A semana passada trabalhamos com algumas ilustrações de Carol
Rossetti, pois achei interessante falar sobre a questão da identidade da mulher
de uma maneira leve e lúdica. Seus desenhos retratam diferentes perfis de mulheres, trata dos
estereótipos e cita frases que muitas já devem ter ouvido em algum momento da
vida. Frases que questionam quem você é o que você pode ser. É um trabalho
inclusivo e inovador.
Segundo Carol, em uma de suas entrevistas: “O projeto
Mulheres surgiu exatamente nessa minha empreitada de criar um portfólio. Um
dia, eu me propus um auto-desafio de fazer um desenho por dia, e para garantir
a disciplina, fiz uma página no facebook para postá-los. Na época, só meus
amigos mais próximos e alguns familiares me seguiam. Eu já vinha lendo bastante
sobre feminismo, já vinha observando algumas situações cotidianas que
aconteciam com todas as mulheres de uma forma ou de outra, e resolvi criar umas
mensagens positivas em relação a isso. Como só os meus amigos viam meus desenhos,
não hesitei em usar uma linguagem super intimista. E assim eu comecei a postar
os desenhos”.
Carol é ilustradora desde os 4 anos e se formou em design
gráfico em 2011. Ela é autora de vários quadros que (com certeza) você já viu
pela internet, além do livro “Mulheres – Retratos de
Respeito, Amor-Próprio, Direitos e Dignidade”
“Todos
travamos batalhas internas e enfrentamos desafios diariamente, e é importante
respeitarmos o fato de que há muito mais no outro do que o que enxergamos em um
primeiro momento”
Carol Rossetti, autora do livro Mulheres
Seus Retratos!
Em seu site, Rossetti diz
que os quadros foram surgindo de forma espontânea e com intenção inicial
de que pudesse compartilhar coisas boas com quem a acompanhava e, com isso, ela
passou a transmitir em suas ilustrações algumas restrições cotidianas que elas
passavam ou via outras pessoas passarem.
Quando trata-se de críticas, ela
comenta: “Tem críticas, sim. Acredito que
existam dois tipo de críticas: as construtivas e as destrutivas. As primeiras
são pessoas que me davam toques ótimos, sugerindo uma forma melhor de me
expressar em relação a alguma coisa, chamando atenção para um grupo de pessoas
que não estava sendo mostrado, ideias de como tornar o trabalho mais diverso,
sugestões de palavras que evitassem uma dupla interpretação... Enfim,
discussões que visam o crescimento do próprio projeto. E tem gente que só quer
chamar pra briga, quer xingar, ofender, etc. Em geral, vinham de pessoas com
interpretação de texto bem duvidosa, me acusando de incentivar as mulheres a
abortarem (oi?) ou a odiarem os homens (mas gente?)”.
Em
2016, após o sucesso de ‘Mulheres’, foi lançado ‘Cores’. O projeto em
quadrinhos foi idealizado para o público infantil e conta histórias de um grupo
de crianças que querem ser livres para brincar sem os preceitos estipulados
pela sociedade. Carol afirma que é muito importante ajudar na luta para a
desconstrução de preconceitos, mas que auxiliar na construção de cidadãos
melhores também é fundamental. “Cores foi feito para o público infantil, mas
acabou que os adultos também gostam e consomem o produto’, revela.
Questionada
sobre como ela vê a importância de seus trabalhos no contexto social, Rossetti
disse que tenta romper com rótulos estabelecidos na sociedade. “Todo
pessoal que trabalha com narrativa, com ou sem imagem, constrói o que é visto
como normal. Eu tento trazer uma representatividade mais abrangente, para uma sociedade
que tem muitos abismos representativos”, explica.
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