Ensina-me a Viver tem um
quê de existencialismo com umas pitadas de humor. Quando você assiste ao filme,
você percebe como ele apesar de ter sido lançado em 1971, é atemporal. É um filme leve que narra a história de um inusitado casal: Harold
e Maude. Esta não é uma história de amor entre um jovem e uma “idosa”, e sim,
uma história de relacionamentos. O
filme fala de pessoas. Relações. Vida e
morte, de uma maneira humana e profundamente real. Contrastando Morbidez X
vivacidade, Burguesia x anarquia, dependência e liberdade, vida, identidade, e
muito mais. O filme nos agracia com perspectivas divertidas e emocionadas
provocando-nos questionamentos sobre nossas certezas, conceitos e
pré-conceitos.
Harold tem uma mãe
castradora e não consegue se relacionar bem com ela, então começa a forjar
mortes para chamar a atenção da mãe. É um jovem infeliz, embora tenha bastante
dinheiro (logo, percebemos que o dinheiro não traz felicidade). As histórias de Maude e Harold se cruzaram durante uma das cerimônias
fúnebres que os dois frequentavam assiduamente, embora por motivos diferentes. Para
ela, a morte era encarada com a alegria natural de quem já gozou o máximo. É
esta alegria que ela vai transmitir a Harold, o desejo de viver, de ganhar asas
e aproveitar a curta passagem por este mundo... Estas duas excêntricas
personagens vão acabam tendo uma forte amizade...
O que se poderíamos esperar do encontro de um jovem fascinado pela
morte com uma idosa fascinada pela vida?
Ao encontrar uma jovem
senhora de 79 anos, amoral, anárquica e irreverente (porque ela é contra tudo)
mas sabe viver bem; rejuvenesce o
"velho" Harold.
Este contraste entre as
personagens é a marca principal do
filme. Afinal, a abordagem da vida e da morte é feita de uma maneira diferente,
apresentando comicamente o drama psicológico através do relacionamento entre
gerações normalmente conflitantes. Maude acredita que pode lhe mostrar seu
direito à liberdade, tão prejudicado pelo autoritarismo da mãe de Harold e ensina ao jovem como é importante cada segundo
da vida ; como devemos aproveitá-la e apreciá-la,
libertando-nos do que não importa e nos concentrando nas experiências. Ela usa
toda experiência que ela tem de vida para viver bem. Como ele mesma cometa: “Não
precisamos construir muros, precisamos construir pontes e assim, podermos dizer
muitas bobagens de um jeito benéfico de ser”.
Acredito que muitos
deveriam vê-lo, pois estamos passando por momentos em que muitos jovens tentam
o suicídio, enquanto no século XVIII a
causa das mortes derivavam de um amor não-correspondido, no século XXI tem-se a
depressão como fator fundamental ao desejo suicida. A depressão é uma doença
silenciosa que atinge milhões de pessoas pelo mundo, na qual há a presença
constante de estados e pensamentos negativos, responsáveis, muitas vezes, pelo
impulso suicida. Tal quadro patológico é frequentemente confundido com o
sentimento de tristeza, de forma que os próprios familiares e amigos não dão a
devida importância para a doença, preferindo encará-la como “frescura”. Essa
falta de sensibilidade apenas agrava a situação, pois esses discursos de
insensatez servem como o gatilho necessário para que haja o ato suicida.
O filme pode ser um caminho para apreciar a vida: cantar, dançar, encontrar companhias que te dê prazer, conhecer-se e ser a
sua melhor versão.
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