quando se perde essa convicção, fica-se
irremediavelmente sozinho. Os pais e os filhos são o único modo de interferir
positivamente nessa solidão”. pág 219. Este trecho é muito impactante, pois
fala de cuidado. Dizem que o sentimento mais puro e nobre que se tem é este
amor incondicional vindo da mãe pelo bebê. É o sentir-se cuidado. E nós passamos a vida inteira buscando sentir
isto de novo.
Acredito
que muitas coisas seriam resolvidas se nós cuidássemos de nós mesmos em
primeiro lugar, depois nos aceitássemos a cuidar e ser cuidado, sem barganha ou
troca, afinal, somos filhos de mil homens. Daí, observarmos a unicidade que
perpassa pela história através das personagens e sua complementaridade.
Fica a dica!!! Não se atenha ao enredo e sim, as reflexões filosóficas. Existem reflexões que são ensinamentos para o resto da vidaaaaa!!!
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