Em casa ou nas ruas, no trânsito ou nas empresas, nas igrejas ou no interior das nossas casas: onde há gente, há necessidade de cuidados com a SAÚDE MENTAL!
Ajude-nos a espalhar essa mensagem: em se tratando da qualidade de vidas das pessoas e de vidas mais harmônicas, com mais sentidos e mais paz nas relações humanas, TODO CUIDADO CONTA
Faça a você mesmo(a) essa pergunta e ajude outras pessoas a se perguntarem também: o que você faz para cuidar da sua SAÚDE MENTAL?
A Campanha Janeiro Branco 2021 está convidando o mundo a um PACTO PELA SAÚDE MENTAL!
Podemos contar com você neste pacto em benefício de cada um de nós e de todo mundo ao mesmo tempo?
Sigmund Freudfoi um médico neurologista austríaco, criador dapsicanálise, um método revolucionário utilizado para o tratamento das psicopatologias, por meio de escuta do paciente. Seu estudo foi responsável pela revolução nas crenças científicas, uma vez que estabeleceu um entendimento peculiar sobre as motivações do ser humano.
Freud escreveu sobre seus casos clínicos e desenvolveu conceitos como: inconsciente, conflito psíquico, recalque, sexualidade infantil e pulsão de morte. Ele também ficou conhecido por suas teorias sobre o Complexo de Édipo e sobre a repressão psicológica. Para ele, o desejo sexual era a motivação primária da vida humana.
Biografia
Sigismund Schlomo Freud nasceu em Freiberg, na Morávia, pertencente ao Império Austríaco, no dia 6 de maio de 1856. Filho de Jacob Freud e de Amalie Nathanson, Freud tinha origem judaica. Aos quatro anos de idade Freud se mudou com a família para Viena, onde os judeus tinham melhor aceitação e melhores perspectivas econômicas.
Aos 17 anos ele ingressou no curso de Medicina da Universidade de Viena. Aluno destacado, durante os anos de faculdade, trabalhou no laboratório de neurofisiologia, até quando se formou em 1881. Ainda na faculdade ele se dedicou à pesquisa científica, onde teve contato com os estudos de fisiologia, anatomia e histologia do cérebro humano.
Em 1882, Freud conheceu Martha Bernays, com quem casou-se em 1886 e teve seis filhos: Mathilde, Jean-Martin, Olivier, Ernst, Sophie e Anna. O desejo de casar-se e a necessidade de ganhar dinheiro fizeram com que ele abrisse mão da pesquisa científica devido ao baixo salário e às poucas perspectivas de carreira, optando por trabalhar no Hospital Geral de Viena.
Freud ingressou no Hospital Geral de Viena como assistente clínico e, logo em seguida, foi promovido para médico interno. No hospital ele trabalhou em diversos departamentos e também se dedicou à pesquisa científica, com o estudo dos efeitos terapêuticos da cocaína, uma droga ainda pouco conhecida na época.
Durante o período que trabalhou no hospital de Viena, Freud recebeu uma licença para viajar para a França, onde trabalhou no hospital psiquiátrico Saltpêtrière. Por seis meses, Freud trabalhou com o neurologista francês Jean-Martin Charcot, observando o tratamento da histeria com o uso da hipnose, despertando assim, seu interesse pelo estudo dos distúrbios mentais.
Por volta de 1884, Freud passou a constituir o ponto de partida para a psicanálise. Esses estudos foram influenciados a partir do contato com o médico Josef Breuer que havia curado sintomas de histeria através da hipnose. Com o chamado método catártico, o paciente era capaz de recordar das situações que deram origem aos seus problemas.
Quando retornou para o Hospital Geral de Viena, Freud passou a atender pacientes com sintomas de problemas neurológicos não diagnosticados através de exames. O método de tratamento utilizado para esses pacientes envolvia massagem, terapia de repouso e hipnose.
Freud continuou suas experiências com o médico Josef Breuer e, em 1895, publicaram juntos o livro “Estudos sobre a Histeria”, obra que marcou o início de suas investigações sobre a psicanálise.
As técnicas de hipnose se tornaram o centro do trabalho de Freud. Em suas pesquisas, ele defendia que as memórias ocultas ou reprimidas nas quais baseavam-se os sintomas de histeria tinham sempre um cunho sexual.
Sigmund Freud e a psicanálise
O termo psicanálise foi criado por Freud para designar um método de investigação dos processos inconscientes e de outro modo inacessíveis do psiquismo. Suas teorias e técnicas receberam diversas críticas e Freud foi marginalizado por colegas durante muito tempo, tendo como seu único aliado Wilhelm Fliess.
A partir de 1896 o psicanalista passou a desenvolver uma pesquisa sobre sonhos que deu origem a obra “A Interpretação dos Sonhos” (1900). Tendo a si próprio como objeto de estudo, ele passou a anotar e analisar os próprios sonhos, onde fez remissões à sua infância, determinando a origem de suas próprias neuroses.
Sua autoanálise levou-o à conclusão de que a causa de seus problemas seria uma atração por sua mãe e a uma hostilidade em relação a seu pai. Essa teoria recebeu o nome de Complexo de Édipo e se tornou o centro de sua teoria sobre a origem da neurose em todos os seus pacientes.
Inicialmente suas publicações não tiveram repercussão. Freud trabalhou sozinho no desenvolvimento da psicanálise durante 10 anos, abrindo perspectivas para o seu desenvolvimento, se tornando primeiro estudioso a descobrir o instrumento capaz de atingir o inconsciente e explorá-lo em sua essência.
Em 1906, ele conseguiu juntar médicos como Eugen Bleuler, Carl Jung, Karl Abrahams, Ernest Jones, Sandor Ferenczi, que, em 1908, se reuniram no primeiro Congresso Internacional de Psicanálise, em Salzburg. Em 1909 surgiu o primeiro sinal de aceitação da psicanálise no meio acadêmico, quando Freud ele foi convidado para realizar conferências nos EUA, na Clark University, em Worcester.
Teoria, métodos e conceitos
Freud utilizou a interpretação dos sonhos e o método da livre associação para tratar seus pacientes. O método consistia em ele fazer os pacientes falarem qualquer coisa que lhes viessem à cabeça.
Com o método, ele conseguia desvendar os sentimentos reprimidos e após identificá-los, Freud os estimulava a expor esses sentimentos, conseguindo desta forma, tratar muitas doenças e transtornos mentais.
Ele acreditava que o sexo era um dos sentimentos reprimidos mais importantes.Essa sua teoria foi alvo de críticas e gerou uma polêmica na sociedade, no entanto, algum tempo depois outros médicos e pesquisadores aderiram à ideia de Freud.
Entre os principais conceitos desenvolvidos pelo psicanalista estão o inconsciente, o conflito psíquico, o recalque, a sexualidade infantil e a pulsão pela morte.
Principais obras de Sigmund Freud
Seus primeiros anos são desconhecidos já que ele destruiu a maioria de seus escritos pessoais e escritos posteriores foram protegidos. Só o seu biógrafo oficial, Ernest Jones, pôde ter acesso aos mesmos.
Em relação às obras publicadas, Freud escreveu um grande número de livros importantes. Em alguns deles, o Pai da Psicanálise responsabilizava a repressão da sociedade do período, como a grande causadora do dano psíquico que trazia graves consequências para o indivíduo.
Entre as suas principais obras estão:
Estudo sobre Histeria (1895)
A interpretação dos sonhos (1899)
A Psicopatologia da Vida Cotidiana (1901)
Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905)
Totem e Tabu (1913)
O Inconsciente (1915)
Introdução à Psicanálise (1917)
Psicologia das Massas e Análise do Ego (1923)
Psicanálise e Teoria da Libido (1923)
O Ego e o Id (1923)
Neurose e Psicose (1924)
O Futuro de uma ilusão (1927)
O mal-estar na civilização (1929)
Civilização e seus descontentes (1930)
Doença e Morte
Em 1923, Freud se submeteu a uma cirurgia para retirar um tumor no palato, passando a ter dificuldades para falar e sentir dores e desconforto. Os seus últimos anos de vida coincidiram com a expansão do Nazismo na Europa. Durante esse período Freud perdeu quatro das cinco irmãs nos campos de concentração em Viena, onde morou até 1938, quando a Áustria foi anexada à Alemanha nazista.
Quando os nazistas tomaram Viena, em 1938, Freud, que era de origem judia, teve sua biblioteca queimada e seus bens confiscados. Nessa ocasião, ele se refugiou na Inglaterra, onde uma parte de sua família já morava.
Após passar por 33 cirurgias, Sigmund Freud morreu de câncer aos 83 anos de idade em Londres, Inglaterra, no dia 23 de setembro de 1939. Há especulações que a causa de sua morte teria sido overdose de morfina.
O psicanalista sentia muita dor e, supostamente, ele teria pedido ao médico que lhe aplicasse uma dose excessiva de morfina para terminar com o sofrimento. Seus restos mortais estão no crematório de Golders Green, em Londres, na Inglaterra.
Citações
A inteligência é o único meio que possuímos para dominar os nossos instintos.
Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons.
Sonhos são o caminho real para o conhecimento das atividades inconscientes.
uma nova gramática: imagine um sentimento água. um sentimento árvore. uma agonia vidro. uma emoção céu. uma espera pedra. um amor manga. um colorido vento sul. um jeito casa de ser. uma forma líquida de pensar. uma vida paredes. uma existência mar. uma solidão cordilheira. uma alegria pássaro em chuva fina. uma perda corpo.
acho que hoje acordei semente. tenho andado muito temporal. minha irmã vive um momento tudo. a vida às vezes transborda pelos poros. me atinge um estado livro. aurora em meus joelhos. tem pessoas ponte. algumas carregam a gravidade nas costas. Já conheci gente
Nesta palestra repleta de humanidade, Júlia nos fala sobre o direito universal à saúde e sobre a importância da humanização do atendimento médico através da escuta e do olhar atento, trazendo à tona histórias de vida e de cura. Descubra como, mesmo na escassez de recursos da saúde pública, é possível exercer uma medicina mais humana.
Júlia Rocha é médica de família e comunidade, cantora, compositora e doula. Há cerca de 3 anos, começou a compartilhar na internet relatos de suas vivências no consultório. Em cada história, tentava trazer a humanidade dos encontros com seus pacientes e o seu engajamento pela humanização do atendimento, principalmente para a população que vive em maior vulnerabilidade social. Esses relatos se espalharam por incontáveis compartilhamentos, reportagens, portais e revistas médicas, até que a médica mineira passou a ser convidada para compartilhar suas histórias com estudantes de medicina de diversas cidades do país
A belo-horizontina trabalha em uma região de extrema vulnerabilidade social na zona sul do Rio de Janeiro. “É uma grande honra e um privilégio poder trabalhar com algo que eu amo tanto. A realidade do SUS (e de outros sistemas de saúde da rede de convênios também) às vezes exige que tomemos a postura de ‘advogados’ dos nossos pacientes”.
O Sistema Único de Saúde é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Ele abrange desde o simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos. A proposta é de garantir acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país.
Júlia conta ser muito grata ao trabalho que faz em horário comercial: “ser médica no SUS é o que dá sentido à minha vida profissional. É uma luta diária, não só dentro do consultório com a necessidade de me aprimorar, de estudar, de me reinventar como profissional, mas também no campo político, por garantias de direito. Nós, médicos, ainda somos uma classe relativamente respeitada e ouvida. Precisamos usar esse prestígio em favor de quem mais precisa”.
Você está sempre se comparando com os outros. Se vê alguém mais alerta e bem-sucedido do que você, sente-se mal. Este é um paradoxo da natureza humana. Não lamente sua sorte. Quando invejosamente compara o que tem com o do vizinho, derrota a si mesmo. Se conseguisse ver como é a mente das pessoas, não teria vontade de ser ninguém a não ser você mesmo! Não devemos invejar ninguém. Deixemos que os outros nos invejem. O que nós somos, ninguém mais é. Orgulhe-se do que possui e de quem você é. Ninguém mais tem uma personalidade como a sua. Ninguém tem um rosto como o seu. Ninguém tem uma alma como a sua. Você é uma criação única de Deus, e deveria ter muito orgulho disso!
“Soul”o novo filme daPixar,questiona nossas aspirações e propósitos da vida ao contar a história deJoe Gardner,um músico dejazzfrustrado que dá aulas para sobreviver enquanto corre atrás do seu sonho em ser um artista de sucesso. Mas justamente quando ele está próximo de tudo que ele sempre quis, Joe morre em um acidente e tudo começa a mudar.
O protagonista se recusa a aceitar sua morte inesperada e tenta de diversas formas voltar a terra, e para isso decide ser o mentor da 22, uma alminha que não tem nenhum interesse em viver no mundo que o Joe quer tanto voltar. Apesar de terem muitas diferenças, ambos acabam aprendendo a lidar um com o outro para alcançar seus próprios objetivos.
O filme apesar de ser obviamente feito para o público infantil, traz uma reflexão profunda sobre a felicidade e os sonhos que apenas os mais velhos vão entender. Será mesmo que nossos sonhos são tudo aquilo que a gente imagina? Não realizar nossos sonhos significa mesmo que seremos infelizes pelo resto da vida? “Soul” mostra como isso pode ser totalmente individual, mesmo nascendo para fazer algo, podemos ser felizes fazendo uma coisa completamente diferente do que imaginamos no início.
Com “Soul” a Pixar consegue mais uma vez emocionar o público com a ideia de um personagem que precisa voltar para casa, mas acaba se encontrando nesse processo, arrancando algumas lágrimas durante o longa e fazendo todos se questionarem depois de ver as mudanças na vida e morte de Joe.
“De acordo com a pesquisa
‘Retratos da Leitura no Brasil’, o país perdeu 4,6 milhões de leitores nos
últimos quatro anos. Isso não é nada bom: já somos um povo que lê pouco e
os números indicam que esse hábito está diminuindo. Atualmente, apenas 52%
da população brasileira têm o costume de ler. Estou preparando um painel para
destacar a importância dos livros, das obras da literatura brasileira. Quero
sua ajuda para saber quais livros devo destacar. Comente aqui: qual seu livro
brasileiro favorito? Qual obra mais marcou sua infância? Vamos fazer esse
mural juntos?”, escreveu o artista no Instagram.
Kobra
conta que pela primeira vez o público pôde contribuir na criação da obra.
Através de sua pesquisa Kobra recebeu cerca
4.000 mil sugestões de títulos nacionais. Os 150 livros mais indicados
foram colocados no mural.
O muralista brasileiro Eduardo Kobra, 45 anos, finalizou na
sexta-feira (22), um grande mural, no Colégio Ser!
Com 22 metros de altura por 11 de largura, o
mural, que pode ser visto também, inteiro, por quem está fora da escola, mostra
um menino subindo uma estante em uma biblioteca à procura de um livro. Para o
mural, Kobra, que pintou acompanhado por dois artistas de sua equipe, Agnaldo
Brito e Marcos Rafael, utilizou 350 latas de spray e 20 galões de esmalte.
O
processo foi realizado em 20 dias, com muitas dificuldades devido às chuvas
intensas durante o período. Esse mural é o primeiro de Kobra em 2021.
O
artista, que não tem formação acadêmica, porém
como verificamos, a arte transcende qualquer Academia, pois como o próprio
Paulo Freire dizia: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra”.
Olhem
a sensibilidade do artista quando reflete o objetivo do seu trabalho!!! Como
não se encantar???
"Eu
fiz uns quatro ou cinco desenhos diferentes e a partir desses a gente decidiu
que essa imagem seria mais compatível com a parede e que comunicava melhor a
questão da necessidade da literatura", explica Kobra.
"A
pintura no meu trabalho se tornou secundária. O principal objetivo é qual é a
mensagem que está sendo colocada ali, sabe? A arte é um veículo também de
comunicação e conhecimento porque muitas vezes através desse paineis a gente
pode estar incentivando as novas gerações, as pessoas, a questão da educação e
da leitura", conta Kobra.
Caio F. Abreu viveu pouco e intensamente. Ao deixar este mundo aos 48 anos, o escritor gaúcho que se tornou conhecido com o livro “Morangos Mofados”, passara pelo existencialismo, pelo movimento beatnik, Woodstook, geração hippie, golpe militar, desilusão contemporânea e pelo fantasma da Aids, até encerrar sua existência no jardim, fazendo aquilo de que mais gostava: cuidar das plantas.
“Nos últimos tempos, quando não conseguia mais escrever, ele ia para o jardim cuidar das rosas. Ia cuidar da vida: tirar da terra a vida – e o Caio morrendo. Fazer desabrochar a flor – e o Caio morrendo. Num planeta enfermo como o nosso, num país, numa sociedade onde impera a boçalidade, a volúpia materialista, foi magnífico contar com o Caio.”
Anoitecia, eu estava no jardim. Passou um vizinho e ficou me olhando, pálido demais até para o anoitecer. Tanto que cheguei a me virar para trás, quem sabe alguma coisa além de mim no jardim. Mas havia apenas os brincos-de-princesa, a enredadeira subindo tenta pelos cordões, rosas cor-de-rosa, gladíolos desgrenhados. Eu disse oi, ele ficou mais pálido. Perguntei que-que foi, e ele enfim suspirou: “Me disseram no Bonfim que você morreu na Quinta-feira.” Eu disse ou pensei em dizer ou de tal forma deveria ter dito que foi como se dissesse: “É verdade, morri sim. Isso que você está vendo é uma aparição, voltei porque não consigo me libertar do jardim, vou ficar aqui vagando feito Egum até desabrochar aquela rosa amarela plantada no dia de Oxum. Quando passar por lá no Bonfim diz que sim, que morri mesmo, e já faz tempo, lá por agosto do ano passado. Aproveita e avisa o pessoal que é ótimo aqui do outro lado: enfim um lugar sem baixo-astral.”
Acho que ele foi embora, ainda mais pálido. Ou eu fui, não importa.
Mudando de assunto sem mudar propriamente, tenho aprendido muito com o jardim. Os girassóis, por exemplo, que vistos assim de fora parecem flores simples, fáceis, até um pouco brutas.
Pois não são. Girassol leva tempo se preparando, cresce devagar enfrentando mil inimigos, formigas vorazes, caracóis do mal, ventos destruidores. Depois de meses, um dia pá! Lá está o botãozinho todo catita, parece que já vai abrir.
Mas leva tempo, ele também, se produzindo. Eu cuidava, cuidava, e nada. Viajei por quase um mês no verão, quando voltei, a casa tinha sido pintada, muro inclusive, e vários girassóis estavam quebrados. Fiquei uma fera. Gritei com o pintor: “Mas o senhor não sabe que as plantas sentem dor que nem a gente?” O homem ficou me olhando tão pálido quanto aquele vizinho. Não, ele não sabe, entendi. E fui cuidar do que restava, que é sempre o que se deve fazer.
Porque tem outra coisa: girassol quando abre flor, geralmente despenca. O talo é frágil demais para a própria flor, compreende? Então, como se não suportasse a beleza que ele mesmo engendrou, cai por terra, exausto da própria criação esplêndida. Pois conheço poucas coisas mais esplêndidas, o adjetivo é esse, do que um girassol aberto.
Alguns amarrei com cordões em estacas, mas havia um tão quebrado que nem dei muita atenção, parecia não valer a pena. Só apoiei-o numa espada-de-são-jorge com jeito, e entreguei a Deus. Pois no dia seguinte, lá estava ele todo meio empinado de novo, tortíssimo, mas dispensando o apoio da espada. Foi crescendo assim precário, feinho, fragilíssimo. Quando parecia quase bom, cráu! Veio uma chuva medonha e deitou-se por terra. Pela manhã estava todo enlameado, mas firme. Aí me veio a ideia: cortei-o com cuidado e coloquei-o aos pés do Buda chinês de mãos quebradas que herdei de Vicente Pereira. Estava tão mal que o talo pendia cheio dos ângulos das fraturas, a flor ficava assim meio de cabeça baixa e de costas para o Buda. Não havia como endireitá-lo.
Na manhã seguinte, juro, ele havia feito um giro completo sobre o próprio eixo e estava com a corola toda aberta, iluminada, voltada exatamente para o sorriso do Buda. Os dois pareciam sorrir um para o outro. Um com o talo torto, outro com as mãos quebradas. Durou pouco, girassol dura pouco, uns três dias. Então peguei e joguei-o pétala por pétala, depois o talo e a corola entre as alamandas da sacada, para que caíssem no canteiro lá embaixo e voltassem a ser pó, húmus misturado à terra, depois não sei ao certo, voltasse à tona fazendo parte de uma rosa, palma-de-santa-rita, lírio ou azaleia, vai saber que tramas armam as raízes lá embaixo no escuro, em segredo.
Ah, pede-se não enviar flores. Pois como eu ia dizendo, depois que comecei a cuidar do jardim aprendi tanta coisa, uma delas é que não se deve decretar a morte de um girassol antes do tempo, compreendeu? Algumas pessoas acho que nunca. Mas não é para essas que escrevo.
Nessa
época de pandemia, acho incrível diante de tantas mortes que as pessoas não consigam pensar sobre a nossa essência de uma maneira
natural.
Assim que
vi o único exemplar na loja, comprei. Primeiro porque tenho grande admiração
pelo trabalho de Dra Ana Claudia, segundo, porque tinha certeza de que esta
leitura me faria ter mais consciência da finitude. A morte é um dia que vale a pena viver
conta relatos de sua vivência como especialista em Cuidados Paliativos, ao
cuidar de inúmeros pacientes em estado terminal.
Mas...Por que a MORTE é um dia
que vale a pena viver? Porque ela está inclusa em nossas vidas e é através
dessa consciência que descobrimos qual o sentido da nossa existência. Segundo a
autora, muitos médicos profetizam quando têm doentes em fase terminal: “Não
há nada mais a fazer”. Mas eu descobri que isso não é verdade. Pode
não haver tratamentos disponíveis para a doença, mas há muito mais a fazer pela
pessoa que tem a doença. Minha busca pelo conhecimento a respeito de como cuidar
das pessoas com doenças graves e incuráveis, em todas as suas dimensões,
especialmente quando se aproximam do fim da vida, sempre foi fruto de muito empenho
e teimosia (hoje me dizem que não sou teimosa, sou “determinada”). Teimosia ou
determinação dizem respeito à mesma energia, mas são identificadas somente no
fim da história. Se deu errado, era teimosia. Se deu certo, era determinação. Pág. 44
Refletindo bem sobre a morte e o
que acontece antes dela ocorrer, podemos concluir que há pessoas que
"morrem" absolutamente "curadas"...Há um relato que
me deixouimpactada quando ela, ainda como estudante de
medicina, foi fazer anamnese num paciente, Sr. Antônio; este estava sentindo muitas dores. Então ela
que havia pedido remédio para conter a dor deste homem ouviu isso de uma
enfermeira:
“ – Minha querida - retrucou ela, em um tom irônico -,
no dia em que você for médica, vai poder dar mais remédio. Já falei com o
médico de plantão e tentei convencê-lo a sedar o paciente. O Sr. Antônio
precisa morrer logo.
-Morrer? Mas por que ele não pode ter menos dor antes de
morrer?” Pág.24
Em alguns
momentos,Dra Anamostra-nos que o cuidado do outro
requerer antes de tudo, o cuidado com o nosso próprio eu; a valorização do que somos e estamos vivendo.
O que deveria nos assustar não é a morte em si, mas a possibilidade de chegarmos
ao fim da vida sem usarmos nosso tempo
da maneira que gostaríamos. Neste primeiro exemplo, ela havia sido convidada
para uma comemoração do dias das mulheres onde assistiu a uma peça:
” Gandhi, um líder servidor.”
“Uma mãe levou o filho até Mahatma Gandhi
e implorou-lhe:
-Por favor, Mahatma, diga a meu filho
para não comer mais açúcar...
Depois de uma pausa, Gandhi pediu à
mãe:
-Traga seu filho de volta daqui a duas
semanas.
Duas semanas depois, ela voltou com o
filho.
Gandhi olhou bem no fundo dos olhos do
garoto e lhe disse:
-Não coma açúcar...
Agradecida, porém perplexa, a mulher
perguntou:
- Por que me pediu duas semanas? Podia
ter dito a mesma coisa a ele antes!
E Gandhi respondeu-lhe:
-Há duas semanas, eu estava comendo
açúcar.”
A peça termina, e eu não consigo
aplaudir. Fico em pé, olhando Gandhi com minha alma nua. Uma epifania;
definitivamente, uma epifania. Em poucos instantes, eu compreendi o que estava para
ser o grande passo da minha carreira, da minha vida. Naquele dia, eu me dei
conta de que a maior resposta que eu procurava havia chegado: todo o trabalho
de cuidar das pessoas na sua integralidade humana só poderia fazer sentido se,
em primeiro lugar, eu me dedicasse a cuidar de mim mesma e da minha vida. Me
lembrei dos meus tempos de carola. Me lembrei de um ensinamento importante de
Jesus: Ama a teu próximo como a ti mesmo.” E cheguei a conclusão de que tudo o
que estava fazendo pelos meus pacientes, por minha família,,, por meus amigos
era uma imensa, enorme, pesada e insuportável hipocrisia. Nesse dia, fui tomada
por uma fortaleza e uma paz que eu jamais imaginei que morasse em mim. Desse
dia em diante eu teria a certeza de estar com os pés no meu caminho: posso cuidar
do sofrimento do outro porque estou cuidando do meu. Págs.
39/40
Neste outro trecho ela faz uma
reflexão sobre EMPATIA E COMPAIXÃO
“Empatia é a habilidade de se colocar
no lugar do outro. (...) A empatia tem seu perigo; a compaixão, não. Compaixão
vai além da capacidade de se colocar no lugar do outro: ela nos permite compreender
o sofrimento do outro sem que sejamos contaminados por ele. A compaixão nos
protege desse risco. A empatia pode acabar, mas a compaixão nunca tem fim. Na
empatia, às vezes cega de si mesma, podemos ir em direção ao sofrimento do outro
e nos esquecermos de nós. Na compaixão, para irmos ao encontro do outro, temos
que saber quem somos e do que somos capazes. (...) Quem cuida do outro e não
cuida de si acaba cheio de lixo. Lixo de maus cuidados físicos, emocionais e
espirituais. E lixos não servem para cuidar bem de ninguém. Simples assim. Muitas
vezes ouço relatos como este: “eu cuido da minha mãe, eu cuido do meu pai, eu
cuido da minha irmã, eu cuido do meu marido, eu cuido dos meus filhos. Não
tenho tempo para me cuidar.” E aí eu digo: Não conte isso para ninguém, então!
É um vexame. Para mim é como evacuar nas calças. Você não chega contando:´Eu
fiz cocô nas calça!´É um mico. Uma irresponsabilidade. E quando você afirma que
a vida do outro vale mais do que a sua, está mentindo: a vida do outro vale
para você se valorizar. Para você dizer: ´Olha só como eu sou legal! Me mato
para cuidar da vida dos outros!´ Págs. 54/55
A morte faz o tempo ficar mais relativo. O que separa o nascimento da morte é o tempo.
A Vida é o que fazemos dentro desse
tempo.Como diz o próprio subtítulo "Um
excelente motivo para se buscar um novo olhar para a vida". Lembra
também a música Epitáfio de Titãs: “Queria ter aceitadoas pessoas como elas são, cada
um sabe a alegria e a dor que traz no
coração .”
Logo, ela reflete :
"Quando passamos a vida
esperando pelo fim do dia, pelo fim de semana, pelas férias, pelo fim do ano,
pela aposentadoria, estamos torcendo para que o dia da nossa morte se aproxime
mais rápido." Pág 70
Sem dúvida que recomendo essa
leitura. Abordagem de um assunto que é tão tabu , mas que ao mesmo tempo é uma
das poucas certezas dessa vida. Uma análise profunda e tocante da experiência
que todos vamos passar, seja a nossa ou a de um ente querido.
"Seja como espectadores, seja
como protagonistas, a morte é um espaço onde as palavras não chegam."
- Rilke (página 63)
Incentivar todo mundo a colocar a mão no solo é sua forma de mostrar que alimentos frescos devem ser acessíveis para todos e em qualquer lugar.
Quando Ron Finley decidiu cultivar alimentos na frente da sua casa, provavelmente, não imaginou quantas pessoas incomodaria e, principalmente, quantas inspiraria. Ele virou o “gangsta gardener”, um dos agricultores urbanos mais conhecidos do mundo. É dele a frase que você já deve ter ouvido por aí: Plantar a própria comida é como imprimir o próprio dinheiro.
Shit, mother fucking, hell. Expressões que Finley não se priva de usar, mesmo em entrevistas para veículos de imprensa renomados. Para além da enxada, ele tem no humor uma de suas grandes ferramentas.
Nada de caretice, ele quer transformar o plantio em algo atraente. “O que eu quero fazer é deixar isso sexy. Quero que todos nos tornemos ‘ecolucionários’, renegados, gângsters, jardineiros gângsters. Se você não é jardineiro, você não é gângster”, afirmou durante uma apresentação no Ted Talks causando risos na plateia.
Essa redefinição do gângster torna cool a agricultura, que ainda é vista com tanto distanciamento por moradores de grandes cidades. Sua revolução é espalhar jardins comestíveis e movimentar pessoas para fazerem o mesmo.
Saindo do deserto alimentar
Finley cresceu em South Los Angeles, área metropolitana do condado de Los Angeles (EUA). Predominantemente negra e latina, dali e dos arredores nasceram diversas personalidades negras.
A região pertence ao que é chamado de deserto alimentar – conceito que define locais com pouco ou nenhum acesso a alimentos nutritivos. É preciso se deslocar razoavelmente para comprar itens frescos e saudáveis. Mesmo estando a menos de 20 quilômetros de distância, “o nível de obesidade no meu bairro é cinco vezes maior do que em Beverly Hills (lar de estrelas de Hollywood)”, explicou.
Ele percebeu a intrínseca relação entre esta realidade, os incontáveis fast-food espalhados ao seu redor e o aumento de mortes por doenças evitáveis. Chamava a atenção dele o número de centros de diálise, que crescia a cada dia, assim como a compra de cadeiras de rodas. Decidiu que deveria fazer algo a respeito. Assim teve início sua primeira “floresta comestível”.
Comida é o problema? Comida é a solução!
Finley se uniu com amigos e usou uma faixa de gramado, em frente a sua casa, para começar a cultivar. Plantou vegetais e espécies frutíferas. Sua lógica era simples: se é minha responsabilidade cuidar da calçada, posso fazer o que eu quiser. Mas, na prática não foi tão simples.
O plantio na calçada gerou reclamação, que logo se transformou em notificação e até mandado de prisão. Um dos seus amigos lançou uma petição a seu favor e ele só não teve que pagar multa e se desfazer de sua horta porque o caso ganhou muita repercussão – chegando até a páginas de jornais. Teve apoio em massa, o que resultou não só na permanência da horta como também do início de uma história que dura até hoje.
Com seu grupo de amigos, ele criou a organização voluntária “LA Green Grounds” com o objetivo de ajudar os residentes de South Los Angeles a criar seus próprios jardins comestíveis. O projeto se transformou em uma ferramenta de educação para compartilhar os benefícios da prática do plantio orgânico.
Dentro de abrigos, na rua, em terrenos baldios. O hortelão urbano ajudou a construir hortas comunitárias em diversas partes de Los Angeles. Também inspira amantes da agricultura nas cidades de todo o mundo por meio de seu Projeto Ron Finley.
Ferramenta de emancipação
Defensor da produção hiperlocal de alimentos, para ele tudo isso se trata de saúde, segurança alimentar e de oportunidade de um futuro melhor – não só para ele.
“Se as crianças cultivam couve, elas comem couve”, afirma. Mas, se ao contrário, elas não têm contato com alimentos “de verdade” e não entendem como lanches gordurosos afetam sua saúde física e mental parece óbvio que, quando houver opção, elas escolherão o fast-food.
Não é demais ressaltar que ofast-foodse popularizou nos Estados Unidos (nos anos 50) e, além do preparo rápido, se caracteriza como uma refeição barata, sendo por vezes a única oferta disponível ou possível financeiramente.
Finley, como homem negro, também destaca o aspecto racial em sua luta. Envolver crianças e jovens negros nesta caminhada é a forma que encontrou para “treiná-las para assumir o controle das comunidades” para serem parte da criação de cidades mais sustentáveis. “Estou falando de colocar pessoas para trabalhar e tirar crianças da rua, e deixá-los conhecer a alegria, o orgulho e a honra de cultivar a própria comida; abrindo mercados de agricultores”.
Com a pandemia, Ron Finley acredita que as pessoas perceberam que plantar a própria comida não é somente uma questão de hobby, mas sim de “vida ou morte”. Se é preciso construir um novo mundo no pós-pandemia, ele já está com as mangas arregaçadas para começar. Aliás, ele já começou. Sabe aquela proibição de plantar alimentos nas calçadas? Não existe mais em Los Angeles.