Aos poucos vamos desconstruindo este formato de vida ideal que por longos anos achei que era preciso me enquadrar dentro dela; hj percebo com muito acolhimento o reinventar-se é aprofundar com gentileza e cuidado em nossa essência, isto é se conseguirmos tocá-la.
“Para que ocorra de fato a reinvenção, é preciso parar a repetição, sair de lugares imaginários idealizados, fetichizados por você mesmo, pelos seus, pela sua cultura; é realizar o luto desses ideais; não é sem dor, sem dilaceramento, sem tristeza, sem melancolia. É algo que “rasga”! Um processo analítico (ps: de muitos anos) que lida com tudo isso, onde se realize esse grande trabalho reinventivo, pode finalmente trazer como fruto, que você entre em contato com o desejo radical, o desejo puro, aquilo pelo qual você se doa, que te anima, que é visceral em você. Isso é criação. “ O radical da criação; isso é se reinventar”. BRAVO!!!
Maria, suas palavras são um conforto real, pois representam a vida nua e crua, sem enfeites! E é impressionante como cada reflexão nos toca profundamente, justamente naquilo que sentimos mas não conseguimos expressar.
A vida só é possível
reinventada. Cecília Meireles
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas…
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo… — mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcanço…
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
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