domingo, 25 de agosto de 2019

FILME : ENSINA-ME A VIVER



Ensina-me a Viver tem um quê de existencialismo com umas pitadas de humor. Quando você assiste ao filme, você percebe como ele apesar de ter sido lançado em 1971, é atemporal.  É um filme leve que  narra a história de um inusitado casal: Harold e Maude. Esta não é uma história de amor entre um jovem e uma “idosa”, e sim, uma história de relacionamentos. O filme fala de pessoas. Relações.  Vida e morte, de uma maneira humana e profundamente real. Contrastando Morbidez X vivacidade, Burguesia x anarquia, dependência e liberdade, vida, identidade, e muito mais. O filme nos agracia com perspectivas divertidas e emocionadas provocando-nos questionamentos sobre nossas certezas, conceitos e pré-conceitos.

Harold tem uma mãe castradora e não consegue se relacionar bem com ela, então começa a forjar mortes para chamar a atenção da mãe. É um jovem infeliz, embora tenha bastante dinheiro (logo, percebemos que o dinheiro não traz felicidade). As histórias de Maude e Harold se cruzaram durante uma das cerimônias fúnebres que os dois frequentavam assiduamente, embora por motivos diferentes. Para ela, a morte era encarada com a alegria natural de quem já gozou o máximo. É esta alegria que ela vai transmitir a Harold, o desejo de viver, de ganhar asas e aproveitar a curta passagem por este mundo... Estas duas excêntricas personagens vão acabam tendo uma forte amizade...

O que se poderíamos  esperar do encontro de um jovem fascinado pela morte com uma idosa fascinada pela vida?

Ao encontrar uma jovem senhora de 79 anos, amoral, anárquica e irreverente (porque ela é contra tudo) mas sabe viver bem;  rejuvenesce o "velho" Harold.

Este  contraste entre as personagens é  a marca principal do filme. Afinal, a abordagem da vida e da morte é feita de uma maneira diferente, apresentando comicamente o drama psicológico através do relacionamento entre gerações normalmente conflitantes. Maude acredita que pode lhe mostrar seu direito à liberdade, tão prejudicado pelo autoritarismo da mãe de Harold e  ensina ao jovem como é importante cada segundo da vida ;   como devemos aproveitá-la e apreciá-la, libertando-nos do que não importa e nos concentrando nas experiências. Ela usa toda experiência que ela tem de vida para viver bem. Como ele mesma cometa: “Não precisamos construir muros, precisamos construir pontes e assim, podermos dizer muitas bobagens de um jeito benéfico de ser”.

Acredito que muitos deveriam vê-lo, pois estamos passando por momentos em que muitos jovens tentam o suicídio, enquanto no século XVIII a causa das mortes derivavam de um amor não-correspondido, no século XXI tem-se a depressão como fator fundamental ao desejo suicida. A depressão é uma doença silenciosa que atinge milhões de pessoas pelo mundo, na qual há a presença constante de estados e pensamentos negativos, responsáveis, muitas vezes, pelo impulso suicida. Tal quadro patológico é frequentemente confundido com o sentimento de tristeza, de forma que os próprios familiares e amigos não dão a devida importância para a doença, preferindo encará-la como “frescura”. Essa falta de sensibilidade apenas agrava a situação, pois esses discursos de insensatez servem como o gatilho necessário para que haja o ato suicida.

O filme pode ser um caminho para apreciar a vida:  cantar, dançar, encontrar companhias que te dê prazer, conhecer-se e  ser a  sua melhor versão.

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